Você Sabia? Pergunte Aqui!: dezembro 2014

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

10 produtos que são fruto do trabalho escravo e você não sabia

Mesmo sem se dar conta, você pode estar comprando inúmeros produtos que são produzidos graças a exploração e abuso de seres humanos. As pessoas são geralmente escravizadas em uma idade jovem e nunca sequer tem a oportunidade de provar ou experimentar os produtos que passam suas vidas todas fazendo para nós.

Segundo o Índice de Escravidão Global de 2013 da Fundação Walk Free, o Brasil está 94º lugar no ranking de países com maior prevalência da escravidão moderna. Os piores países são Mauritânia, Haiti, Índia e Nepal, enquanto na ponta oposta aparecem Islândia, Irlanda e Reino Unido. Esse ranking, no entanto, também leva em conta casamento infantil e tráfico de pessoas, além da escravidão. No que se trata de trabalho forçado, isoladamente, Índia e China são as campeãs.

Por aqui, existem 200 mil pessoas nessa situação inaceitável. O trabalho quase escravo se concentra nas indústrias madeireira, carvoeira, de mineração e de construção civil, e nas lavouras de cana, algodão e soja. Outros graves problemas do nosso país são o turismo sexual no Nordeste e a exploração da mão de obra de imigrantes bolivianos em oficinas de costura.

O Brasil não está de braços cruzados na luta contra esse absurdo, no entanto. Em agosto de 2003, foi criada a Comissão Nacional Para a Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE), órgão vinculado à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, com a função de monitorar a execução do Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. Esse plano contém 76 ações.

10. Chocolate


Existem problemas sérios quando se trata de comprar chocolate (coisa que praticamente todo mundo faz). A maioria das grandes empresas que vendem chocolate obtém cacau das mesmas fontes, na Costa do Marfim. E, apesar de alguns grupos de fiscalização nos últimos anos tentarem melhorar as condições por lá, a vida das pessoas que colhem cacau não é nada menos do que terrível. O trabalho é realizado por escravos, muitas vezes crianças. Várias dessas crianças são retiradas de países pobres como Mali. Algumas são raptadas, e há inúmeras reclamações de crianças desaparecidas. Para piorar a situação, os extremamente pobres às vezes vendem seus próprios filhos para a escravidão por tão pouco quanto US$ 30. Os pequenos precisam transportar sacos tão grandes de cacau que isso pode lhes causar danos físicos graves.

Se você pensa que não passamos por esse problema no Brasil, uma vez temos produção própria de cacau e não compramos chocolate de trabalho escravo africano, saiba que não é bem assim. O Brasil possui o terceiro maior mercado para chocolate do mundo. Para dar conta de tanta demanda, recorremos cada vez mais aos chocolates importados, principalmente porque a produção nacional vem caindo ano após ano.

9. Eletrônicos


Você pode já ter ouvido falar de uma fábrica de produtos eletrônicos na China chamada Foxconn. Apesar de ser conhecida por inúmeras violações trabalhistas e abusos, incluindo quantidades absurdas de horas extras e não pagar às pessoas o que lhes é devido, muitas empresas de eletrônicos lucram com o trabalho escravo do povo “empregado” nessa instalação. A mais famosa dessas empresas é a Apple, mas a Foxconn também produz muitos outros produtos eletrônicos para muitas outras empresas, incluindo consoles de jogos para todas as grandes companhias do ramo.

A Apple foi pressionada para melhorar as condições da Foxconn, mas inspeções nas instalações após isso descobriram que o local ainda não está sequer perto do que precisa ser. As condições são tão ruins que muitos trabalhadores cometem suicídio. A fim de evitar isso, a Foxconn instalou redes nos exteriores dos prédios para detê-los (imagem acima). Eles também fizeram alguns trabalhadores assinarem notas afirmando que suas famílias não poderiam processar se eles se matassem devido às condições ruins.

As horas extra, que chegam a cerca de 100 por semana no auge da produção, não são pagas. Se um funcionário se comporta mal, têm que escrever uma nota de confissão. Estas notas são veiculadas publicamente para humilhá-los. A Foxconn nem sequer dava bancos para seus funcionários sentarem até pouco tempo atrás. E o absurdo de tudo isso? Nós compramos como loucos produtos feitos com a ajuda desse pesadelo humano.

8. Maconha


Muitas pessoas pensam que fumar maconha é um crime sem vítimas. Quando alguém acende um baseado, a única coisa que está prejudicando são seus próprios pulmões. Infelizmente, se você mora no Reino Unido, você pode estar apoiando a escravização de incontáveis crianças vietnamitas. Um especial chamado “Children of the Cannabis Trade” destacou este problema crescente na região.

Muitos traficantes começam por manipular pessoas pobres no Vietnã, pedindo que eles deixem seus filhos serem levados para o Reino Unido para “uma vida melhor”. A ideia é que a pessoa terá que pagar uma quantia específica de dinheiro para isso, mas eles podem trabalhar para quitar tudo (o que nunca ocorre).

O escravo não pode reclamar com as autoridades de seu novo país, uma vez que provavelmente será deportado – na melhor das hipóteses. Para piorar a situação, a indústria de cannabis ilegal no Reino Unido está crescendo e é gerenciada principalmente por traficantes vietnamitas. Quando a polícia invade suas operações, as crianças são tratadas como criminosas, e a maioria desaparece ou volta para as mãos de outros traficantes, por medo do que vai ser feito a suas famílias que ficaram no seu país natal.

Aqui no Brasil não dá para dizer que as coisas são muito diferentes. Nossos filmes sobre tráfico de drogas e favelas são famosos por todo o globo e dizem tudo: há muitas crianças nesse ambiente hostil, sustentado por cada indivíduo bem remunerado fumando seu baseado sentado no seu sofá confortável.

7. Roupas


Se você já comprou um artigo barato de roupas no Walmart ou muitos outros (MUITOS MESMO) varejistas, há uma boa chance de que a peça tenha sido criada em uma fábrica exploradora. Uma roupa tão barata que não pode ser verdade… Não pode ser verdade, não?

Ou, pior, é verdade: é feita com trabalho escravo, principalmente da Ásia. Há muitas dessas fábricas em Bangladesh. Embora seja ilegal empregar crianças, muitas investigações secretas têm mostrado que o trabalho infantil é assustadoramente comum na indústria do vestuário, especialmente nesse país.
Para contornar o problema, algumas das fábricas da região que produzem roupas para o mundo ocidental afirmam ter melhores condições, e usam esses “melhores fábricas” como fachada, secretamente pagando locais escravistas para fazer as partes mais intensivas do trabalho.

Muitos dos proprietários dessas fábricas pensam em seus trabalhadores como pouco mais que propriedade. Em 2014, houve um incêndio em uma fábrica de Bangladesh. Os proprietários disseram aos funcionários que era apenas um ensaio (para o eventual caso de incêndio). Eles trancaram as portas do lado de fora e mais de 100 pessoas morreram. Parece que todas essas pessoas correndo para fora do prédio os preocupava mais do que a segurança dessas mesmas pessoas.

No ano anterior, houve um colapso em outro edifício que matou mais de 1.000 pessoas. Muitos ficaram indignados com a maneira insensível com que os donos das fábricas trataram as vidas humanas, e o incidente fez com que a Disney pulasse fora do país – a companhia não compra mais produtos de lá. No entanto, como não quer perder uma pechincha (custe o que realmente custar), o Walmart ainda compra roupa de fábricas localizados em Bangladesh.

6. Borracha


Na Libéria, a borracha é de longe o bem mais importante. Este líquido é colhido e transformado em todos os tipos de material que usamos todos os dias, como os pneus dos nossos carros. O processo em si é ambientalmente sustentável se bem feito, e pode ser bastante lucrativo. Infelizmente, muitas das pessoas nessa indústria veem os seres humanos da mesma forma que veem a borracha: como nada mais do que um recurso.

Em 2006, houve um grande problema quando duas grandes plantações de borracha ficaram nas mãos de ex-combatentes da guerra civil destrutiva da Libéria. De acordo com as investigações, essas plantações estavam tratando seus trabalhadores como escravos. O fabricante de pneus Firestone foi acusado de comprar dessas plantações contra os desejos do governo liberiano. Enquanto Firestone negou a acusação, um funcionário da empresa também admitiu que não podia ter certeza de que lugar específico as borrachas foram compradas. A indústria do material na Libéria é mal regulada e a mercadoria não é bem-acompanhada. Firestone pode não ter realmente sabido de quem estava comprando, o que só piora a situação.

5. Óleo de palma


O óleo de palma é cada vez mais utilizado em países asiáticos como óleo de cozinha barato, mas também tem aplicações desde produtos cosméticos a combustível. Infelizmente, além de não ser muito bom para o meio ambiente, a indústria desse óleo é em grande parte construída sobre trabalho escravo e exploração maciça. Ela vale mais de US$ 40 bilhões (R$ 107 trilhões, no câmbio atual) por ano, e uma grande quantidade da produção que a impulsiona ocorre em duas ilhas na Indonésia: Bornéu e Sumatra. O trabalho escravo surge devido a grandes empresas, como a Kuala Lumpur Kepong (KLK) da Malásia, operarem na Indonésia, com mais de 70 plantações nas ilhas.

Quando se trata de encontrar trabalho para cultivar as plantas necessárias para fazer o óleo, há muito pouca contratação direta. Em vez disso, a contratação é terceirizada. Infelizmente, isso deixa muito pouca supervisão, e as empresas contratantes têm sido acusadas de práticas terríveis por escravos fugidos das fazendas. Os empreiteiros tendem a levar as pessoas longe de suas casas prometendo empregos com salário mínimo, mas os homens são obrigados a assinar contratos que lhes acorrentam a anos de serviço escravo, são emprestados dinheiro em vez de serem pagos e têm que comprar tudo de uma loja da empresa.

A KLK faz uma espécie de negação plausível, alegando que não podem controlar o que seus contratantes fazem. Eles4. Bolsas falsificadas apenas param de fazer negócios com eles quando ficam sabendo de abusos trabalhistas.

4. Bolsas falsificadas


A indústria que produz bolsas falsificadas e outros itens semelhantes de imitação é uma empresa global multibilionária, de acordo com Dana Thomas, autora de “Deluxe: How Luxury Lost Its Luster”. De acordo com suas investigações, a indústria leva à perda de bem mais de 500.000 postos de trabalho só nos EUA. Este comércio é conhecido por utilizar trabalho escravo em sua maioria, muitas vezes crianças. Ela já acompanhou a polícia durante operações contra os locais de fabricação, e viu dezenas de criancinhas tratadas horrivelmente.

Em um caso, na Tailândia, em uma fábrica que fazia bolsas de grife falsificadas para consumidores ocidentais, os donos tinham quebrado as pernas das crianças para que nunca mais se curassem corretamente. Isso porque tinham se cansado das queixas dos pequenos que queriam brincar lá fora.

3. Diamantes


Zimbábue tem sido notícia por causa do regime ditatorial de Robert Mugabe. Em uma eleição bastante disputada, Morgan Tsvangirai acabou como primeiro-ministro, mas Mugabe ainda se manteve presidente. As duas partes entraram em um acordo de partilha de poder. Mas parece que Mugabe não curtiu muito o arranjo. Antes que as coisas pudessem realmente ter uma chance de dar certo, seu partido, Zanu-PF, criou uma enorme operação de mineração de diamantes usando trabalho escravo que foi imposta pelos militares. De acordo com a Human Rights Watch, a operação foi posta em prática para que Mugabe pudesse ganhar dinheiro que não passasse diretamente por meio do governo agora compartilhado, bem como para poder pagar os soldados a fim de permanecer verdadeiramente no controle.

Ou seja, o governo do país não só não está nem aí para regular a indústria de diamantes e para proteger seus trabalhadores, como é o próprio estimulador da escravidão. Pelo visto, mais filmes como Diamante de Sangue vem por aí.

2. Pornografia


Quando a maioria das pessoas pensa em tráfico sexual de seres humanos, costuma pensar em pessoas sendo forçadas a realizar atos sexuais em bordéis. Raramente lembramos que muitos filmes pornográficos podem envolver mulheres que foram vendidas em escravidão anos atrás. Nas últimas décadas, houve várias “ondas” de tráfico sexual. A primeira foi de mulheres tailandesas e filipinas, seguida de colombianas e dominicanas, depois nigerianas, e agora os investigadores dizem que a maioria das mulheres que estão sendo exploradas para escravidão sexual são tomadas da região da ex-União Soviética. As mulheres eslavas estão em alta demanda no mundo ocidental e são usadas não apenas para a prostituição, mas também para a pornografia.

Uma vez que esse comércio é ilegal, é difícil chegar a números reais, mas as estimativas costumam colocar o número de pessoas vendidas anualmente na casa dos milhões, com cerca de 80% delas sendo usadas para fins sexuais. Com o tráfico de escravos é presente em todos os países do mundo, é complicado estimar quantos filmes pornográficos apresentam escravos sexuais. Infelizmente, o número pode ser muito alto.

1. Carvão


No começo desse ano, dezenas de trabalhadores foram encontrados em condições análogas à de escravos em carvoarias no interior de São Paulo. Sete crianças e adolescentes também foram flagrados trabalhando. As informações vieram de uma megaoperação conjunta para combater o crime realizada em Pedra Bela, Joanópolis e Piracaia. Ao todo, dez estabelecimentos foram alvo da blitz, e seis acabaram interditados.

Os produtos desses locais abasteciam grandes supermercados da capital. A operação ia informar aos compradores de onde eles estavam conseguindo seu carvão.

Em uma das unidades, os abusados não tinham carteira assinada nem exame médico realizado. Apesar das irregularidades, como falta de equipamentos de proteção, máquinas inadequadas, fiação elétrica exposta, fossa sanitária a céu aberto, falta de armários e janelas sem a devida vedação, não foi configurado trabalho escravo. A carvoaria, no entanto, teve a produção e os alojamentos interditados e terá de se adequar para voltar a funcionar.

Já outra unidade, considerada escravista, não tinha instalações sanitárias adequadas e a ausência de equipamentos de proteção era total. Os funcionários não contavam com água potável e alimentação não era fornecida. Uma criança de 11 anos e um adolescente de 16 estavam entre os trabalhadores.

Fonte: Hypescience

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Desmatamento é a principal causa das atuais secas no Brasil

São Paulo vem sofrendo a sua pior seca em oito décadas, com chuvas atingindo apenas um terço do nível normal. Sem quedas fortes e prolongadas, a megalópole de 23 milhões de habitantes poderá em breve ficar sem água, alertam os especialistas.

Um crescente número de cientistas acredita que a resposta para o que está acontecendo com os moradores que já sentem a crise nas torneiras de casa não está no céu acima de suas cabeças, mas em décadas de desmatamento da Floresta Amazônica, a centenas de quilômetros de distância.




O corte de árvores, dizem os cientistas, está dificultando a imensa capacidade da selva de absorver carbono do ar e puxar água suficiente por meio das raízes das árvores para abastecer os gigantescos “rios voadores” que movem mais umidade do que o próprio rio Amazonas. Conhecidos também como “rios atmosféricos”, “são imensas massas de vapor d’água que, levadas por correntes de ar, viajam pelo céu e respondem por grande parte da chuva em várias partes do mundo”, explica o engenheiro agrônomo Enéas Salati, da Universidade de São Paulo (USP).

Estudos estimam que mais de dois terços da chuva no Sudeste do Brasil, lar de 40% de nossa população, vem desses rios. Quando secam, começa a estiagem. Segundo um estudo recente realizado por Antonio Nobre, cientista do clima do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST), não é só no Brasil que eles desempenham um papel fundamental na meteorologia, mas na América do Sul como um todo.

A pesquisa reúne dados de vários pesquisadores para mostrar que a Amazônia pode estar mais perto de um ponto de inflexão que o governo tem reconhecido, e que essas mudanças poderiam ser uma ameaça para climas em todo o mundo.

A destruição da Amazônia seguiu sem muito controle até 2008, quando o governo reforçou suas leis ambientais e enviou agentes armados para a selva para diminuir o ritmo do desmatamento por pecuaristas, produtores de soja e especuladores de madeira. O impacto foi rápido: a destruição em 2012 foi de um sexto do que foi registrado oito anos antes, embora tenha aumentado nos últimos dois anos.

Mas Nobre e outros cientistas advertem que não é suficiente apenas diminuir o ritmo de destruição – ela deve ser interrompida. “Com cada árvore que cai você perde um pouco mais da água que estaria sendo transportada para São Paulo e o resto do Brasil”, opina Philip Fearnside, professor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, que não fez parte do estudo de Nobre. “Se você simplesmente deixar que isso continue, vai haver um grande impacto sobre os grandes centros populacionais no Brasil, que estão sentindo o aperto agora”.

No início deste ano, pesquisadores da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, destacaram em um artigo publicado no “Journal of Climate” as duas secas que aconteceram em 2005 e 2010 na região, chamadas por eles de eventos “que acontecem uma vez a cada século”. Eles usaram simulações climáticas para descobrir que o desmatamento tem potencial de aumentar o impacto das secas na bacia amazônica.

A seca e a bacia amazônica


A pesquisa mostra que a umidade uniforme da floresta reduz consistentemente a pressão atmosférica na bacia amazônica, permitindo que ela puxe correntes de ar úmido do Oceano Atlântico muito mais para o interior do continente do que nas áreas que não têm florestas. 

Essas correntes viajam em direção ao oeste até que atingem a cordilheira dos Andes, onde se articulam e carregam chuvas para Buenos Aires ao sul, e São Paulo ao leste.

Os rios atmosféricos são gerados pela floresta, que age como uma enorme bomba d’água. As árvores bombeiam cerca de 20 bilhões de toneladas de água para a atmosfera todos os dias – 3 bilhões a mais do que o que o rio Amazonas, o maior do mundo, descarrega no oceano.

Pesquisas recentes indicam que a precipitação diminuiu rapidamente em áreas desmatadas. Quanto menos árvores, menos umidade existe na bacia do Amazonas, enfraquecendo seu “efeito bombeador”.

O relatório de Nobre alerta para a necessidade crucial de replantar um quinto das áreas de floresta que foram destruídas. Além disso, 310 milhões de hectares, uma área duas vezes o tamanho da França, foram degradados e precisam ser restaurados. “Somos como o Titanic se movendo em linha reta na direção do iceberg”, afirma Nobre.

Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o governo está preparando um estudo para medir o impacto que o desmatamento teve nas últimas décadas.

A questão é complexa e está ligada a problemas locais e ao próprio desejo do governo de desenvolver a região amazônica, lar de cerca de 25 milhões de pessoas. Teixeira disse que o truque é encontrar o equilíbrio, para ser capaz de usar a floresta para beneficiar a população sem destruí-la no processo.

No entanto, o relatório do Nobre incita o governo a tomar medidas mais urgentes, direcionadas ao desmatamento zero. Além disso, convida os brasileiros a se informarem sobre a abordagem do governo com relação a Amazônia. “O choque das torneiras secas aqui, das cidades alagadas de lá e outros desastres naturais certamente devem provocar uma reação”, acredita o pesquisador.

Racionamento


Na cidade de Itu, que fica a aproximadamente 400 quilômetros de São Paulo, os moradores estão sentindo a seca mais do que em qualquer outro lugar. A água é tão escassa que caminhões de abastecimento foram sequestrados sob a mira de armas. “Estamos com muito medo”, conta Ruth Arruda, uma professora da educação básica que parou de lavar louça e agora usa apenas pratos e copos descartáveis. “A água simplesmente não tem de onde vir. Ninguém está nos ajudando a poupar e as barragens não estão armazenando direito”.

Recentemente, Ruth e sua filha foram a um quiosque local para encher garrafas de refrigerante vazias com água de uma torneira. Até chegar lá, ela passou por diversas casas com placas que retratam o desespero da comunidade: “Socorro, Itu precisa de água”. Na década de 1980, ela diz, a cidade derrubou dezenas de árvores para limpar terrenos nos quais seriam construídas grandes casas para empresários que queriam viver em uma comunidade tranquila, longe de São Paulo. “Temos de olhar para dentro e prestar atenção ao que fizemos de errado para o nosso meio ambiente”, disse a moradora.

Depois de dez meses de racionamento, no último dia 5 o abastecimento de água foi restabelecido na cidade – ainda assim, a orientação é que seja evitado o desperdício. O período de falta de água foi marcado por protestos da população. A decisão foi tomada pela concessionária que administra o sistema da região, a Águas de Itu, que garante que atualmente as represas estão operando com 70% da capacidade.

Passada a crise, a cidade realizou uma assembleia para discutir medidas para poupar água. Além disso, muitos moradores garantem ter aprendido uma lição com as dificuldades enfrentadas neste ano e vão continuar com os bons hábitos de economia. “O tempo de lavar calçada com esguicho já acabou”, disse a aposentada Maria Aparecida Lima em entrevista ao portal G1. “Eu sempre falo para os meus netos: eu não estou sentindo falta de água, mas vocês, se não economizarem agora, vão sentir falta de água mais tarde”. 

Fonte: Hypescience

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

10 fenômenos elétricos estranhos encontrados na natureza

A eletricidade só recentemente começou a ser usufruída pela humanidade. No entanto, ela ocorre no mundo natural desde sempre, em muitas formas surpreendentes.

Ao longo do tempo, descobrimos que muitos mitos e superstições tiveram suas raízes nesses fenômenos elétricos bizarros. Confira dez:

10. Coro do amanhecer


A natureza produz sons como silvos e assobios, conhecidos como “coro do amanhecer” porque assemelham-se ao canto dos pássaros de manhã. Eles são formados na atmosfera superior durante descargas de raios. Esses sons podem ser apanhados e gravados com equipamentos simples por entusiastas de rádio. Esses radioamadores costumam viajar longas distâncias para áreas não poluídas por linhas de energia e outras interferências eletromagnéticas a fim de fazer as melhores gravações. Bandas como Pink Floyd já usaram os sons etéreos como partes de suas canções. “Cluster One”, uma faixa instrumental no álbum da banda “The Division Bell”, faz grande uso do fenômeno para criar uma paisagem sonora difícil de alcançar com instrumentos convencionais.

9. Relâmpago de Catatumbo


Relâmpago de Catatumbo, também conhecido como “A Tempestade Eterna”, é a tempestade mais persistente da Terra. Encontrada na foz do rio Catatumbo, na Venezuela, o show de relâmpago incessante gerou muitas lendas e mitos entre a população nativa. 

O metano inflamável do pântano em torno da região, combinado com os ventos ondulantes dos Andes, criam um ambiente volátil, fazendo com que haja relâmpagos e trovões insistentes. Eles começam logo após o anoitecer e duram cerca de 10 horas. Raios caem até 20.000 vezes por noite. 

Essa tempestade é tão intensa que foi identificada como o reforçador mais ativo do ozônio em nossa atmosfera e foi designada Patrimônio Mundial da UNESCO. O relâmpago possui uma cor vermelho-alaranjado e pode ser visto em noites claras por todo o Caribe, mas raramente o trovão é ouvido a essa distância. 

Estranhamente, a tempestade cessou por dois meses em 2010. A última vez que isso aconteceu foi em 1906 e durou um par de semanas. A população nativa deu um suspiro de alívio, mas logo o Catatumbo retornou.

8. Tempestade suja


Contestada entre os cientistas, uma tempestade suja é uma tempestade elétrica maciça produzida na pluma de uma erupção vulcânica. Sem saber o que gera exatamente essas cargas elétricas, os cientistas assumem que partículas de gelo, poeira e detritos se esfregam e produzem eletricidade estática suficiente para causar esses deslumbrantes e estranhamente coloridos relâmpagos. 

As nuvens de cinzas apoiam esta teoria, mas não explicam os raios que emanam da boca do vulcão. Durante o ano de 2011, houve muitas tempestades sujas no Chile. Várias pessoas arriscaram suas vidas para capturar os eventos magníficos em câmera. Já os cientistas continuam perplexos, sem ter como explicar o fenômeno.

7. Fenômeno dos raios cósmicos visuais


Os raios cósmicos são originários do espaço profundo, viajam milhões de anos e, eventualmente, chegam ao nosso planeta. Estes raios são absorvidos pela nossa atmosfera e estão, por conseguinte, são invisíveis para pessoas terrestres. Mas o que acontece com os astronautas que viajam no espaço desprotegido? Eles veem luzes, mesmo com os olhos fechados.

Esta luz age de forma diferente do que a que estamos acostumados aqui no chão. A missão Apollo 11 descreveu-a como “manchas”, “raias” e “nuvens”, com visões a cada três minutos mais ou menos. Embora esse fenômeno visual não seja totalmente compreendido pelos cientistas, eles sabem que os raios cósmicos viajam em altas velocidades e atravessam as naves espaciais, as retinas dos astronautas, e voltam para o espaço novamente. 

Os raios não são considerados prejudiciais, mas os efeitos dessa enxurrada de partículas ainda estão sob investigação.

6. Triboluminescência


Triboluminescência descreve o fenômeno da luz emitida a partir de uma substância cristalina quando essa substância é friccionada, separada, rasgada, riscada ou esmagada. Embora esta seja mais uma de tantas curiosidades mal compreendidas, cientistas pensam que uma corrente eléctrica percorre o material e faz com que as moléculas de gás presas dentro dele brilhem.


5. Sonoluminescência


Descoberta na década de 1930, a sonoluminescência é a produção de luz por ondas sonoras. Os cientistas primeiro se depararam com as luzes enigmáticas enquanto investigavam sonares navais. Conforme as ondas sonoras viajavam através da água, um brilho azul estranho e flashes de luz surpreendiam os cientistas. Pequenas bolhas na água se expandiam e contraíam rapidamente, causando uma enorme acumulação de energia. Cada vez que uma bolha colapsava, alta pressão e temperatura eram produzidas e um flash de luz era emitido.

Os pesquisadores não entendem direito como isso ocorre. No entanto, existem exemplos de criaturas que são capazes de produzir esses flashes de luz na natureza, como o camarão pistola. O animal usa a sua garra para produzir ruído e chocar sua presa. O barulho não é a única parte do ataque que atordoa a presa: o camarão também utiliza sonoluminescência para produzir bolhas azuis de alta pressão que atingem 5.000 graus Celsius.

4. Sprites


Os sprites são a classe mais conhecida de Eventos Luminosos Transientes. Eles são enormes, geralmente de cor vermelha viva, e se manifestam na alta atmosfera. Podem medir até 50 quilômetros de diâmetro, e normalmente são formados a uma altitude de até 80 km, acima de trovoadas.

A teoria de que sprites são um tipo de relâmpago foi provada errada, dado que eles são na verdade um tipo de plasma. Eles têm mais em comum com uma lâmpada fluorescente do que um raio, e se assemelham a uma grande água-viva vermelha com longos tentáculos azuis. 

Apenas os sprites mais brilhantes são visíveis a olho nu. Embora raramente sejam fotografados a partir do nível do solo, há muitas imagens de sprites tiradas de aviões. Eles não são perigosos, mas já houve casos de danos a equipamentos científicos que só podem ser explicados por sprites. O exemplo mais notável foi o de um balão estratosférico da NASA que inadvertidamente perdeu sua carga útil após um desses flashes brilhantes de luz.

3. Raio globular


Até os anos 60, apesar de relatos serem registrados durante séculos, os cientistas não pensavam que o relâmpago ou raio globular realmente existia. Estas bolas estranhas variam em tamanho, como o de uma ervilha até o de um pequeno ônibus. 

Seu barulho, cor e a forma como pairam a poucos metros de seu entorno durante tempestades são estranhos. Em alguns casos, esses raios podem espontaneamente explodir violentamente. Um dos mistérios mais estranhos sobre sua natureza, no entanto, é seu comportamento aparentemente inteligente. 

Os globulares frequentemente entram em edifícios através de portas ou janelas, percorrem os corredores e navegam seus arredores evitando mesas, cadeiras e todos os seres humanos que encontram. Esta estranha consciência inevitavelmente levou muitas pessoas a acreditar que esses raios são paranormais ou talvez UFOs.

Em dezembro de 2012, cientistas da Austrália afirmaram ter estudado e resolvido o mistério. Eles voltaram sua atenção para os muitos relatos de raios globulares se formando perto de janelas e afirmaram que partículas carregadas se acumulam na parte externa de superfícies não condutoras depois da queda de raios. 

O campo elétrico gerado posteriormente faz com que os elétrons sejam puxados a partir dos gases do entorno, liberando fótons e criando uma bola brilhante. Outro estudo com base na China mostrou evidências de que as bolas são formadas a partir de sujeira vaporizada. 

Puramente por acaso, membros de uma universidade em Lanzhou gravaram um relâmpago globular sendo formado em câmeras e espectrógrafos. O espectrógrafo mostrou que o raio em bola era feito de silício, ferro, cálcio e outros constituintes do solo. A teoria é que o óxido de silício no solo é vaporizado pelo calor intenso e, em seguida, reage com o carbono a partir de matéria orgânica, deixando vapor de silício puro. Este, por sua vez, reage com o oxigênio do ar para formar uma esfera brilhante.

2. Fogo de Santelmo


Registrado desde o tempo de Colombo, o fogo de Santelmo foi por muito tempo considerado sobrenatural. Marinheiros ao longo da história espalharam contos de um brilho azul ou violeta brilhante próximo a seus navios. O brilho era mais intenso no alto de mastros e muitas vezes se assemelhava a chamas azuis piscando no vento. 

O aparecimento súbito do Fogo de Santelmo – nomeado em homenagem a um santo italiano – era pensado como um bom presságio e uma resposta às preces dos marinheiros. A estranha luz aparecia no final de tempestades excepcionalmente ruins. Logo depois do brilho, os mares violentos se acalmavam.

A ciência já explicou a causa dessa luz “sobrenatural”. O fogo de Santelmo é na verdade uma forma de plasma, semelhante a lâmpadas de néon. A diferença de tensão entre a atmosfera e o mar provoca a ionização dos gases próximos a mastros, que brilham em seguida. Fogo de Santelmo também tem sido visto em torres das igrejas, pontas das asas do avião e até mesmo chifres de gado.

1. Auroras


Auroras são magníficas exibições de luz que ocorrem no céu à noite. A Aurora Boreal no hemisfério norte e a Austral no hemisfério sul derivam seus nomes da deusa romana do amanhecer, Aurora. 

A cor mais comum testemunhada desse fenômeno é um verde brilhante, mas auroras vermelhas, rosas, amarelas e azuis (a mais rara) também já foram observadas. Partículas carregadas liberadas a partir da atmosfera do sol colidem com partículas de gás na atmosfera da Terra. 

A cor da aurora depende de qual gás é bombardeado. Estas partículas são geralmente desviadas pelo campo magnético da Terra, mas o campo é mais fraco nas regiões polares. Algumas partículas conseguem passar, o que cria o show espetacular.

Sem surpresa, muitos mitos e lendas cercam auroras; uma crença predominante é que elas são os espíritos dos mortos, e devem ser respeitadas. Auroras vermelhas também já foram consideradas presságios de guerra. Uma foi avistada pouco antes da eclosão da Revolução Francesa.

Fonte: Hypescience.