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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

6 crenças sobre psicologia que todo mundo acredita

Psicologia é uma daquelas coisas que todo mundo acha que sabe. Quem nunca “deu um de psicólogo”, e confortou um amigo? Ou pensou que descobriu a raiz do sofrimento de um colega de trabalho? Mas, como qualquer ciência com espaço na cultura pop, um monte de declarações comuns que ouvimos todos os dias são tão erradas que um profissional desmaiaria se as ouvisse. Confira e fique esperto:

1 – “Se você expressar sua raiva, se sentirá melhor”


Você com certeza já ouviu alguém falar que, se você guardar sua raiva, um dia não vai aguentar, vai estourar. E, de fato, nos filmes sempre tem um ponto no qual o personagem “enlouquece”, dispara uma bala pro ar, amassa uma boneca, grita em um travesseiro, dá pancadas na parede, ou estrangula um gatinho. E daí, veja só, se sente muito melhor. Sim, muitas das terapias atuais foram construídas em torno desta ideia, basicamente incentivando as pessoas a controlar sua raiva socando um saco de pancadas para impedi-las de fazer o mesmo com seu chefe. Faz sentido, né?


Por que é mentira: pesquisas dizem que isso não funciona. Expressar a raiva, mesmo contra objetos inanimados, não torna ninguém menos bravo. Na verdade, faz você querer ficar irritado. Os seres humanos têm uma coisa chamada “hábitos”. Quando fazemos algo, e isso nos faz sentir bem, queremos fazer isso de novo e mais frequentemente. É por isso que você não vê um monte de monges budistas jogando tijolos através de vidros em seu caminho para a iluminação. A raiva é “viciante”, e “bater” como um meio para controlá-la é como beber para controlar sua vontade de beber. E isso é má notícia, considerando que há muitas situações onde não há um objeto inanimado para socar.


2 – “Acredite em você mesmo, e você terá sucesso”


Autoestima é martelada em nossos cérebros a vida inteira. Você tem que tê-la, baseado na crença de que os com autoestima elevada se dão melhor na vida, fazem e mantêm mais amigos, e em geral funcionam melhor como um membro da sociedade. Quase todos os filmes de adolescente são defensores dessa teoria. O impopular, cansado de anos de abuso, deprimente, um dia descobre sua própria autoestima em tempo para o grande baile/jogo/viagem. Então, todo os outros alunos da escola percebem essa mudança radical e ele se torna o garoto mais popular. Programas e livros de autoajuda trazem essa ideia também, prometendo que o reforço da autoestima é a chave para superar obstáculos e fracassos. Mesmo escolas de ensino fundamental nos EUA começaram a dar aulas de autoestima para as crianças, porque, como todos sabem, a chave para a felicidade é receber recompensas por pouca ou nenhuma coisa.

Por que é mentira: isso parece ser um uma confusão entre correlação e causalidade. Ao invés de pensar: “Talvez as crianças com alta autoestima se sentem bem consigo mesmas porque tiram boas notas na escola e têm muitos amigos”, eles decidiram que é o contrário, que eles se dão bem porque têm autoestima. Então, tentaram ensinar as pessoas a se sentirem bem consigo mesmas por qualquer razão, como se disso se seguisse algo melhor (o que não ocorre). Isso resulta em algumas crianças com muita autoestima, uma raça que classificamos como “babacas”. Não é brincadeira. Pesquisas mostram que crianças com um senso inflado de autoestima se tornam agressivas quando sua “superioridade” é posta em causa, levando a uma queda mais prejudicial quando ela percebe que é uma fracassada. Nós certamente não somos especialistas, mas talvez seria melhor ensinar coisas que levam ao sucesso (como habilidades sociais e de comunicação, estratégias para lidar com o stress, etc.) e deixar que isso leve naturalmente ao sucesso, ao invés de ir direito para a parte da autoestima.


3 – “Membros de religiões ou seitas são estúpidos e ingênuos”


Há uma ideia de que quem participa de uma seita (ou religião organizada de qualquer tipo) ou é fraco, ou retardado, ou uma combinação dos dois. Nós tendemos a associar cultos com fanatismo, supondo que todos eles são formados por pessoas que usam roupas esquisitas e vivem em locais afastados. Graças a certas seitas apocalípticas e/ou suicidas que já foram manchetes internacionais, não temos mesmo muita razão para pensar o contrário.

Por que é mentira: Estudos mostram que membros de seitas são tão inteligentes, se não mais, do que o público em geral. E cerca de 95% dos membros são perfeitamente saudáveis (quando entram para a religião, pelo menos), sem histórico de problemas psicológicos. Eles não são estúpidos, nem loucos. Claro que isso só serve para tornar os cultos ainda mais assustadores. Como diabos essas seitas conseguem que pessoas – que são tão sãs e inteligentes – juntem-se a eles?

Como animais sociais que somos, nós queremos pertencer a um grupo. É uma necessidade tão básica e real como fome ou sexo. Quando não estamos bem (perdemos o emprego, ou mudamos para uma nova cidade ou terminamos com um namorado), ficamos um pouco loucos. Os cultos são muito bons em encontrar pessoas nesse momento de fraqueza, e dizer exatamente a coisa certa. E uma vez que essas pessoas estão em algum culto, percebem que não, nem todos os membros acabam fazendo parte de uma cerimônia bizarra suicida. A maioria leva uma vida normal e bem sucedida.


4 – “Cuidado! Propagandas têm mensagens subliminares para nos fazer querer algo”


Esse grande mito parece ressurgir toda década de uma forma diferente. Na década de 80 era mensagens supostamente escondidas (e satânicas!) em músicas de rock, só audíveis quando os discos eram tocados ao contrário, mas ainda assim capazes de secretamente influenciar o cérebro adolescente quando tocado normalmente. Mensagens subliminares também são técnicas em que anunciantes poderiam supostamente jogar uma mensagem em uma tela tão rápido que não seria percebida conscientemente, mas ainda capaz de enganar seu subconsciente para fazer ou comprar o que o anunciante quisesse. Hoje existem afirmações semelhantes sobre “programação neurolinguística”, que artistas como o mágico Derren Brown afirmam que lhes permite controlar qualquer pessoa “introduzindo” palavras de comando em uma frase, despercebidamente, é claro. Tudo isso equivale à mesma coisa: formas de comunicação que podem magicamente manipular seu subconsciente até que você não passe de um fantoche.

Por que é mentira: nenhum método de mensagens subliminares funciona. Não, seu cérebro não pode pegar mensagens subliminares nem mesmo quando você intencionalmente reproduz uma faixa ao contrário. Se você ouviu algo, foi produto de sua própria imaginação. O único estudo que disse que rápidas telas publicitárias imperceptíveis durante filmes no cinema (que diziam “Beba Coca-Cola” e “Fome? Coma pipoca”) levam ao aumento massivo nas vendas de ambos os produtos provavelmente foi baseado em dados falsos, se é que realmente aconteceu (além do mais, ninguém bebe Coca ou come pipoca no cinema, né). Quanto à programação neurolinguística, não preciso dizer nada: há uma razão pela qual o sujeito principal conhecido por usá-la é um mágico. Se realmente houvesse um método confiável de distribuir mensagens invisíveis que poderiam transformar as massas em robôs, quem o dominasse dominaria também o mundo. Eles não precisariam de força militar para invadir outro país, apenas ter sua transmissão ouvida pela população de lá. O fato de que todos os governos na história do planeta não foram capazes de inventar esse método nos deixa muito confortáveis em chamá-lo de “mentira”.


5 – “O detector de mentiras pode apontar quem não fala a verdade”


O que suspeitos de assassinato, candidatos a empregos públicos e concorrentes de jogos de televisão têm em comum? Eles podem acabar ligados a um polígrafo para ver se estão dizendo a verdade. Testes de polígrafo (“detector de mentiras”) remontam ao início do século 20. Nos próximos 80 anos as máquinas se tornaram suficientemente avançadas para que a sociedade permitisse sua utilização em jogos de programas de televisão. Que ótimo drama ver um desconhecido ligado a uma máquina tendo seus segredos expostos por dinheiro (o que descreve todos os programas de televisão com jogos).

Por que é mentira: o problema sempre foi o apelido “detector de mentiras”, pois fica implícito que as máquinas de algum modo sabem a verdade, e podem sentir a falsidade no ar. Obviamente isso não é verdade. Elas simplesmente medem o número de respostas físicas que podem significar que alguém está mentindo. Estudos mostram que os testes de polígrafo são ligeiramente bons, mas longes de ser totalmente precisos. Em 2003, um amplo estudo da Academia Nacional de Ciências americana descobriu que polígrafos ajudam a detectar as mentiras a uma taxa um pouco melhor do que decidir na moeda se é verdade ou mentira. Se sua taxa de acerto é apenas um pouco maior que o acaso, o grande número de falsos positivos pode tornar o esforço inútil. Há um grande número de variáveis que podem enganar os resultados, e várias pessoas já descobriram truques para driblar o teste (o espião soviético Aldrich Ames bateu o polígrafo duas vezes). É por isso que ele é, de certa forma, pior do que jogar uma moeda. Com a moeda, você sabe que é aleatório. Com o polígrafo, você tem uma falsa sensação de segurança (afinal, o cara culpado que engana o teste é agora menos suspeito do que se não tivesse sido testado). Fala sério…


6 – “Quem odeia gays é provavelmente secretamente gay”


Se você assistir a qualquer filme ou programa de televisão que enfoca personagens gays, com certeza em algum momento verá o personagem “Odeia Gays Porque É Secretamente Gay” (tome por exemplo o “David Karofsky”, da série popular Glee). É tão arquétipo da cultura pop que, na vida real, quando você vê um cara na academia expressando desagrado com a coisa toda gay, você automaticamente assume que ele tem fotos de caras musculosos debaixo da cama. E realmente, isso também existe na vida real; quem nunca ouviu falar de um político conservador que acabou sendo acusado de enviar e-mails pornográficos a menores do sexo masculino?

Por que é mentira: Dá para admitir que às vezes é verdade. Houve até um estudo feito em 1996 com 64 estudantes universitários, 35 dos quais eram homofóbicos. Os pesquisadores mediram suas ereções (sério) enquanto eles assistiam pornô (sim, isso aconteceu MESMO). Verificou-se que a maioria dos homofóbicos ficou pelo menos semiereto enquanto assistia pornô gay, mas apenas cerca de um quarto dos não homofóbicos tiveram ereção. Porém, isso é um pouco estranho: se quase a metade de todos os participantes do estudo tiveram pelo menos uma semiereção assistindo pornô gay, então metade da população masculina é secretamente gay? Eu chuto que isso é bastante improvável.

Fonte: Hypescience.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Parar de fumar: 8 mitos que todo mundo acredita

Parar de fumar é um dos maiores desafios da humanidade. De acordo com o famoso Dr. Drauzio Varella, de todas as drogas conhecidas, o tabaco é a que provoca a maior dependência química. Sem ela, o usuário entra em um estado de ansiedade crescente que só passa com uma tragada lenta e profunda.

E por mais que todo mundo saiba que existe uma quantidade ridícula de benefícios associados a parar de fumar, a gente também tem plena consciência de que há uma outra tonelada de equívocos quando se trata de realmente largar desse vício. Então, se você ou alguém que você conhece está preso a um desses mitos, leia esse artigo até o final para acabar de uma vez por todas com essas crenças (e, principalmente, com o hábito de fumar).

Mito 1: cigarros eletrônicos ajudam a parar de fumar


Um novo estudo da Universidade da Califórnia, em San Francisco (Estados Unidos), descobriu que os cigarros eletrônicos não são tão eficazes em ajudar na luta para parar de fumar, como muitos de nós acreditam que são. A revisão de 82 estudos analisou o impacto que os cigarros eletrônicos tiveram sobre os usuários e descobriu que as pessoas que fumaram os “e-cigarros” foram, na verdade, menos propensas a parar de fumar do que pessoas que nunca usaram. Louco, né?

Mito 2: parar de fumar não engorda. Aliás, é bem pelo contrário


Se você não quer parar de fumar porque acha que é o cigarro que está mantendo seu peso, pode se desapegar dessa ideia. Um estudo recente provou que, na verdade, fumar faz com que você ganhe peso. Ou seja: está aí mais um motivo para parar de fumar para sempre. O mito que persiste em rondar nossas cabeças só é verdade se você compensar a falta do cigarro com alimentos não saudáveis​​; daí, as calças vão naturalmente ficar mais apertadas mesmo. Mas esse não tem que necessariamente ser o seu caso. Basta seguir uma dieta balanceada e saudável e parar de procurar desculpas para voltar a fumar, que não tem erro.

Mito 3: parar de fumar custa caro


Não caia nessa ladainha. Tudo bem que investir em adesivos caros e medicamentos para ajudar a acabar com a dependência de nicotina pode sair um pouco caro. Mas se você fizer as contas, verá que eles acabarão se pagando com o dinheiro que você deixará de gastar com cigarros. É como substituir um gasto por outro. Com a diferença de que o gasto do tratamento é finito, ao passo que o gasto com cigarros pode ser tão longo quanto sua não vontade de parar permita.

Mito 4: Narguilé é uma alternativa saudável para cigarros


Pffff. Não vai me dizer que você acredita mesmo nisso? Ou, pior: usa de desculpa para fumar alguma coisa?

Se você é só um “fumante social”, que procura fumar quando está fora da cidade, por exemplo, você pode pensar que o narguilé é uma alternativa saudável para sentir efeitos semelhantes ao do cigarro. Mas não é. Um relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos descobriu que fumar narguilé é pelo menos tão tóxico quanto o consumo de cigarros. E, para acabar de uma vez por todas com esse mito, um estudo mais recente da Universidade da Califórnia em San Francisco (EUA), também descobriu que uma noite de narguilé aumenta significativamente a sua exposição a agentes cancerígenos. Caramba. Melhor não, né?

Mito 5: parar de fumar depois de anos não vai melhorar sua saúde


Na verdade, é exatamente o contrário. Nunca é tarde demais para obter os benefícios de não fumar. Depois de apenas um ano sem cigarros, uma pessoa pode reduzir o risco de doenças do coração pela metade. Mas você não precisa esperar todo esse tempo para sentir as melhorias na sua saúde. Aproximadamente 20 minutos após parar de fumar, sua frequência cardíaca e pressão arterial já sofrem uma queda. E apenas 12 horas depois do seu último cigarro, os níveis de monóxido de carbono em seu sangue tendem a se normalizar. Dois a três meses após parar de fumar você também pode aproveitar melhorias em sua função pulmonar e circulação de uma maneira geral.

Mito 6: Você não será capaz de lidar com o estresse sem fumar


Mentira das grandes. Embora muitas pessoas fumem quando estão estressadas​​, estudos mostraram que os não fumantes são menos ansiosos do que os fumantes e fumantes que param são menos ansiosos do que os atuais. Então como esse mito começou? Para Marc L. Steinberg, psiquiatra do vício, quando as pessoas estão acostumadas a lidar com o estresse pelo tabagismo, elas podem se sentir mais ansiosas quando param porque não têm certeza de como lidar com os seus níveis de estresse. Mas veja só: como a nicotina é um estimulante, ela não traz nenhum benefício no sentido de reduzir o estresse. O que pode realmente ser anti-estresse para um fumante durante uma pausa é simplesmente ficar longe de sua mesa ou de uma situação estressante, tendo tempo para limpar sua cabeça.

Mito 7: Você vai perder a criatividade no trabalho


Desde quando o cigarro é sinônimo de criatividade? Bem, não é. Se você fuma para sentir alguma sensação levemente entorpecente antes de começar a trabalhar na parte da manhã, você pode não estar fazendo nenhum favor a si mesmo. Mesmo que você pode sentir (e ter certeza de) que o fumo lhe dá uma vantagem criativa, a verdade é que o tabagismo pode realmente impedir você de trabalhar com o melhor de suas habilidades. De acordo com Steinberg, os fumantes são mais propensos a ficarem doentes com mais frequência, o que reduz a sua produtividade por motivos óbvios. Outra chatice: seu chefe e seus colegas de trabalho podem acabar ficando irritados com a quantidade de pausas que você faz ao longo do dia só para fumar.

Mito 8: Você vai perder seus amigos


Absurdo. Até porque, convenhamos, amigo de verdade é aquele que quer o melhor para você. E todo mundo sabe que o melhor é parar de fumar, seja quais forem as variáveis inclusas. Obviamente você não vai querer ficar a noite inteira de uma saída com seus amigos na área de fumantes, mas, segundo Stenberg, ele nunca teve sequer um paciente que disse ter perdido amigos junto com o hábito de fumar. O que realmente acontece é que tentar parar de fumar quanto você está com amigos que não compartilham da sua vontade é muito mais difícil. Mas, como eu disse, amigo que é amigo sempre dá um jeito de fazer as coisas funcionarem. Tentar evitar situações onde seus amigos vão estar fumando e marcar algum programa que não deixe espaços para cigarros são opções. Não é a tarefa mais fácil do mundo, mas costuma dar certo.