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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

20 maiores astrônomos da história que você deveria conhecer

Pense nisso: se não fossem por grandes cientistas, astrônomos que muitas vezes dominam vários campos da ciência, nós acreditaríamos em muito mais coisas sobrenaturais do que hoje. Alienígenas seriam uma explicação ainda mais comum para qualquer fenômeno que agora já entendemos bem. Por terem iluminado nosso conhecimento e nos mostrado o mundo como ele realmente é, aqui fica nossa homenagem a grandes mentes que passaram pela Terra:

1 – ERATÓSTENES

Numa época em que a maioria das pessoas pensava que o mundo era plano, o matemático, astrônomo e geógrafo grego Eratóstenes (276 aC -195 aC) usou o sol (na verdade, as sombras que ele causa) para medir o tamanho da Terra e concluir que ela era redonda. Sua medida (39.690 km) estava apenas 340 km errada em relação à verdadeira medição.

2 – PTOLOMEU

O antigo astrônomo e matemático grego Cláudio Ptolomeu (90 dC – 168 dc) criou um modelo do sistema solar em que o sol, as estrelas e outros planetas giravam em torno da Terra. Conhecido como o sistema de Ptolomeu, foi reconhecido como o correto por centenas de anos, embora estivesse errado. Ainda assim, esse grande cientista foi considerado o primeiro “cientista celeste” e tem colaborações em matemática, astrologia, astronomia, geografia, cartografia, óptica e teoria musical. Sua obra mais conhecida é o Almagesto (que significa “O grande tratado”), um tratado de astronomia que reúne os trabalhos e observações de Aristóteles, Hiparco, Posidônio e outros, com tabelas de observações de estrelas e planetas e com um grande modelo geométrico do sistema solar, baseado na cosmologia aristotélica.

3 – ABD AL-RAHMAN AL-SUFI

O astrônomo persa Abd al-Rahman al-Sufi (903 dc – 986 dc), ou Azophi para os ocidentais, fez a primeira observação conhecida de um grupo de estrelas fora da Via Láctea, a galáxia de Andrômeda. Sua obra o “Livro das Estrelas Fixas” permitiu à astronomia moderna fazer comparações úteis na pesquisa das variações do brilho das estrelas.

4 – COPÉRNICO

No século 16, na Polônia, o astrônomo Nicolau Copérnico (1473 – 1543) propôs um modelo do sistema solar em que a Terra girava ao redor do sol. O modelo não era totalmente correto, já que os astrônomos da época ainda tinham dificuldade em determinar a órbita de Marte, mas acabou mudando completamente a nossa visão do sistema solar. O pai da astronomia moderna revolucionou o pensamento ocidental ao tirar o homem do centro do universo (antropocentrismo), e por isso foi considerado um herege pela Igreja.

5 – KEPLER

Usando medições detalhadas do caminho dos planetas feitas pelo astrônomo dinamarquês Tycho Brahe, Johannes Kepler (1571 – 1630) determinou que os planetas viajavam ao redor do sol em elipses, não círculos. Para chegar a essa descoberta, ele calculou três leis que envolvem os movimentos dos planetas, que os astrônomos usam em seus próprios cálculos até hoje. Kepler agora é o nome de uma sonda, um observatório espacial projetado pela NASA que procura planetas extrassolares.

6 – GALILEU

Nascido na Itália, Galileu Galilei (1564 – 1642) é muitas vezes creditado com a criação do telescópio óptico, embora na verdade ele tenha apenas melhorado modelos existentes. O astrônomo, físico, matemático e filósofo usou a nova ferramenta de observação para descobrir as quatro luas principais de Júpiter (hoje conhecidas como luas de Galileu), bem como os anéis de Saturno. E, apesar de um modelo da Terra girando em volta do sol ter sido primeiramente proposto por Copérnico, levou algum tempo para a teoria ser amplamente aceita, e Galileu é mais conhecido por defendê-la. Galileu acabou sob prisão domiciliar no final de sua vida por causa disso.

7 – CHRISTIAAN HUYGENS

O físico e astrônomo holandês Christiaan Huygens (1629 – 1695) propôs a primeira teoria sobre a natureza da luz, um fenômeno que intriga cientistas há centenas de anos. Suas melhorias no telescópio lhe permitiram fazer as primeiras observações dos anéis de Saturno e descobrir sua lua Titã. Huygens também criou a teoria sobre o estudo da luz e cores descobrindo que, por meio da luz, seria possível a ocorrência de fenômenos de propagação como refração e reflexão.

8 – NEWTON

Com base no trabalho de quem veio antes dele, o astrônomo inglês Sir Isaac Newton (1643 – 1727) é mais famoso por seu trabalho sobre forças, especificamente a gravidade (quem lembra da história da maçã?). Ele calculou três leis que descrevem o movimento das forças entre objetos, conhecidas hoje como leis de Newton.

9 – EINSTEIN

No início do século 20, o físico alemão Albert Einstein (1879 – 1955) tornou-se de um dos mais famosos cientistas do mundo, depois de propor uma nova maneira de olhar para o universo além da compreensão atual. Einstein sugeriu que as leis da física são as mesmas em todo o universo, que a velocidade da luz no vácuo é constante, e que o espaço e o tempo estão ligados em uma entidade conhecida como espaço-tempo, que é distorcida pela gravidade.

10 – HUBBLE

O astrônomo americano Edwin Hubble (1899 – 1953) calculou que uma bolha pequena no céu existia fora da Via Láctea. Antes de suas observações, a discussão sobre o tamanho do universo era dividida quanto à possibilidade ou não de existir apenas uma galáxia. Hubble determinou também que o universo estava se expandindo, um cálculo que mais tarde ficou conhecido como lei de Hubble. Suas observações de várias galáxias levaram a criação de um sistema padrão de classificação usado até hoje. Um dos telescópios espaciais mais famosos do mundo leva seu nome, o Telescópio Espacial Hubble, apontado para o céu com o objetivo de estudar o universo.

11 – HAWKING

Stephen Hawking (nascido em 1942) fez muitas descobertas significativas no campo da cosmologia. Ele propôs que, como o universo tem um começo, provavelmente também terá um fim. Hawking acredita que o mundo não tem nenhum limite ou fronteira. Apesar de ser visto como uma das mentes mais brilhantes desde Einstein, muitos dos livros de Hawking são adaptados e direcionados para o público em geral, já que ele procura educar as pessoas sobre o universo.

12 – CASSINI

O astrônomo italiano Giovanni Cassini (1625 – 1712) mediu o tempo que leva para os planetas Júpiter e Marte girarem, além de descobrir quatro luas de Saturno e as diferenças nos anéis do planeta. Quando a NASA lançou um satélite para orbitar Saturno e suas luas em 1997, ele foi apropriadamente chamado de Cassini.

13 – HALLEY

Edmond Halley (1656 – 1742) foi o cientista britânico que analisou os avistamentos de cometas históricos e propôs que o cometa que apareceu em 1456, 1531, 1607 e 1682 era o mesmo, e que voltaria em 1758. Apesar de ter morrido antes de poder dizer “eu estava certo!”, ele estava mesmo certo, e o cometa foi nomeado em sua honra.

14 – MESSIER

O astrônomo francês Charles Messier (1730 – 1817) compôs uma base de dados de objetos celestes conhecidos na época como “nebulosas”, que incluía 103 objetos em sua publicação final, embora outros tivessem sido adicionados com base em suas anotações pessoais. Muitos desses objetos são frequentemente listados com o nome do catálogo de Messier, como a Galáxia de Andrômeda, conhecida como M31 (M de Messier, 31 porque é o 31º objeto catalogado). O astrônomo também descobriu 13 cometas ao longo de sua vida.

15 – HERSCHEL

O astrônomo britânico William Herschel (1738 – 1822) catalogou mais de 2.500 objetos do céu profundo. Ele também descobriu Urano e suas duas luas mais brilhantes, duas das luas de Saturno e as calotas polares marcianas. William treinou sua irmã, Caroline Herschel (1750 – 1848), em astronomia, e ela se tornou a primeira mulher a descobrir um cometa, identificando vários outros ao longo de sua vida. A Agência Espacial Europeia criou um observatório com seu nome, o Observatório Espacial Herschel.

16 – HENRIETTA LEAVITT SWANN

Henrietta Leavitt Swann (1868 – 1921) foi uma das várias mulheres que trabalharam como um “computador humano” na Universidade de Harvard (EUA), identificando imagens de estrelas variáveis em placas fotográficas. Ela descobriu que o brilho de uma estrela piscando estava relacionado com a frequência com que pulsava. Esta relação permitiu aos astrônomos calcularem as distâncias de estrelas e galáxias, o tamanho da Via Láctea e a expansão do universo. Ela descobriu mais de 1.200 estrelas variáveis em sua vida.

17 – SHAPLEY

O astrônomo americano Harlow Shapley (1885 – 1972) calculou o tamanho da galáxia Via Láctea e sua localização geral do seu centro. Ele argumentou que os objetos conhecidos como “nebulosas” estavam dentro da galáxia, ao invés de fora dela. Porém, seu nome é um pouco manchado por ele ter discordado incorretamente das observações de Hubble de que o universo tinha outras galáxias além da Via Láctea.

18 – DRAKE

Frank Drake (nascido em 1930) é um dos pioneiros na busca de inteligência extraterrestre. Ele foi um dos fundadores da Busca por Inteligência Extraterrestre (SETI, na sigla em inglês) e idealizador da equação de Drake, uma equação matemática usada para estimar o número de civilizações extraterrestres na Via Láctea capazes de serem detectadas.

19 – HARTMANN

O astrônomo americano William K. Hartmann (nascido em 1939) estendeu a teoria mais aceita sobre a formação da lua em 1975. Ele propôs que, após uma colisão com um grande corpo, os detritos que saíram da Terra se uniram para formar a lua.

20 – CARL SAGAN

O astrônomo americano Carl Sagan (1934 – 1996) pode não ter sido um grande cientista em comparação com outros dessa lista, mas é um dos mais famosos astrônomos por ter feito importantes estudos científicos nas áreas de ciência planetária, e principalmente por ter popularizado a astronomia mais do que qualquer outro indivíduo. Seus programas de TV e derivados atraíam muitos telespectadores interessados.

BÔNUS: RODNEY GOMES 


A astronomia tem crescido bastante no Brasil. Somos capacitados a construir instrumentos de classe mundial, somos o único país em desenvolvimento que tem acesso a telescópios de 8 e 4 metros, e um dos poucos países no mundo com acesso a esse tamanho de telescópios em ambos os Hemisférios. Também somos o único país não europeu a fazer parte do Observatório Europeu do Sul, uma organização intergovernamental de pesquisa em astronomia, composta e financiada por quinze países.
Não podemos citar grandes cientistas brasileiros que mudaram completamente a visão do universo, mas muitos merecem uma menção honrosa. Recentemente, um astrônomo brasileiro, Rodney Gomes, mudou o rumo da busca por evidências de um planeta no limite de nosso sistema solar. No Observatório Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro, ele descobriu que as órbitas irregulares de pequenos corpos gelados além de Netuno implicam que um planeta quatro vezes maior que a Terra está girando em volta do nosso sol nas bordas do sistema solar. 

Fonte: Hypescience.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A vida secreta dos gatos de rua

Os gatos são animais misteriosos. Eles são livres, não gostam de serem controlados, são traiçoeiros. Onde é que o seu gatinho vai quando você o deixa para fora? O que os gatos de rua fazem o dia todo? Os gatos de beco saem em grupo?



Até agora, ninguém sabia. Mas uma nova pesquisa fez questão de responder algumas dessas questões.

Os cientistas mapearam 42 gatos “livres” (alguns sem dono, alguns animais de estimação que podiam rondar livremente) com rádio coleiras, e os acompanharam por dois anos.
Juntos, os gatos percorreram 6.286 hectares em torno de duas cidades. Esse grande território foi uma surpresa enorme.

Segundo os pesquisadores, um gato selvagem circulou por 1.351 hectares, abrangendo áreas tanto urbanas como rurais, residenciais e agrícolas, florestais e de pradaria.

“Esse gato em particular não estava recebendo comida de seres humanos, a meu conhecimento, mas de alguma forma ele sobreviveu lá fora, entre coiotes e raposas”, disse Jeff Horn, cientista que liderou o estudo. “Ele navegou sinais de trânsito, estacionamentos. Até o encontramos em um campo de softbol durante um jogo”.

Os gatos de estimação com livre circulação tendem a permanecer dentro de dois hectares em torno de suas casas. Mesmo assim, alguns proprietários ficaram muito surpresos ao saber que seus gatos estavam indo tão longe (dois hectares são muitos quintais).

Outra diferença foi que os animais de estimação se envolviam em atividades vigorosas, como correr ou perseguir, apenas 3% do tempo, enquanto os sem dono estavam ativos 14% do tempo (eles tinham que se esforçar mais para caçar e matar seus próprios alimentos).

“A maioria dos gatos tende a permanecer dentro de 300 metros de estruturas humanas”, disse Nohra Mateus-Pinilla, coautora do estudo. “Mesmo os gatos selvagens estavam sempre ao alcance de um edifício. Isso mostra que apesar de serem selvagens, eles ainda têm um nível de dependência de nós”, afirma.

E gatos de rua, ficam juntos? Não. Os pesquisadores observaram que um gato selvagem perseguia outro em um galpão. Outro animal esperava um gato de estimação surgir todas as manhãs e tentava persegui-lo em seu próprio quintal.

Em um estudo anterior, o pesquisador Richard Warner acompanhou cerca de duas dúzias de gatos livres por vários anos e descobriu que as duas principais causas de mortes de gatos foram outros gatos e doença. Pelo visto, eles não gostam de amigos…

Fonte: Hypescience.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Por que os livros amarelam com o passar do tempo?


Ande em uma grande biblioteca, e você vai ver muitos livros antigos que se tornaram amarelo e quebradiços. Por que isso aconteceu? Como podemos fazê-los ficar conservados para sempre?


A lignina e o Papel

Como sabemos, o papel é feito de madeira. A madeira é por sua vez feito de hidratos de carbono como a celulose e lignina. A lignina é uma molécula muito complexa que adiciona dureza à madeira. Quanto Mais lignina, mais resistentes é a madeira. No entanto, no  papel a lignina é um problema. Ao longo do tempo, devido ao contato com a luz, a lignina se decompõe para formar muitos ácidos fenólicos, que são de cor amarela. Estes ácidos, então, reagem com a celulose. Isso faz com que o papel fique muito quebradiço.
William Barrow era um bibliotecário na década de 1930, que estava muito interessado em saber como preservar livros antigos, foi ele quem descobriu que era o ácido a partir de lignina que causava o amarelamento nos livros.
Desde então, os fabricantes de papel têm removido a lignina a partir da polpa de madeira, antes de ser transformada em papel. isso requer reações químicas adicionais. E além disso, o papel é tornado alcalino pela adição de bicarbonato de cálcio. Se qualquer lignina é deixada no papel, quando se formarem ácidos, o bicarbonato de cálcio reagirá imediatamente com ele, e irá “neutralizar” a lignina. Esse tipo de papel é chamado de acid-free paper.
Tudo isto faz com que o papel caro. Coisas como jornais, bilhetes, cadernos etc, portanto, não são impressos nele, e no brasil ainda é pouco usado devido ao seu custo.

Como preservar livros

Sabendo que a exposição solar e a oxidação é a principal causa do amarelamento dos livros, você pode mante-los preservados por muito mais tempo mantendo eles longe de qualquer luz solar, e armazenando-os em sacos plásticos para isolar do contato com o ar.
A umidade é outro fator determinante, normalmente 4 a 7% da massa de um papel se deve à água. O sal sulfato de alumínio Al2(SO4)3, presente na composição de alguns papéis, reage com essa água e deixa o meio ácido. (O sulfato de alumínio é derivado de base fraca e ácido forte.), essa acidez favorece o amarelamento de papéis ácidos com o passar do tempo. Outro motivo para manter seus livros protegidos da umidade evitar a proliferação de fungos que dependem ou se desenvolvem melhor com a umidade.
Fonte: Cienciaetecnologia.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Existem de fato apenas 3 estados da matéria? (sólido, líquido e gasoso)

Líquido, sólido e gasoso. Quem não se lembra de aprender sobre isso nas aulas de ciência, ou dos desenhos para saber como se chamam a transformação de um estado para outro? O problema é: depois que a gente cresce e se aprofunda no conhecimento, outros estados surgem, o que ainda é ignorado nas escolas infantis. Seus filhos – e talvez os filhos deles- continuaram a aprender apenas sobre os três estados da matéria. 





Mas e o plasma? Será que professores pensam que as crianças não conseguem entender que pode ser outro estado? Livros da escola poderiam ensinar “Os três mais conhecidos tipos de matéria” ou “Os três tipos de matéria que são cientificamente mais familiares” ou algo nesse sentido, o que pelos menos implicaria que existem outros estados da matéria que você pode aprender sobre tarde na sua educação.



Mas não. Possivelmente as crianças só vão saber da existência de outros estados de matéria se aprofundarem seus estudos nisso quando ficarem mais velhas.

Enquanto “estados” é um termo comum para descrevê-los, o que importa realmente é a sua forma; sendo assim, para falar de estados, vamos usar o termo “fase”. 



“Fase” descreve com mais precisão a situação que uma parte específica da matéria está, mas em alguns contextos específicos “estado” pode ser mais adequado. “Fase” (ou estado) da matéria pode ser considerada como a área do espaço durante a qual todas as propriedades físicas da substância são uniformes. Essa uniformidade é quimicamente a mesma em todo o material, e fisicamente distinta das substâncias nas proximidades. Os tipos mais comuns de alterações nas fases de matéria consistem em alterar as suas características físicas. 

 


A melhor maneira de pensar em uma mudança de fase da natureza física de uma substância é o exemplo comum de água, gelo e vapor, aquele mesmo que você aprendeu no colégio, com os desenhos que a professora fazia no quadro. Eles podem ocupar quase a mesma região do espaço, e ser completamente diferentes em fases. Pense em um copo de água gelada. O gelo se encontra em fase sólida, a água está na fase líquida, e o ar úmido que consiste no gás de evaporação é outra fase. Embora quimicamente sejam os mesmos elementos, o que os tornam diferentes fases é que eles estão fisicamente distintos uns dos outros.

A transição dos tipos de matéria para fases diferentes depende basicamente da quantidade de calor presente. Por exemplo: se você adicionar calor a algo que esteja sólido, possivelmente ele sofre uma transformação para a fase líquida. Claro que existem algumas exceções, devido às circunstâncias ambientais. Se você continuar colocando calor, ocorrerá a transição para gás. E então, se você permanecer aquecendo, o gás se transforma em plasma.

O plasma é criado quando os elétrons de um átomo estão tão carregados que têm energia para escapar do centro do núcleo carregado positivamente e reagir com qualquer núcleo semelhante.

Na outra extremidade do espectro, é a remoção total de calor do material. Quando você continua resfriando uma substância a quase zero absoluto, você pode obter o que é conhecido como um condensado de Bose-Einstein. Devido à necessidade de manter as substâncias em temperaturas extremamente baixas, isso não ocorre naturalmente no universo, mas teoricamente, pode existir.

Existem ainda outras fases da matéria menos conhecidas, que envolvem características magnéticas da substância. O exemplo mais recente foi descoberto por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA), que foram capazes de fazer crescer um cristal (sólido) que tinha características magnéticas de um líquido. Enquanto a maioria dos sólidos magnéticos definiram áreas positivas e negativas dentro da substância, conhecidas como momentos magnéticos, os específicos deste cristal oscilaram constantemente, sem influência externa. Com isso, eles descobriram um novo tipo de magnetismo, além de um estado de matéria. 

   


Com o avanço da tecnologia, os cientistas utilizam técnicas cada vez mais sofisticadas que permitem desmontar e montar todos os aspectos do nosso universo físico. Com isso, é possível descobrir novos estados de matéria, que mudam as características físicas das substâncias.

Hoje, existem quatro tipos de matéria clássica (que ocorrem naturalmente), oito tipos que são chamados de estados de baixa energia e não são simples, três estados de energia alta, também não simples, e três que são classificados separadamente por causa das propriedades magnéticas que possuem. Logo, há muitos mais estados da matéria do que os três comumente conhecidos: sólido, líquido e gasos. O número exato e a natureza desses estados vai continuar mudando à medida que a tecnologia e a ciência avançam.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O lado bom dos sentimentos ruins

A mulher mais rica do Reino Unido ganhou sua fortuna escrevendo um livro juvenil durante uma crise de depressão, enquanto sustentava sua filha com ajuda do governo. Tinha acabado de perder o emprego e de se divorciar. O maior filósofo do século 20 não passou no vestibulinho do colegial e sofreu bullying na escola por escrever errado, ter péssima memória e não fazer amizades - não se interessava em conviver com pessoas. Humanos também não eram os seres prediletos do mais conhecido intérprete de J. S. Bach, que não tocava para plateias nem deixava que pessoas encostassem nele. E o inventor da lâmpada era tão avoado que foi expulso da escola aos 8 anos e precisou estudar em casa.

J. K. Rowling, Ludwig Wittgenstein, Glenn Gould e Thomas Edison. Essas pessoas atingiram o sucesso não apesar de suas falhas, mas por causa delas. Certos padrões de personalidade e de ânimo considerados até mesmo transtornos mentais foram selecionados ao longo da evolução. Talvez essas adaptações não sejam tão vantajosas hoje quanto na época em que vivíamos fugindo de predadores, lutando com rivais e caçando presas. Mas tais peculiaridades preenchem os buracos criados pela normalidade da maioria das pessoas.

Desatentos conseguem captar ao mesmo tempo vários estímulos do ambiente e, com isso, fazer associações inesperadas, criativas. Outras pessoas não conseguem se interessar pelo que há à sua volta, mas exatamente por isso concentram-se dias a fio num só raciocínio e chegam a conclusões geniais. A ansiedade nos protege de pagar para ver uma ameaça, e a tristeza e o pessimismo nos fazem desistir de ilusões.

Portanto, se você tem amigos esquisitos, sinta-se sortudo. Você se acha meio diferente? Saiba por que isso pode ser bom.

DEPRESSÃO


Do ponto de vista clínico, não há nada de bom na depressão. Ela aprisiona no sofrimento pessoas que, paralisadas, não conseguem tomar atitudes que melhorariam sua vida. Isolam-se socialmente e tendem a remoer um problema. Às vezes, até a morte. Mas não. Até ela tem seu lado positivo. Para começar a entender qual é esse lado, temos que responder a uma pergunta: por quê, afinal, a depressão existe? Uma hipótese é a de que, conforme a civilização se desenvolveu, o homem alterou seu ambiente numa velocidade maior do que sua capacidade de adaptar-se a ele. Evoluímos para viver em grupos de 50 a 70 membros seguindo o ciclo do Sol, com a preocupação de obter alimento e procriar. Agora as coisas mudaram um pouco: temos de nos preocupar com contas, imagem, carreira... E muitos planos acabam frustrados - talvez mais do que a cabeça foi feita para aguentar. Pior: temos hábitos sedentários e, graças à luz artificial, fazemos nosso corpo funcionar no tempo do relógio, e não no do Sol. Tudo isso explicaria por que a prevalência da depressão tem aumentado. "É o mesmo que ocorre com nosso sistema cardiovascular, que não evoluiu para dar conta de alimentos gordurosos e pouco exercício", afirma Paul Gilbert, da Universidade de Derby, no Reino Unido.

Mas não é só isso. Outra corrente defende que a depressão existe porque foi talhada pela seleção natural, ou seja: porque oferece vantagens a seus portadores. Segundo o médico Randolph Nesse, da Universidade de Michigan, ela teria a mesma função da dor: garantir nossa sobrevivência diante de um risco. Quando um tecido está prestes a ser lesionado durante alguma atividade física, nossos neurônios transmitem um estímulo que nos impede de seguir além de nossos limites. A depressão funciona da mesma forma - mas, em vez de impedir fisicamente que você assuma um risco, ela atua no ânimo. A euforia e a depressão serviriam para regular nossas ações na busca por um objetivo. Um dos primeiros cientistas a pensar isso como uma adaptação foi o psicólogo americano Eric Klinger. Num artigo de 1975, ele analisou como o humor melhora conforme o progresso na busca de um objetivo. Isso motiva a pessoa a continuar a se esforçar e assumir riscos cada vez maiores. Quando esses esforços começam a falhar, uma piora no ânimo a faz voltar atrás, preservar suas reservas e reconsiderar opções. Essa piora, essa depressão leve, abre espaço para a introspecção e o autoexame necessários para tomar decisões difíceis, como desistir de objetivos inalcançáveis e buscar novas metas. Foi justamente o que observaram pesquisadores da Univerdidade da Colúmbia Britânica, no Canadá. Por 19 meses, eles acompanharam 97 adolescentes, analisando sua capacidade de deixar de lado objetivos muito difíceis (ou inalcançáveis), como virar um músico famoso, e abraçar outras metas, como dar duro para entrar numa boa faculdade. Enquanto isso, os pesquisadores também observaram sintomas de depressão nos voluntários. Conclusão: as pessoas com sintomas de depressão leve conseguiam abrir mão com mais facilidade de objetivos irrealistas. Elas davam menos murro em ponta de faca. E tendiam a sair da adolescência menos machucados, mais felizes, do que os esmurradores de lâminas. 

ANSIEDADE


Você está perdido no meio do nada. E ouve um ruído longínquo de animal. O bicho pode ser um tatu ou uma onça. Se você ficar apavorado e sair correndo até um lugar seguro antes que uma possível onça se aproxime, vai ter gasto 200 calorias em 10 minutos. Se não correr e depois for surpreendido por um leão, perderá seu corpinho inteiro - isto é, 200 mil calorias. Por esse raciocínio frio e puramente matemático, valeria a pena ter um ataque de pânico se a probabilidade de o ruído ser de um leão for maior que 1 em 1 000, conclui Randolph Nesse em sua empreitada em busca das causas evolutivas de transtornos mentais. Isso justifica por que é bom sentir medo mesmo quando a ameaça é pequena. E ansiedade é isto: medo de algo que não é necessariamente real. Mais: tal como o amor, ela é uma emoção. E uma emoção é um padrão de resposta diante de situações que podem trazer riscos ou oportunidades. A paixão ajuda a cortejar um parceiro, a raiva nos afasta de alguém quando desconfiamos que fomos traídos, e a ansiedade nos faz fugir ou lutar quando sentimos ameaçados. E isso acontece sem que pensemos. Quando bate a ansiedade, o fígado começa a liberar glicose, a frequência cardíaca aumenta, menos sangue circula pela pele e mais vai para os músculos. Assim, o corpo fica preparado para reagir - a animais, à altura, a trovões, à escuridão ou ao escrutínio público. E também a coisas mais sutis, como um trabalho insuportável ou um relacionamento falido. Ou seja: a ansiedade também pode funcionar como um alarme para que você mude de vida quando necessário. Um alarme que não temos como fingir não escutar.

PESSIMISMO


Para começar, precisamos de pessimistas por perto. Como diz o psicólogo americano Martin Seligman: "Os visionários, os planejadores, os desenvolvedores, todos eles precisam sonhar com coisas que ainda não existem, explorar fronteiras. Mas, se todas as pessoas forem otimistas, será um desastre", afirma. Qualquer empresa precisa de figuras que joguem a dura realidade sobre os otimistas: tesoureiros, vice-presidentes financeiros, engenheiros de segurança...

Esse realismo é coisa pequena se comparado com o pessimismo do filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860). Para ele, o otimismo é a causa de todo sofrimento existencial. Somos movidos pela vontade - um sentimento que nos leva a agir, assumir riscos e conquistar objetivos. Mas essa vontade é apenas uma parte de um ciclo inescapável de desilusões: dela vamos ao sucesso, então à frustração - e a uma nova vontade.

Mas qual é o remédio, então? Se livrar das vontades e passar o resto da vida na cama sem produzir mais nada? Claro que não. A filosofia do alemão não foi produzida para ser levada ao pé da letra. Mas essa visão seca joga luz no outro lado da moeda do pessimismo: o excesso de otimismo - propagandeado nas últimas décadas por toneladas de livros de autoajuda. O segredo por trás do otimismo exacerbado, do pensamento positivo desvairado, não tem nada de glorioso: ele é uma fonte de ansiedade. É o que concluíram os psicólogos John Lee e Joane Wood, da Universidade de Waterloo, no Canadá. Um estudo deles mostrou que pacientes com autoestima baixa tendem a piorar mais ainda quando são obrigados a pensar positivamente.

Na prática: é como se, ao repetir para si mesmo que você vai conseguir uma promoção no trabalho, por exemplo, isso só servisse para lembrar o quanto você está distante disso. A conclusão dos pesquisadores é que o melhor caminho é entender as razões do seu pessimismo e aí sim tomar providências. E que o pior é enterrar os pensamentos negativos sob uma camada de otimismo artificial. O filósofo britânico Roger Scruton vai além disso. Para ele, há algo pior do que o otimismo puro e simples: o "otimismo inescrupuloso". Aquelas utopias que levam populações inteiras a aceitar falácias e resistir à razão. O maior exemplo disso foi a ascensão do nazismo - um regime terrível, mas essencialmente otimista, tanto que deu origem à Segunda Guerra com a certeza inabalável da vitória. E qual a resposta de Scruton para esse otimismo inescrupuloso? O pessimismo, que, segundo ele, cria leis preparadas para os piores cenários. O melhor jeito de evitar o pior, enfim, é antever o pior.

TIMIDEZ


Escolas valorizam trabalho em grupo. Processos seletivos jogam candidatos em dinâmicas para identificar líderes natos. Empresas colocam seus funcionários em amplos escritórios sem divisórias e colhem ideias em brainstorms com uma dezena de pessoas - vale tudo, menos ter vergonha de falar besteira. Vivemos no mundo dos extrovertidos. Mas há pesquisadores que veem essa valorização do trabalho coletivo e da extroversão como um tiro no pé. "O mundo está desperdiçando o talento das pessoas tímidas", defende Susan Cain em seu livro Quiet (Quieto, sem versão brasileira), que compila estudos sobre o assunto.

Mas como a timidez pode ser positiva, afinal? Para responder a isso, precisamos esclarecer uma coisa - ser introvertido não significa ser fechado ao exterior. Muito pelo contrário. É ser sensível demais a ele. É o que tem demonstrado desde a década de 1960 o psicólogo Jerome Kagan. Em seu estudo mais importante, ele juntou 500 bebês de 4 meses em seu laboratório em Harvard para observar como reagiam quando estimulados com sons, imagens coloridas em movimento e cheiros. Então separou o grupo dos que reagiam muito - 20% deles - e o dos que reagiam pouco - 40%. Suas pesquisas anteriores lhe permitiram predizer o contrário do que a intuição sugere: os muito reativos se tornariam os futuros introvertidos. Aos 2, 4, 7 e 11 anos de idade, essas crianças voltaram ao laboratório de Kagan. As que haviam sido classificadas como muito reativas desenvolveram personalidades sérias, cuidadosas, enquanto as pouco reativas se tornaram mais relaxadas e autoconfiantes - a futura turma do fundão. Isso porque a amídala (estrutura do sistema límbico, responsável por reações instintivas, como apetite, libido e medo) é mais facilmente estimulada em crianças muito reativas. Ou seja, são mais alertas, mais sensíveis a estímulos novos. Suas pupilas se dilatam mais, suas cordas vocais ficam mais tensas, sua saliva tem mais cortisol - um hormônio do estresse - e seu batimento cardíaco se acelera mais. Um pouco de novidade já implica em vontade de se proteger. O lado negativo é que são mais vulneráveis à depressão e à ansiedade. Mas, ao mesmo tempo, podem ser mais empáticas, cuidadosas e cooperativas, desde que se sintam em sua zona de conforto. "Crianças muito reativas podem ter maior probabilidade para se tornar artistas, escritores, cientistas e pensadores, pois sua aversão a estímulos novos as faz passar mais tempo no ambiente familiar - e intelectualmente fértil - de sua própria cabeça", diz Cain. Um introvertido concentra a mente numa só atividade, em vez de dissipar energia em assuntos não relacionados ao trabalho - estudos do programador americano Tom DeMarco com 600 colegas mostram que o que define a produtividade no setor de TI não é o salário nem a experiência, mas o quão isolado é o ambiente de trabalho. A solidão também permite focar-se nas próprias falhas e treinar até chegar à perfeição. É esse tipo de prática que cria grandes atletas e virtuoses musicais.

AUTISMO


Ludwig Wittgeinstein, gênio da filosofia, começou a falar só aos 4 anos. Estudou com tutores particulares em sua casa, em Viena, até os 14 anos. Sem conseguir passar no vestibulinho do colegial, foi parar em 1903 na escola técnica de Linz (a mesma de Adolf Hitler, de quem não foi colega, pois o futuro ditador estava dois anos atrasado nos estudos). Mas ele simplesmente não se interessava pelos colegas. A solidão e a dislexia fizeram dele um perfeito alvo de bullying. "Nunca consegui expressar metade do que queria. Na verdade, não mais que um décimo", contou em suas memórias. 

Assim foi o jovem Wittgenstein. Mas sua excentricidade e o fato de ter revolucionado a filosofia no século 20 não são uma contradição, segundo o professor Michael Fitzgerald, do Trinity College, em Dublin. O psiquiatra vê em sua biografia sintomas que caracterizam a síndrome de Asperger - um tipo de autismo que, aliado a um intelecto avantajado, pode ser a base da genialidade.

Todo autista se foca obsessivamente em interesses muito específicos, tem comportamentos repetitivos e não se interessa em interagir com outras pessoas. Mas, enquanto a imagem mais comum é a da criança ensimesmada balançando para a frente e para trás, o espectro do autismo vai desde o atraso mental até o desenvolvimento linguístico e cognitivo completo - caso da síndrome de Asperger. Quem tem essa síndrome não se interessa em dividir experiências e emoções, tem padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento e de interesses e não abre mão de sua rotina. Isso torna o convívio difícil - mas pode ter um efeito colateral inesperado. 

"Muitas características da síndrome de Asperger aumentam a criatividade", escreve Fitzgerald em Autism and Creativity (Autismo e Criatividade). "Pessoas assim têm uma capacidade extraordinária para focar-se em um tópico por um longo período - dias, sem interrupção nem mesmo para as refeições. Não desistem diante de obstáculos." E não é apenas a concentração. A forma como entendem o mundo é diferente. Quando veem uma coisa, apreendem o detalhe para então sistematizar como funciona o geral - enquanto a maioria das pessoas apreende o geral para depois se afunilar em detalhes. Isso é um enorme ponto positivo para engenheiros, físicos, matemáticos, músicos.

Não que não haja um lado negativo. Portadores da síndrome de Asperger também têm dificuldade em aceitar e adotar regras sociais. Por isso, muitas vezes parecem ter personalidade infantil. Quando entrou para a faculdade de engenharia, Wittgenstein se fascinou pela obra Os Princípios da Matemática, de Bertrand Russell. Em 1911, mudou-se para a Universidade de Cambridge para estudar com Russell. Nos primeiros dias, chegava à sala do mestre à noite e seguia até a manhãzinha desdobrando suas ideias como que em um monólogo. Em 1926, quando terminou a defesa oral de sua tese de doutorado, deu um tapinha nos ombros dos examinadores. "Não se preocupem. Eu sei que vocês nunca conseguirão entender", disse. Wittgenstein começou então a dar aulas. Em seus seminários, era como se não houvesse uma audiência. Lutava com seus pensamentos e volta e meia caía em silêncios que nenhum estudante ousava interromper. Qualquer comentário que considerasse estúpido era retrucado brutalmente.

Para escrever Investigações Filosóficas, sua maior obra, ficou isolado numa cabana na Irlanda. Certa vez, o caseiro, que o havia visto conversando, perguntou-lhe se tivera uma boa companhia. A resposta foi: "Sim, falei muito com um ótimo amigo - eu mesmo". Numa carta a Bertrand Russell, escreveu: "Estar sozinho me faz um bem infinito, e não acho que agora poderia suportar a vida entre pessoas". O único grande prazer social do filósofo era discutir seus interesses - lógica, linguística e música. O mundo real pouco lhe importava.
O gene da engenharia


Todo engenheiro é um pouco autista. Essa é a conclusão, polêmica, do psiquiatra Simon Baron-Cohen, de Cambridge. Simon buscava identificar se estudantes com sintomas da síndrome de Asperger tinham predisposição a escolher alguma área específica de conhecimento. Fez um levantamento com graduandos de Cambridge e viu que alunos de exatas eram os mais propensos a ter os sintomas. O estudo fez barulho suficiente para que os pais de alunos de Eindhoven, na Holanda, entrassem em contato com ele depois de identificarem uma epidemia de autismo na cidade, conhecida pela concentração de empresas tecnológicas. Baron-Cohen comparou Eindhoven com Haarlem e Utrecht - que têm número semelhante de habitantes - e levantou a porcentagem de pessoas empregadas em tecnologia: 30, 16 e 17%, respectivamente. Depois, pesquisou a prevalência de autismo diagnosticado nas cidades: 229 por 10 mil crianças em Eindhoven, contra 84 e 57 nas outras. Para Baron-Cohen, isso é indício de que regiões onde pais têm empregos relacionados à "sistematização", como o da tecnologia da informação, terão uma taxa de autismo maior em suas crianças. É um resultado polêmico: indica que as pessoas naturalmente mais aptas para as ciências exatas carregam mais genes ligados ao autismo do que a média da população. E mais: é uma evidência de que essa aptidão seja, por si só, uma forma leve de autismo.

Einstein, o autista
O psiquiatra Michael Fitzgerald identificou traços da síndrome de Asperguer, uma forma moderada de autismo, em 42 personalidades históricas. Conheça algumas delas.

ALBERT EINSTEIN
"Meu senso de justiça e de responsabilidade social sempre se contrastou com minha falta de necessidade de contato direto com outras pessoas ou comunidades. Sou de fato um viajante solitário e nunca pertenci a meu país, à minha casa, aos meus amigos ou mesmo à minha família", escreveu o físico nos ensaios Como Vejo o Mundo.

GLENN GOULD
Um dos maiores pianistas do século 20 não deixava ninguém tocá-lo e, quando mais velho, só se comunicava com o resto do mundo por telefone ou por cartas. Aos 32 anos parou de tocar em público e se fechou no estúdio. Afinal, para ele tocar música era um ato tão íntimo que não dava para conciliá-lo com a audiência.

LEWIS CARROLL
O escritor americano Mark Twain chegou a dizer que Carroll, matemático autor de Alice no País das Maravilhas, era interessante "somente para olhar." Era o homem "mais estiloso e mais tímido" que já tinha visto. Não dava autógrafos nem deixava ser retratado - mesmo sendo ele mesmo um fotógrafo amador. "Minha aparência e minha escrita pertencem somente a mim", escreveu em uma carta.

FRACASSO


Quando destruímos um relacionamento, somos demitidos ou vivemos qualquer outra grande frustração nessa linha, não tem muito jeito: sentimos não só que um plano deu errado, mas que falhamos como pessoa.

Nossa mente, porém, evoluiu com uma defesa contra isso: ela ignora o que não quer saber. Uma área do cérebro chamada córtex cingulado anterior é ativada quando percebemos que alguma coisa deu errado. É como se fosse o mecanismo do "putz!". Com ele, excitamos mais uma região - o córtex pré-frontral dorso-lateral. Ele é o "censor" da mente, responsável por apagar determinado pensamento.

Esse mecanismo duplo - primeiro o "putz" e depois o "esquece" - permite editar nossa consciência conforme nossa vontade. Assim, conseguimos deixar para trás nossos fracassos.

Isso também acontece com cientistas. No início da década de 1990, Kevin Dunbar começou a observar os laboratórios de bioquímica da Universidade de Stanford. Descobriu que a metade dos dados obtidos nas pesquisas não batia com o que suas respectivas teorias previam. Os resultados às vezes simplesmente não faziam sentido. A reação então era típica: primeiro, os pesquisadores procuravam um bode espiatório - alguma enzima ou máquina devia não ter funcionado direito. Então repetia-se o experimento. Quando o resultado inesperado acontecia de novo, o experimento inteiro era considerado um fracasso e acabava arquivado. O que os pesquisadores não percebiam é que o mecanismo "putz, esquece" de sua mente os cegava. Dunbar então observou grupos de estudo com pesquisadores de diferentes áreas - biólogos, químicos e médicos. O fato de ter pessoas com um olhar de fora fez com que os bioquímicos, em vez de jogar fora o experimento, abrissem os olhos e repensassem suas teorias. Assim puderam reavaliar suas convicções e muitas vezes encontrar o caminho que funcionava. Moral da história: entender o porquê de um fracasso pode ser o melhor atalho para o sucesso.

É mais ou menos o que aconteceu com a britânica Joanne Rowling. Quando era adolescente, tudo o que seus pais esperavam dela era que não fosse pobre como eles. E tudo o que ela queria era ser escritora. Para arranjar um meio-termo entre seu desejo e o dos pais, fez faculdade de letras. Terminados os estudos, sua vida virou uma sucessão de fracassos. Tentou agradar os pais trabalhando num escritório, mas não suportava a chatice do dia a dia. Quando a mãe morreu, mudou-se para Portugal para dar aula de inglês. Em 3 anos, casou-se, teve uma filha e se divorciou. Desempregada e descasada, mudou-se para a Escócia, onde, deprimida, foi viver da ajuda financeira do Estado. Quando Joanne estava no ponto mais fundo de seu fracasso, começou a escrever um livro. Levou um "não" de 8 editoras - até conseguir uma que publicasse seu Harry Potter e a Pedra Filosofal. Adotou o nome artístico de J. K. Rowling e, em 3 anos, se tornaria a mulher mais rica do Reino Unido. E, para ela, o ingrediente de seu sucesso foi o fracasso. "O fracasso significa eliminar tudo o que não for essencial. Parei de fazer de conta para mim mesma que era uma pessoa diferente e comecei a direcionar toda minha energia em terminar o único trabalho que importava para mim", disse a uma plateia de graduandos de Harvard durante uma conferência do TED (instituição que organiza conferências sobre novas ideias). E arrematou: "Me senti liberta, porque meu maior medo já tinha acontecido. E ainda assim eu continuava viva".

DÉFICIT DE ATENÇÃO


De 3 a 5% das crianças em idade escolar são daquelas distraídas e agitadas, que perdem tudo, não conseguem fazer a lição, não esperam sua vez e agem sem pensar. Têm o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Quando crescem, os sintomas diminuem, mas os problemas, não. Podem até piorar - afinal, as responsabilidades são outras. O que se esquece não é mais a lição de casa, mas prazos e reuniões. Trabalhos são abandonados pela metade, ordens são ignoradas. A impulsividade pode custar o emprego ou o relacionamento. Por que isso é tão comum? A resposta é semelhante à da ansiedade e da depressão - essa característica já foi uma vantagem adaptativa, até que a cultura e o ambiente mudaram. Em sociedades nômades, quem tem foco de atenção disperso é capaz de cuidar melhor de seu gado, explorar áreas desconhecidas e ficar alerta para ameaças. Dan Eisenberg, da Northwestern University, EUA, observou em tribos africanas nômades e sedentárias. Entre os nômades, os que tinham o alelo 7R (ligado ao TDAH) eram mais bem nutridos do que os sem. Já nas sedentárias, acontecia o contrário. Em outras palavras, conforme o homem se estabeleceu num só lugar e começou a viver de atividades que exigem mais foco, a atenção dispersa virou desvantagem. Mas não tanto. Os mesmos genes que hoje estão associados ao risco são responsáveis por revoluções nas artes, ciência e exploração, acredita o psiquiatra Michael Fitzgerald, do Trinity College. Michael, que já tinha procurado traços de autismo na biografia de personalidades, não demorou para fazer o mesmo com o TDAH. Segundo ele, sintomas de déficit de atenção estão presentes em Thomas Edison, Oscar Wilde, Kurt Cobain (que foi diagnosticado quando criança) e até em Che Guevara. Quem tem a cabeça na Lua pode encontrar lá em cima coisas que pessoas com o pé no chão não veem.
Superávit de criatividade

Fonte: Super Interessante

Quem tem TDAH é ótimo em brainstorms, pois não se sente inibido para dar ideias aparentemente estranhas. As psicólogas americanas Holly White e Priti Shah testaram um grupo de 90 universitários divididos entre os com e os sem TDAH. Elas pediram para que cada grupo propusesse usos para um tijolo e para um balde em 2 minutos. Resultado: os desatentos se deram melhor no número de usos, na diversidade dele e, principalmente, na originalidade. Entre as soluções do grupo com TDAH estavam usar o tijolo para escrever em superfícies como concreto ou o balde como guitarra - se você adicionar cordas e um pau ali. Só faltava verificar isso no mundo real. As pesquisadoras, então, fizeram isso num segundo estudo, de 2011. Deram a 60 universitários um questionário sobre quais seus êxitos em 10 áreas criativas: artes cênicas, humor, música... Os desatentos tiveram níveis mais altos em todas as categorias.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

5 dicas para evitar momentos constrangedores em conversas



Conversar com pessoas que você não conhece muito bem pode resultar em situações embaraçosas. Na ânsia de puxar assunto, você pode acabar sendo indelicado e criando um clima constrangedor, até com pessoas mais próximas. Confira dicas para escapar de momentos como esses e manter conversas interessantes:

Faça (e aceite) elogios


Todo mundo que já recebeu algum elogio sabe como isso nos faz sentir bem. Elogiar o trabalho ou características de alguém é uma boa maneira de quebrar o gelo e criar um clima positivo durante uma conversa.

É importante que você seja honesto, sem falsas bajulações. Seja objetivo, falando sobre qualidades que você admira em uma pessoa, por exemplo. Outra dica é pedir conselhos, desde assuntos profissionais até sugestões de livros. Assim, a pessoa vai sentir que você se importa com o que ela pensa. Isso transmite confiança e pode até favorecer o início de uma amizade.

De acordo com uma pesquisa veiculada no periódico Journal of Marketing Research, você não precisa nem fazer elogios realmente sinceros. Quando as pessoas recebem congratulações, elas as aceitam, mesmo que não sejam sinceras. Nessas situações, as pessoas se sentem bem imediatamente com elas mesmas e com a conversa em geral. Por isso elogiar (sem excessos, claro) pode ser uma boa ideia.

Quando você estiver do outro lado, recebendo elogios, a dica geral é: aceite e agradeça. Um simples “obrigado” é sempre a melhor pedida. É normal se sentir desconfortável nesses casos, mas aceitar elogios não torna uma pessoa convencida. Afinal, isso não é questão de louvar a si mesmo – foi outra pessoa que falou bem de você. É muito mais educado aceitar e agradecer um julgamento positivo do que contradizer quem quis ser gentil com você.

Escute


Você já deve ter ouvido alguma frase do tipo: “temos dois ouvidos e uma boca para ouvir mais e falar menos”. Apesar de ser um clichê, para manter boas conversas é realmente necessário ser um bom ouvinte. E para isso não basta apenas sentar e ouvir a pessoa falar sem parar. Você tem que responder de maneira que possa demonstrar que está contribuindo com a conversa e interessado no que seu colega disse.

Os ouvintes ativos não só ouvem, mas também fazem comentários que mostram que estão prestando atenção, retomam temas chaves da conversa e fazem perguntas que movem a discussão. De acordo com a revista Forbes, a escuta ativa é capturar e entender as mensagens que o outro está enviando, com respostas verbais e não verbais. O tom de voz e expressões faciais são exemplos de mensagens não verbais que mostram que você está escutando a outra pessoa de maneira ativa e interessada.

Faça as perguntas certas


Corte o “será que chove?” e “e os namorados?” do vocabulário. Especialistas afirmam que a maioria das pessoas fazem péssimas perguntas para puxar assunto. Evite clássicos estereotipados (“o que você faz da vida?”) e abuse de perguntas que podem ampliar o assunto como “onde”, “quem” e “por quê”.

Outro grande erro é não parar de falar sobre você mesmo. Isso é bem chato. Faça mais perguntas para saber a opinião da outra pessoa. Perguntar o que uma pessoa faz para se divertir pode dizer muito mais sobre ela do que se você perguntasse o que ela faz no trabalho.

Seja confiante


É comum ler matérias ou ouvir pessoas falando que você deve ser você mesmo. Mas um pouquinho de atuação em certas conversas pode ser bom. Calma; você não precisa ser outra pessoa. Mas caso seja tímido ou esteja inseguro, tente se mostrar mais confiante do que você realmente é. Até mesmo a linguagem corporal pode mostrar que você sabe do que está falando, o que passa uma boa impressão para os ouvintes.

De acordo com uma pesquisa publicada na revista Social Psychological & Personality Science, se apresentar de uma maneira positiva em conversas cria uma impressão boa da sua personalidade – mesmo que seja um pouco de atuação. E a melhor parte é que, com essa pequena atuação, você realmente vai se sentir mais confiante e a conversa será mais interessante. Mas não exagere: você deve projetar confiança, não parecer uma pessoa convencida.

Não domine as conversas


Ninguém gosta de gente que domina as conversas e não para de falar. Mesmo assim, é difícil de saber quando estamos fazendo isso – principalmente em momentos de nervosismo ou empolgação com um assunto. Se você acha que não vai parar de falar sobre seu tema preferido, evite o assunto em conversas. E se você estiver do outro lado, conversando com uma pessoa que mal te deixa falar, a dica é começar a dar sua opinião e falar sobre si mesmo para ver se a outra pessoa percebe que está dominando o diálogo. 

Fonte: Hypescience.