Você Sabia? Pergunte Aqui!: Por que vale a pena ser um pouco psicopata

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Por que vale a pena ser um pouco psicopata


A psicopatia é um transtorno de personalidade complicado e muito mal
compreendido. Marcado por traços como ousadia, coragem, crueldade,
agressividade e impulsividade, muitas pessoas costumam confundir psicopatas com seriais killers
.


No entanto, não é bem assim. De fato, cerca de 1% a 3% da população geral pode ser considerada psicopata, o que significa uma em cada trinta pessoas, sendo que cinco milhões delas podem existir só no Brasil. Mas, muitos deles passam despercebidos por não apresentarem comportamento violento, nem sequer ficha criminal.



Mas isso não significa que são pessoas amáveis. Uma pequena fração das pessoas possuem “indesejadas” características
psicopatas, como a falta de empatia e remorso e manipulação. Mesmo com todo 
o estigma social que eles é um mistério ainda o porquê de tais características persistirem na sociedade.


Por isso, um novo estudo publicado no periódico Proceedings of the Royal
Society B sugere que traços psicopáticos afinal podem ser vantajosos. 
Evidências apontam que a psicopatia é um distúrbio de níveis
diferentes, ao invés de ser um transtorno extremo, caracterizado por
características fixas.



A nova pesquisa sugere que, enquanto os psicopatas “extremos” quebram
as normas sociais incondicionalmente, as pessoas com leves tendências
psicopatas parecem “apenas” enganar as pessoas estrategicamente.


O estudo

O estudo envolveu estudantes de graduação com idade em torno de 19
anos. Os alunos foram divididos em pequenos grupos e orientados a
conversar sobre um tema de sua escolha por 10 minutos.



Em seguida, eles foram separados e receberam um questionário para
medir as suas tendências psicopatas. O questionário pedia-lhes para
classificar sua concordância com algumas afirmações, tais como “fico
frequentemente irritado em situações sociais”. Existem dois tipos de
psicopatia, mas este estudo estava atrás de clássicos psicopatas
“frios”.



Em seguida, os estudantes participaram de um jogo em que cada pessoa
recebia uma soma de dinheiro que podia manter para si ou transferir para
um parceiro (neste caso, seria duplicada). Por exemplo, as duas pessoas
começavam com US$ 3; eles poderiam manter os US$ 3 ou dar US$ 6 para
seu parceiro.



Se o jogo tem várias interações, é do interesse de ambas as pessoas
colaborar e dar o dinheiro uma para outra, porque ambos vão receber US$ 6
em vez de US$ 3. Mas se é apenas um jogo individual, é do interesse de
uma pessoa manter os US$ 3, já que pode não haver nenhuma consequência
em não cooperar. A experiência envolveu um jogo individual, embora os
participantes não tenham sido informados desse fato.



Os estudantes que pontuaram mais no questionário (o que significa que
eram mais psicopatas) eram mais propensos a “trair” ou “enganar” seu
parceiro e ficar com o dinheiro para si, se esse parceiro o
interrompesse com mais frequência (um sinal de desrespeito).



Os alunos mais psicopatas também eram mais propensos a trair um
parceiro com quem pareciam ter menos em comum, e, portanto, menos
probabilidade de ver de novo.



Em outras palavras, aqueles com mais tendências psicopatas só cooperaram se havia alguma vantagem óbvia para eles.

Exploração = vantagem

“Este estudo acrescenta a outras pesquisas que mostram que certos
traços de personalidade podem predizer a tendência para explorar outras
pessoas”, disse Michael Ashton, da Universidade Brock, e Lee Kibeom, da
Universidade de Calgary, ambas no Canadá.



“Características como sedução e convencimento – ao contrário de
honestidade e humildade – envolvem uma disposição para tirar vantagem
dos outros quando surge a oportunidade”, explicam.



Os resultados mostram que as pessoas que têm traços psicopáticos são
flexíveis em sua capacidade de cooperar com os outros – e essa
flexibilidade geralmente depende de um ganho próprio.



“Não explica a psicopatia de uma forma definitiva, mas poderia ser uma explicação para a persistência de traços psicopáticos”, disse o antropólogo Matthew Gervais, da Universidade da Califórnia de Los Angeles (EUA), um dos coautores do estudo.


Além da habilidade para manipular as pessoas à sua volta, outros
estudos também já apontaram que características psicopáticas podem não
ser tão indesejáveis assim.



Por exemplo, uma pesquisa da Universidade Emory (EUA)
mostrou que presidentes com altos níveis de certos traços psicopáticos
podem se sair melhor no seu trabalho. Isso porque, enquanto
características da psicopatia podem ser ruins para a maioria, em certas
situações, como para o comandante de um país em um momento de crise,
podem ser úteis.


Por fim, especialistas também dizem que os psicopatas geralmente exibirem inteligência acima da média.

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