Você Sabia? Pergunte Aqui!: junho 2013

domingo, 30 de junho de 2013

Por que às vezes esquecemos o que íamos fazer no meio do caminho?

Você já entrou em uma sala e esqueceu o que ia fazer lá? Sim, você e todo mundo. Pelo menos agora a ciência explica o porquê: o problema é a entrada.




“Quando você passa de um local para outro, seu cérebro identifica cada um como um novo evento, e prepara a memória para capturá-lo”, afirma o autor do estudo e professor de psicologia da Universidade de Notre Dame, Gabriel Radvansky.

 Como os capítulos de um livro, cada entrada marca o fim de um episódio e o começo de outro, pelo menos para o seu cérebro. “Isso torna difícil reviver memórias anteriores porque elas já foram arquivadas”, afirma o autor.

Radvansky sugere levar um lembrete com você. “Por exemplo, se você vai da sala para a cozinha pegar um lanche, você talvez esqueça o que ia fazer quando chegar lá, já que é um novo evento. Mas, facilita se você levar algo que o lembre do que queria, como um pote”.
Mas quem deixa potes na sala?

Você pode fazer um pote com suas mãos quando estiver indo para a cozinha. Se você vai pegar uma tesoura, faça com os dedos. Assim você ajuda seu cérebro a não ser tão esquecido.

Fonte: Hypescience

sexta-feira, 28 de junho de 2013

O universo é infinito: mito ou realidade?

Durante o ano de 1917, Albert Einstein estava às voltas com o problema da inércia (formulada há 400 anos): porque os corpos oferecem resistência à mudança de seu estado atual, um corpo tende a permanecer em repouso ou movimento retilíneo uniforme a menos que alguma força seja aplicada a ele. Mas faltava explicar por que isto acontecia.




Segundo a ideia de outros físicos, a inércia é o resultado da interação com o campo gravitacional de outras estrelas. Mas quantas estrelas? Einstein tinha alguns problemas com a ideia de um universo infinito, com infinitas estrelas: a massa seria infinita, e a inércia também seria infinita – os corpos não se moveriam.

Mas a ideia de um universo limitado flutuando no meio do vazio também tinha seus problemas. Um deles era uma explicação para o motivo das estrelas não escaparem para fora deste universo, esvaziando-o.

A solução pareceu maluca até mesmo para Einstein: o universo poderia ser finito, mas sem bordas, sem limites. O campo gravitacional curvaria tanto o universo que ele fecharia sobre si mesmo. Um universo assim não teria limites, mas seria finito.

Einstein apresentou sua ideia em um trabalho chamado “Considerações Cosmológicas na Teoria Geral da Relatividade”, o mesmo trabalho em que apresentou a sua constante cosmológica, mais tarde chamada por ele de seu “maior erro”, que recentemente acabou sendo ressuscitada pelos físicos, para representar a energia escura.

Para ajudar as pessoas a entender sua ideia, Einstein criou uma metáfora que foi usada até por Carl Sagan para explicar a quarta dimensão. Essa metáfora pede para o leitor imaginar dois exploradores bidimensionais em um universo bidimensional. Estes “habitantes do plano” poderiam andar em qualquer direção na superfície achatada que seria o seu universo, mas os conceitos de “para cima” ou “para baixo” não teriam significado para eles.

Einstein propôs uma pequena mudança neste universo bidimensional, sugerindo um plano 
ligeiramente curvo. E se o universo destes exploradores fosse ainda bidimensional, mas não fosse plano, e sim, curvo como a superfície de um globo? Uma seta que estes exploradores disparassem viajaria em linha reta, mas eventualmente faria a curva em todo o globo, voltando ao ponto de início.

Desta forma, o tamanho total do universo destes exploradores bidimensionais seria finito, mas eles poderiam viajar em qualquer direção, e nunca encontrariam uma borda. E se viajassem em linha reta acabariam retornando ao ponto de início, sem precisar fazer curva alguma. E se este globo estivesse em expansão, este universo bidimensional também estaria em expansão, mas sem ter bordas.

Einstein então sugere que nosso universo 3D também seria curvo, ou seja, fechado sobre si mesmo, como aquela superfície plana sobre um globo. É complicado de imaginar um universo assim, mas por incrível que pareça, ele pode ser facilmente descrito usando a geometria não Euclidiana que foi criada por Gauss e Riemann. E isto continua valendo para um universo com quatro dimensões, o espaço-tempo.

Em um universo curvado, um raio de luz que viaja em uma direção percorreria o que a nós se pareceria com uma linha reta, e ainda assim faria uma curva e retornaria para o ponto de início. O físico Max Born afirmou que “a sugestão de um espaço finito, mas ilimitado é uma das maiores ideias sobre a natureza do mundo que já foi concebida”.

Mas o que haveria fora deste universo curvado? O que tem no outro lado da curvatura? Estas perguntas não têm resposta. Mais que isto, elas não têm sentido, da mesma forma que não faria sentido perguntar a um daqueles habitantes do mundo bidimensional o que há fora do mundo deles.

Em resumo, Einstein propôs que o universo poderia ser finito, curvado sobre si mesmo. O que determinaria esta curvatura seria a quantidade de massa-energia nele. As medições feitas mais recentemente com a sonda WMAP (“Wilkinson Microwave Anisotropy Probe” ou “Sonda de Anisotropia de Microondas Wilkinson”, que mediu a densidade da radiação cósmica de fundo) apontam para um universo visível plano, com uma margem de erro de 0,4%.

O problema é a expressão “universo visível”. O universo visível é apenas o que pode ser captado com nossos telescópios, e corresponde a uma esfera de alguns bilhões de anos-luz de raio em torno da Terra. Mas isto pode corresponder apenas a um pedaço pequeno do universo total, e este universo total poderia ser tão grande que a medição da curvatura local seria equivalente a zero.

Fonte: Hypescience.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

De onde vem o "cheiro de terra molhada"?

Difícil de descrever e fácil de lembrar, o “cheiro de terra molhada” faz parte da história de muita gente – e, acredite se quiser, é estudado por cientistas há pelo menos 49 anos.





Em 1964, depois de ler na revista Nature um artigo sobre o tema, uma dupla de pesquisadores da Austrália resolveu analisar a origem do “cheiro de terra molhada”, e chegou até mesmo a criar um termo específico para ele: petricor (algo como “fluido eterno de pedra” em grego – logo vocês vão saber o porquê do nome).

Para o espanto de muitos, os autores concluíram que o “cheiro de terra molhada” vem, na verdade, da terra. Um de seus ingredientes é um óleo secretado por certos tipos de planta durante períodos secos (essa substância diminui a germinação de sementes, uma possível estratégia das plantas para eliminar “competição” durante escassez de água).

Quando passa muito tempo sem chover em uma região, esses óleos se acumulam no solo, e são liberados quando a chuva o atinge – é por isso que o cheiro é mais forte no primeiro dia de chuva depois de um período de seca.

Outro ingrediente é a geosmina (nome que pode ser traduzido do grego como “perfume da terra”), uma substância química produzida por bactérias chamadas actinomicetos. Ao produzir esporos, os actinomicetos liberam geosmina, que é lançada no ar quando chove.

Existe, ainda, um terceiro ingrediente, que normalmente aparece durante tempestades: ozônio, produzido (nesse caso) em uma série de reações iniciada por fortes descargas elétricas na atmosfera. O cheiro é parecido com o de cloro, e às vezes é possível senti-lo antes de a tempestade chegar na sua região porque o ozônio é facilmente deslocado.

Por fim, temos a acidez da chuva, consequência de produtos químicos na atmosfera – especialmente forte em centros urbanos. A chuva cai, entra em contato com poluentes, atinge o solo e pode provocar reações químicas, o que resulta em um “cheiro de terra molhada” menos agradável que o normal.

Fonte: Hypescience.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

7 formas “antigas” de misticismo que são na verdade invenções recentes

Você quer adicionar um pouco mais de sentido e profundidade na vida? Não está mais encontrando respostas apenas em latinhas de cerveja? Se você está em busca de novas crenças, ou tem apenas curiosidade de conhecê-las, porque não se aprofundar em uma antiga e mística?

Mas tome cuidado quando você está escolhendo, porque algumas dessas “antigas” práticas são tão autênticas quanto uma nota de três reais. Confira abaixo 7 formas de crenças “antigas” que tiveram uma invenção recente:


7 – IOGA


Se você perguntar para qualquer expert em ioga a quanto tempo existe essa atividade, ele possivelmente dirá que ela é praticada há mais ou menos 5 mil anos. Em outras palavras, centenas de anos antes dos aliens construírem as pirâmides egípcias, pessoas já se alongavam e refletiam serenamente.

A realidade: a ioga como conhecemos hoje – um conjunto de posturas combinadas com técnicas de respiração – remontam aos anos 1960. “Mas como assim? Estão me enganando!”, você grita rasgando seu colchonete de ioga em dois. Bem, é que 5 mil anos de idade foi a quando foi encontrada uma imagem no Vale do Indo de um homem sentado de pernas cruzadas. Mas convenhamos, embora essa seja uma das principais posições do ioga, é também uma maneira de se sentar em uma superfície plana.

A palavra ioga também é mencionada em alguns textos religiosos hindus de 2,5 mil anos de idade, mas é provável que tenha sido usada com outro significado, relacionado com cavalos.
Apenas no século 19 um príncipe indiano chamado Krishnaraja Wodeyar III produziu algo parecido com o que chamamos de ioga hoje: um manual chamado Sritattvanidhi, que listou 122 posições inspiradas principalmente na ginástica indiana. O que realmente influenciou o ioga moderno, entretanto, foi o Império Britânico que introduziu aos índios à nova mania de exercícios que varria a Europa no momento.

Depois, um cara chamado B.K.S. Iyengar veio com a ideia de combinar essas técnicas de exercício com alguns dos ensinamentos descritos nos textos antigos hindus, como o Yoga Sutras, na década de 1960. Desde então, os fãs de ioga têm crescido aos milhões, mas poucos percebem que estão praticando uma versão de aula de ginástica do início do século 20.


6 – TARÔ


Qualquer coisa relacionada com cartas de tarô provavelmente vai ser descrita como antiga e misteriosa. De acordo com os fãs das cartas, elas têm origem no Egito antigo, e através do tempo, por algum motivo, acabaram relacionadas com cabala e com mitos do Santo Graal.

A realidade: as cartas de tarô foram originalmente concebidas não para serem observadas por pessoas enquanto elas ouvem música de harpa e fazem adivinhações, mas para servirem para um jogo de cartas semelhante a qualquer outro dos dias atuais.

As pessoas só começaram a usar o tarô para descobrir sua fortuna há cerca de 250 anos. Isso representa bons 400 anos depois que as cartas foram importadas do Oriente Médio para as outras partes do mundo. Cartões normais de jogo têm uma história mais longa na Europa do que cartas de tarô, precedendo-as por no mínimo 50 anos.


5 – SATANISMO


Se formos ter a cultura popular como base, o satanismo teria existido desde nossos primeiros antepassados. Filmes como A Nona Porta, estrelado por Christopher Lee, retratam satanistas praticamente na Idade Média.

A realidade: o satanismo como conhecemos hoje, com pentagramas, cruzes invertidas e devoção por roupas pretas desbotadas, data do ano de 1966 e foi inventado por um músico chamado Anton LaVey. Isso torna o satanismo mais jovem do que os Rolling Stones. Claro, você pode encontrar descrições de atividades satanistas de vários séculos passados. Mas esse “satanismo” deve ser uma má interpretação de uma prática religiosa obscura e não o que conhecemos hoje.


4 – TABULEIRO OUIJA


Há quem ache que o tabuleiro Ouija é um passatempo inofensivo ou um portal para o inferno feito de papelão. Sejam amantes ou inimigos de Ouija, todos concordam com uma coisa: as placas para evocar espírito têm uma história longa e misteriosa, tendo surgido na China antiga ou até mesmo com os romanos.

A realidade: o tabuleiro Ouija é tão místico como uma boneca da Optimus Prime: na verdade, as duas criações são de propriedade da mesma pessoa. O tabuleiro foi inventado por empresários em 1890, e ainda hoje a palavra “Ouija” é uma marca registrada da companhia Parker Brothers.

Os ritos Ouija são confundidos com a prática chinesa “Fuji”, que envolve um método completamente diferente de adivinhação e usa uma vara para escolher os caracteres chineses escritos em areia. Outras culturas antigas podem ter usado métodos vagamente semelhantes para obter conhecimentos ocultos sobre o futuro, através de “espíritos”. Mas dizer que estes ritos eram Ouija é como dizer que as corridas de carruagem romana eram uma antiga forma de Stock Car.


3 – NINJUTSU


A coleção secreta de sabedorias e habilidades ninjas conhecida como “ninjutsu” tem em torno de mil anos, segundo alguns praticantes. Mas você pode aprendê-la ainda hoje! Mesmo que na América atual não exista um sistema de classes rígidas com senhores feudais para lutar contra.

A realidade: ninjas nunca usaram macacões pretos e máscaras, como Hollywood nos ensinou. Mas eles existiram, certo? Sim, provavelmente, mas não antes do século 20. A escola de Stephen Hayes, que popularizou ninjutsu no Ocidente na década de 1970, não foi nem sequer levada a sério pelas tradicionais escolas de artes marciais no Japão. Suas pretensões de legitimidade histórica são baseadas em um monte de antigos pergaminhos que seu líder se recusa a mostrar para qualquer pessoa.


2 – SEXTA-FEIRA 13


De acordo com Dan Brown, a má reputação da sexta-feira 13 remonta a 13 de outubro de 1307. Dezenas de cavaleiros templários foram presos pelo rei corrupto da França, enquanto ansiavam pelo fim de semana. Os cavaleiros, cuja missão era proteger os peregrinos na Terra Santa, foram presos e torturados, e seu líder foi queimado na fogueira. Antes de morrer, ele lançou uma maldição sobre os presentes, e muitos morreram dentro de um ano. Os franceses ficaram tão impressionados com isso que obedientemente decidiram não só lembrar da maldição para sempre, mas também maldizer as sextas 13.

A realidade: há abundantes referências históricas para explicar o motivo da sexta-feira 13 e do próprio número ser considerado azarado. Mas, em um exemplo da vida imitando a arte, ninguém ligava em se casar ou não às sextas ou dias 13 até o início do século 20, depois de um romance best-seller com o nome de “Friday the Thirteenth” (Sexta-Feira 13) ter sido lançado.

Esse livro de 1907 conta a história de um empresário desonesto que conspirava para derrubar o mercado de ações. Sim, sem máscaras de hóqueis, apenas negócios. Mas, inexplicavelmente, a partir daí a data ficou marcada negativamente em nosso calendário.


1 – A RELIGIÃO VIKING


Vikings são tão impressionantes quanto os mitos da Escandinávia pré-cristã que os acompanham. Há desde martelos gigantes até cavalos de oito patas nas histórias épicas. Mas para muitas pessoas – aqueles que sentem uma profunda ligação com a cultura nórdica e querem se juntar a uma gangue ou apenas estão zangadas por seus pais fazerem elas se levantarem cedo para ir à igreja – o paganismo escandinavo continua vivo. Ele é conhecido como Odinismo ou Asatru por seus seguidores modernos.

A realidade: praticamente tudo que sabemos sobre o paganismo escandinavo vem do Eddas, dois livros compilados no século 13 por um cara hilariante, conhecido como Snorri Sturluson. Mas espere, o século 13 ainda é bastante antigo, certo? Sim, mas há um problema aqui: 
Snorri escreveu os livros centenas de anos após a Escandinávia ter sido cristianizada. Para muitos estudiosos o Ragnarok – o conhecido fim do mundo viking – é apenas uma releitura do Apocalipse.

Fonte: Hypescience.

terça-feira, 25 de junho de 2013

7 mitos da produtividade desbancados pela ciência

No ritmo alucinante do mundo moderno, ser produtivo é mais do que necessário; é essencial. Mas fazer tudo o que você tem que fazer em menos tempo – para ver se sobra algum pra você – é uma arte complicada de se dominar. Ainda mais se você se prender a velhos mitos que, ao invés de te ajudar, são contraprodutivos. Confira 7 erros comuns no que se trata de produtividade, e aprenda a otimizar seu valioso tempo:


Mito 1: é preciso acordar cedo pra ser produtivo


O mito de que você pode milagrosamente resolver todos seus problemas de produtividade forçando-se a acordar cedo é antigo. Tudo começou quando o biólogo Christopher Randler publicou um estudo que apontava que quem cedo madruga é realmente mais produtivo. Claro que a conclusão criou vida própria e tem rodado por aí desde então.

O problema é que, na realidade, o biólogo apenas concluiu que as pessoas que acordam cedo têm geralmente uma atitude mais pró-ativa, e, portanto, estão dispostas a produzir mais ao longo do dia. Seus resultados podem ser facilmente explicados por considerar como a maioria de nós é socializada a acreditar que acordar cedo equivale a ter um dia inteiro para resolver tudo que precisamos.

Um estudo publicado em 2011 na revista Thinking & Reasoning aponta o que realmente devemos nos lembrar: que a chave para ser produtivo e criativo (que o estudo divide em dois tipos diferentes de atividade) é trabalhar nas horas que são melhores para você.

Se você gosta de acordar cedo (ou é forçado a tanto por causa do seu trabalho), tome conta de suas tarefas mais difíceis e problemáticas primeiro, quando você é mais produtivo. Em seguida, na parte da tarde, é hora de desacelerar e passar o tempo tendo ideias e sendo criativo. O inverso aplica-se a quem prefere acordar tarde ou pessoas que trabalham melhor à tarde ou à noite.

Simplificando, você terá mais tempo se você se levantar cedo ou trabalhar até mais tarde, quando ninguém está por perto para distraí-lo, mas isso não significa necessariamente que tal coisa vá torná-lo mais produtivo.


Mito 2: é preciso ter força de vontade e esforçar-se para conseguir fazer tudo


Outro mito de produtividade popular é que a melhor maneira de resolver tudo é com esforço e boa vontade. A verdade é exatamente o contrário: um estudo antigo (de 1972), publicado Journal of Personality and Social Psychology, desmascarou essa ideia há muito tempo, afirmando que força de vontade é limitada, e que devemos usá-la com sabedoria.

Forçar a barra ou querer abraçar o mundo é contraprodutivo. Em vez disso, você deve trocar de marcha e fazer outra coisa. É importante fazer pausas, para desengatar completamente e dar-se uma oportunidade de recarregar as energias. Infelizmente, a maioria dos ambientes de trabalho não são muito favoráveis ​​a isso, mas não é impossível trabalhar em um projeto paralelo por um tempo, ou apenas sair do escritório e dar um passeio antes de voltar para o que estava fazendo.

Um estudo de 2009 feito pela Sociedade de Gestão de Recursos Humanos e publicado na Harvard Business Review levou a ideia um passo adiante, e propôs tornar a “pausa para ficar longe do escritório” obrigatória para os empregados, por causa dos ganhos de produtividade que ela oferece.


Mito 3: telas múltiplas ajudam com a produtividade


Esse mito tem dois lados, assim como uma moeda. Se várias telas melhoram a sua produtividade, depende inteiramente do que você faz e como você trabalha.

Uma série de artigos há vários anos empurrou a ideia de que vários monitores nos tornam mais produtivos. Porém, esses estudos, em sua maioria, foram conduzidos como estratégias de marketing de empresas como Apple e Microsoft, que tinham interesse em vender mais monitores.

A verdade é que, geralmente, várias telas só aumentam a produtividade de pessoas que precisam de delimitação entre (vários) aplicativos em execução, janelas ou espaços de trabalho. O ideal aqui é ver se esse é seu caso, se realmente funciona para você, e daí fazer um investimento.


Mito 4: a internet está nos deixando burros e distraídos das coisas que realmente devemos fazer


Nicholas Carr e Clay Johnson são dois autores que já propuseram que a internet está mudando a nossa forma de pensar e absorver a informação, com a terrível consequência de que aprendemos pouco, dependendo dela para qualquer pesquisa em vez de pensar criticamente – além de sermos bombardeados com mais dados do que nos é útil.

Embora haja verdade nisso, precisamos saber diferenciar algumas coisas. Um estudo de 2011 da Universidade Columbia publicado na revista Science examinou os efeitos do Google na memória e concluiu que, sim, muitos de nós escolhem pesquisar informações ao invés de lembrá-las. O que o estudo não faz é concluir sobre o que isso significa para a inteligência humana.

O mito aqui reside na interpretação de dados científicos, e não nos dados em si. Quando convidado a recordar a velocidade do som, Albert Einstein explicou que, grosso modo, não guardava tais informações em sua mente, pois ela era facilmente disponível em livros. A internet funciona da mesma maneira. 

Só temos que aprender a ter cuidado com as informações que devemos memorizar, e as que não precisamos, porque sabemos que podemos acessar a qualquer momento. A desvantagem é que, quando fazemos isso, recebemos mais do que precisamos. Mais uma vez, cabe a nós a gerir essa “sobrecarga de informação”, em vez de jogar fora uma ferramenta valiosa por causa de uma “receita de produtividade”.


Mito 5: você só será produtivo se trabalhar em um escritório


O trabalho remoto vem ganhando muito espaço, no entanto, o mito do escritório ainda persiste, especialmente nas mentes dos gerentes e funcionários de RH que ainda acreditam que se não podem ver seus funcionários, eles não vão trabalhar direito.

Felizmente, a ciência está do nosso lado. Pesquisadores da Universidade de Stanford analisaram 500 funcionários de uma agência de viagens na China, com mais de 12.000 empregados no total, e, mesmo depois de algumas semanas, os funcionários que estavam trabalhando a partir de casa mostraram sinais definitivos de aumento de produtividade.

Outro estudo, publicado na edição de dezembro de 2012 do Journal of Consumer Research tem uma abordagem diferente, e observa que o ruído leve, como o barulho ambiente de um café, nos torna mais produtivos. Já muito ruído, como o furor de um escritório lotado, por exemplo, pode ser um assassino de produtividade. Trabalhar a partir de casa ou em um espaço público levemente movimentado pode fazer maravilhas para nossa produtividade.

Claro que aqui vale a mesma coisa do mito 1: cada um tem que pensar no que funciona melhor para si mesmo. Trabalhar a partir de casa tem seus próprios desafios, mas muitas vezes os benefícios superam as desvantagens. Se você trabalha melhor em escritório, vá até um todos os dias. Mas se você tem disciplina, gosta de trabalhar ou simplesmente trabalha melhor em casa, convença seu chefe a deixá-lo tentar.


Mito 6: classificação e organização é a solução para sobrecarga de e-mail


Passar o dia todo ordenando e organizando seu e-mail em pastas pode ser uma maneira de se “achar”, mas isso não é realmente ser produtivo, é? Lembre-se: o objetivo de qualquer método de produtividade é dar-lhe mais tempo para fazer as coisas que você precisa fazer, não lhe ocupar por horas em nome da produtividade.

Além do mais, um estudo da Universidade da Califórnia em Santa Cruz concluiu que arquivar mensagens pode na verdade torná-las mais difíceis de encontrar, e, mais importante, desperdiçar nosso precioso tempo.

O estudo observou que era simplesmente mais eficiente pesquisar quando uma mensagem fosse necessária do que percorrer pastas, e, em seguida, percorrer as mensagens desta pasta. A conclusão é que métodos de acesso oportunistas são os melhores para recuperar e-mails que você precisa, porque te dão mais chances de encontrar o ponto exato que você está procurando.

Reduza o volume de e-mail que você recebe cancelando assinaturas de “porcarias”, automatize e filtre tudo o que for possível, organize manualmente pequenas coisas que precisam de um toque pessoal, e arquive/apague todo o resto.

Dessa forma, você obtém o melhor dos dois mundos: uma caixa de entrada limpa e organizada, que te ajuda a resolver o que você precisa rapidamente e, se você quiser encontrar alguma coisa, uma breve pesquisa pode ser a solução.


Mito 7: [tal método de produtividade] funciona sempre e o deixará mais produtivo


Não há um estudo que desbanque esse mito, mas com um pouco de lógica podemos concluir que, embora haja uma técnica de produtividade que funcione para todos, essa técnica não é sempre a mesma.

Isso já foi dito, mas é importante destacar: cada um tem que procurar aquilo que melhor funciona para si no quesito produtividade. Existem alguns métodos famosos de produtividade, como A Técnica Pomodoro, GTD e Personal Kanban. Você pode testá-los, misturá-los ou criar seu próprio método. No final do dia, o método de produtividade que funciona para você é o que você deve realmente usar.

A coisa mais importante a se lembrar é que o seu método de produtividade deve poupar tempo e energia para que você possa se ​​concentrar na tarefa em mãos. Se você gastar mais tempo organizando do que fazendo a coisa que você está organizando, você está perdendo tempo.

Produtividade é sobre trabalhar o suficiente para que você possa parar de trabalhar e fazer as coisas que você quer fazer, não passar o dia todo mudando documentos de uma caixa para outra.

Fonte: Hypescience.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

8 fatos matemáticos controvertidos e contra-intuitivos

Ao estudar os números, os matemáticos chegaram a várias descobertas que contrariam o senso-comum. Por exemplo, quem espera encontrar uma série de sete caras em lançamentos de moedas (cara ou coroa)? Ou descobrir que os números racionais podem ser contados?

Veja aqui oito destes fatos matemáticos, que são comprovados, e teste sua intuição com eles.


1. O problema da Gim com Tônica


Suponha que você tenha um copo de gim e um copo com tônica. Você pega uma medida da tônica e coloca no gim, e mistura bem. Em seguida, pega uma medida da mistura de gim com tônica, e coloca na tônica. A pergunta é: tem mais gim na tônica ou mais tônica no gim?


A maioria das pessoas acredita que um dos copos terá mais da substância original, como mais tônica no copo de tônica que gim no copo de gim, mas tem exatamente a mesma quantidade de tônica no copo de gim que tem de gim no copo de tônica. E é fácil demonstrar isso.

Supondo que a medida seja de 40 ml, no primeiro passo você coloca 40 ml de tônica no gim. A seguir, pega 40 ml da mistura e coloca no copo de tônica. A segunda dose contém X ml de tônica e 40X ml de gim. Então há 40X ml de gim no copo de tônica. Como você colocou 40 ml de tônica no copo de gim, mas pegou de volta Xml, tem 40X ml de tônica no copo de gim. A mesma quantia.


2. Sequências de cara ou coroa durante lances de moeda são comuns


Todo mundo sabe que quando se joga uma moeda, cada lado tem 50% de chances de ficar para cima. No entanto, se você fizer mil lançamentos, é altamente improvável que você obtenha exatamente 500 caras e 500 coroas. E se você lançar uma moeda mil vezes, quantas sequências de cinco caras você pode esperar? E quantas de dez caras? A resposta é 31 sequências de 5 caras esperadas, e 1 sequência de 10 caras esperadas.

Quando você lança uma moeda uma única vez, tem dois resultados possíveis (2^1), cara ou coroa, que vamos chamar de A e B. Se lançar duas vezes, tem quatro resultados possíveis (2^2), duas caras (AA), duas coroas (BB), uma cara seguida de uma coroa (AB), e uma coroa seguida de uma cara (BA). Uma sequência de duas caras é 1/(2^2) dos resultados possíveis. Em três lançamentos, tem 8 resultados possíveis (2^3): AAA, AAB, ABA, ABB, BBB, BBA, BAB, e BAA, e uma sequência de três caras é 1/(2^3) deles.

Percebeu o padrão? Para “n” lançamentos, existem 2^n resultados possíveis, e uma sequência de n caras é 1/2^n deles.

Para 5 lançamentos, são 32 resultados diferentes possíveis, e uma série de 5 caras é 1/32 deles. Para 10 lançamentos, há 1.024 resultados possíveis, e uma série de 10 caras é 1/1.024 deles. Usando este raciocínio, podemos calcular quantas séries de 7 caras, por exemplo, em sequência podemos esperar em 1.000 lançamentos da moeda, multiplicando o número de lançamentos pela fração de séries de 7 caras em 7 lançamentos, ou 1000*1/(2^7): aproximadamente oito séries de 7 caras.


3. Comprar seguro contra enchente ou contra vulcões


Você se muda para uma região em que acontecem enchentes a cada 100 anos e erupções vulcânicas a cada 50 anos, isto significa que a cada ano tem uma chance em 100 de ocorrer uma enchente (probabilidade de 0,01) e uma chance em 50 de uma erupção (probabilidade de 0,02). Quanto tempo você deve viver antes de ter 50% de certeza de que verá um destes eventos?

A melhor abordagem é examinar qual a probabilidade para cada ano de que nenhum destes eventos aconteça. Sabendo a probabilidade de não ser atingido por um desastre natural em um dado ano, podemos descobrir quanto tempo levará antes que possamos ter uma boa certeza de que algum destes eventos irá acontecer.

Assim, temos em um ano a probabilidade 1,0 – 0,01 = 0,99 de que não aconteça enchente naquele ano, e a probabilidade 1,0 – 0,02 = 0,98 de que não ocorra uma erupção. A probabilidade de que nenhum dos dois aconteça em um ano é obtida multiplicando as duas probabilidades – 0,99 * 0,98 = 0,9702 ou 97,02% de probabilidade de não acontecer nem enchente, nem erupção em um ano. Em dois anos, a probabilidade de que nada aconteça é de 0,9702 * 0,9702 = 0,9413, ou 94%. Para três anos, a probabilidade é de 91%.

Podemos ir fazendo o cálculo para todos os anos, até que a chance de que nada aconteça seja de 50%. Este resultado vai aparecer no 23° ano. Sabendo que você tem uma boa chance de não ver nenhum desastre natural por uns vinte anos ou mais, talvez seja mais negócio economizar em vez de comprar um seguro.


4. O problema dos falsos-positivos em exames de doenças


Suponha que há um programa de testes gratuitos para uma doença perigosa que afeta 1% da população. O teste tem um problema: ele sempre acerta quando dá negativo, mas quando dá positivo, há uma chance de 5% de ser um falso-positivo. Você faz o teste e dá positivo. É hora de se desesperar?

Não. Considere uma população de 10.000 pessoas fazendo teste. 1%, ou 100 pessoas, provavelmente tem a doença, e o teste vai dar positivo em todas elas. Além destas pessoas infectadas, o teste também vai dar positivo para 5% das pessoas não infectadas. Ou seja, de 9.900 pessoas testadas, 495 vão levar um susto tremendo.

Como você recebeu um resultado positivo, você é uma das 595 pessoas que receberam positivo. Mas só 100 dessas 595 realmente estão infectadas – 17%. Você tem 83% de chances de não estar infectado. Melhor pedir uma segunda opinião.


5. Se você quer adivinhar a profissão de alguém baseado em um atributo, você provavelmente vai errar


Suponha que você quer adivinhar a profissão de João. A única coisa que você sabe é que João segue a política muito, muito de perto. Sabendo isso, o que é mais provável: que João seja um cientista político ou um motorista de ônibus?

Como ele é “ligado” em política, você pode pensar que é mais provável que ele seja um cientista político, certo? Errado. Vamos usar alguns dados do Bureau of Labor Statistics (“Secretaria de Estatísticas do Trabalho”, em tradução livre – BLS) dos Estados Unidos. 

Segundo o BLS, existem 652.590 motoristas de ônibus nos EUA, e um número estimado de 5.750 cientistas políticos. Para cada cientista político, você tem mais de 100 motoristas de ônibus.

Com isto, a pergunta que temos que responder passa a ser: “Você acha que mais de um em cada 114 motoristas de ônibus segue a política bem de perto?”. Se a resposta for sim, então é mais provável que João seja um motorista de ônibus que um cientista político. Se for não, então é mais provável que ele seja um cientista político.

Considerando apenas estas duas carreiras, tendo 114 motoristas de ônibus para cada cientista político, a probabilidade de João ser motorista de ônibus é de 114/115, e a probabilidade dele ser um cientista político é 1/115. Vamos supor que 99% dos cientistas políticos estão interessados realmente em política, ou 99/100. Se supormos que 10% dos motoristas de ônibus tenham interesse em política, tempos P(política|motorista)=10/100.

Podemos assim calcular a probabilidade de que João seja um cientista político, sabendo que ele está interessado em política: P(cientista|política)= 99/100 * 1/115 = 99/11.500 E a probabilidade de João ser um motorista, considerando que ele está interessado em política: P(motorista|política) = 10/100 * 114/115 = 1.140/11.500. Em outras palavras, João tem 92% de probabilidade de ser um motorista de ônibus do que um cientista político, considerando que ele é interessado em política.


6. Promotores estão usando estatísticas incorretas para mandar pessoas para a cadeia


Suponha que você esteja no corpo de jurados no julgamento de um ataque ocorrido em um estádio de futebol. A testemunha chave disse que viu o assaltante usando uma camisa do Time A, e esta é a evidência que está ligando o acusado ao crime. A gerência do estádio disse para a polícia que, de acordo com as gravações de vídeo, 9% dos torcedores estavam usando a camisa do Time A. Em um teste feito pela polícia, a testemunha foi capaz de distinguir a camiseta do Time A com 80% de acerto. Você condenaria o acusado?

Muitos condenariam, considerando que a testemunha tinha bastante confiança de que o marginal estava vestindo uma camiseta do Time A, e ele teve um resultado muito bom na identificação de camisetas – 80%. Além do mais, não haviam tantos torcedores do Time A no jogo, então provavelmente é ele. Só que esta é a maneira errada de raciocinar o problema – há, na verdade, boas chances que o acusado seja inocente.

O que precisamos calcular é a probabilidade de que a camiseta que a testemunha viu realmente era uma do Time A. Para isto, precisamos fatorar dois casos: o verdadeiro criminoso realmente usava a camiseta do Time A e o caso em que a camiseta era outra. Para cada caso, temos que calcular qual a probabilidade de que a testemunha diria ter visto uma camiseta do Time A.

A probabilidade do assaltante estar com a camiseta do Time A e a testemunha reconhecer a camiseta do Time A é de 0,072 (0,80 * 0,09); a probabilidade do assaltante estar com outra camiseta e a testemunha identificar ela como sendo do Time A é de 0,182 (0,20 * 0,91). Ou seja, a probabilidade da testemunha ter identificado a camiseta como do Time A é de 0,254 (0,072 + 0,182), e a probabilidade de ter identificado corretamente uma camiseta do Time A é, então, de 28% (0,072/0,254).

Com uma probabilidade de 28% de que o assaltante realmente estava vestindo a camiseta do Time A, será que o acusado é mesmo o culpado?


7. Nem todos os espaços do jogo Monopólio são igualmente prováveis


O Monopólio (estilo Banco Imobiliário) é um jogo que combina sorte e habilidade. A parte da sorte os estatísticos já decifraram, usando as “Cadeias de Markov”. As cadeias de Markov são uma forma de mapear os estados de sistemas probabilísticos complexos, como o jogo de Monopólio.



Como exemplo, a cadeia de Markov acima mostra um modelo hipotético para o mercado. Os círculos marcam estados possíveis, e as setas, as transições ou mudanças de um estado para outro. Os números que acompanham as setas indicam a probabilidade daquela transição de estado acontecer.

O gráfico aponta, por exemplo, que um “bull market” tem 7,5% de chances de se tornar um “bear market”, 2,5% de entrar em recessão, e 90% de chances de permanecer como “bull market”. A partir deste gráfico, é possível calcular e descobrir que em 62,5% do tempo o mercado estará no estado “bull market”, 31,3% do tempo no “bear market”, e em recessão durante 6,25% do tempo.

Este mesmo tipo de gráfico pode ser feito para o tabuleiro de Monopólio. Para cada ponto de partida, existem alguns destinos com mais ou menos probabilidade, e as cartas Sorte e Cadeia são as responsáveis por isto. O resultado? As três casas mais populares – e perigosas – no tabuleiro de Monopólio são: “Prisão”, “Go” e “Avenida Illinois”.


8. Os números racionais são infinitos, mas contáveis ou enumeráveis


Os números racionais são números que podem ser expressos como frações, por exemplo, 1/2, -7/5, 22/23, 2/1, e assim por diante. Qualquer número que não possa ser representado por uma fração de dois números inteiros é considerado irracional, como “pi” e “e”.

Um conjunto contável ou enumerável é um conjunto de números que a gente pode contar quantos elementos tem, mesmo que sejam infinitos. Outra maneira de dizer isto é que você pode colocar todos os elementos do conjunto em sequência: se você faz isto, já está “enumerando” o conjunto – um elemento será o primeiro, o seguinte será o segundo, e assim por diante. Os números primos, por exemplo, podem ser colocados em sequência e são, portanto, enumeráveis.

O conjunto dos números racionais é um conjunto deste tipo, e a prova disso foi feita pelo matemático russo Georg Cantor (1845-1918). Isto é contra-intuitivo: pense em quantas frações você pode escrever que tenham valor absoluto entre 0 e 1. Se você pensou correto, deve ter dito “infinitas frações”. Mas dá para “contar” ou colocar em sequência todos os infinitos números racionais que existem? É esta a afirmação de Georg Cantor, e ele provou isto matematicamente.

O que Cantor fez foi usar um conjunto que é infinito, mas enumerável, o conjunto dos números naturais (todos os números inteiros maiores ou iguais a zero ou, em linguagem matemática, N = {0, 1, 2, 3, …}). Ele demonstrou que qualquer conjunto que pode ser relacionado diretamente ao conjunto dos naturais é, também, um conjunto enumerável, como aquele é. Em linguagem um pouco mais precisa, ele mostrou que dá para criar uma função bijetora que relacione os números racionais e os números naturais, e, assim, os racionais são enumeráveis.

Uma das maneiras de provar isso é criar uma tabelinha de numeradores e denominadores:
1/1 1/2 1/3 1/4 …
2/1 2/2 2/3 2/4 …
3/1 3/2 3/3 3/4 …
4/1 4/2 4/3 4/4 …

Em seguida, comece a anotar os números segundo diagonais, eliminando os que podem ser simplificados para outra fração que já foi contada (2/2, 3/3, 4/4 e outros iguais pode ser simplificados para 1/1, por exemplo). O resultado é uma série de frações em ordem, ou seja, enumerável:

1/1, 2/1, 1/2, 3/1, 1/3, 4/1, 3/2, 2/3, 1/4… Ah, a matemática. Já sabíamos que ela era complicada, mas ainda assim ela não deixa de nos surpreender.

Fonte: Hypescience.

sábado, 22 de junho de 2013

Excesso de sal ajuda a engordar?

Muitos processos do organismo requerem sal, ou sódio, um mineral essencial. O sal ajuda a equilibrar os açúcares no sangue, auxilia no desempenho das células, ajuda o intestino a absorver nutrientes e regula o equilíbrio de fluidos e eletrólitos em nossos corpos, para citar apenas algumas de suas funções.

No entanto, o excesso de sal pode desequilibrar muitas das nossas funções corporais também, resultando em uma série de consequências adversas, incluindo ganho de peso.




Muito sal sinaliza para o corpo reter água. A água ajuda o corpo a absorver o excesso de sódio e nivela a quantia da substância no organismo ao despachá-la. No entanto, a ingestão elevada e constante de sal nunca permite que este mecanismo natural de “despacho” aconteça, ou, pelo menos, o diminui significativamente.

Isto resulta num ganho de peso sob a forma de acúmulo de líquidos (fluidos), não gordura. Uma pessoa pode aumentar cerca de 1,5 kg – em casos extremos, mais – de peso da água extra no seu corpo devido a ingestão exagerada de sódio.

Há mais desvantagens para a saúde em se ingerir muito sal. O alto teor salino pode causar aumento da pressão arterial. Isto resulta em hipertensão, que por sua vez estressa o sistema cardiovascular do corpo.

Muito sal também pode interferir com a função renal e digestiva, resultando em ainda mais o ganho de peso e, possivelmente, graves problemas de saúde por excesso de acúmulo de toxinas no corpo.

A ingestão de sal diária máxima recomendada para adultos é de cerca de 2.300 mg, ou uma colher de chá. Pessoas que precisam controlar seu consumo de sal devem ingerir significativamente menos do que isso. Consulte o seu médico para saber a quantidade exata de sal que você deve consumir.

Reduzir a ingestão de sal quase sempre exige mudanças na dieta e estilo de vida. Evite alimentos processados, especialmente os de fast food. Estes alimentos geralmente contêm uma grande quantidade de sódio.

Além disso, evite o uso de sal ao cozinhar e não adicione sal a alimentos já cozidos. Preste atenção aos rótulos dos produtos que você come, e opte por opções de baixo teor de sódio. Mais importante ainda pode ser ingerir alimentos integrais e naturais, como frutas, legumes, cereais e proteínas magras. Fazer exercício físico regularmente e beber bastante água também ajudam a liberar o excesso de sal do sistema.

Fonte: Hypescience.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O que foi o Movimento de maio de 68 na França?

Foi uma grande onda de protestos que teve início com manifestações estudantis para pedir reformas no setor educacional. O movimento cresceu tanto que evoluiu para uma greve de trabalhadores que balançou o governo do então presidente da França, Charles De Gaulle. "Os universitários se uniram aos operários e promoveram a maior greve geral da Europa, com a participação de cerca de 9 milhões de pessoas. Isso enfraqueceu politicamente o general De Gaulle, que renunciou um ano depois", diz o historiador Alberto Aggio, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Franca (SP).




O começo de tudo foi uma série de conflitos entre estudantes e autoridades da Universidade de Paris, em Nanterre, cidade próxima à capital francesa. No dia 2 de maio de 1968, a administração decidiu fechar a escola e ameaçou expulsar vários estudantes acusados de liderar o movimento contra a instituição. As medidas provocaram a reação imediata dos alunos de uma das mais renomadas universidades do mundo, a Sorbonne, em Paris.

Eles se reuniram no dia seguinte para protestar, saindo em passeata sob o comando do líder estudantil Daniel Cohn-Bendit. A polícia reprimiu os estudantes com violência e durante vários dias as ruas de Paris viraram cenário de batalhas campais. A reação brutal do governo só ampliou a importância das manifestações: o Partido Comunista Francês anunciou seu apoio aos universitários e uma influente federação de sindicatos convocou uma greve geral para o dia 13 de maio.

No auge do movimento, quase dois terços da força de trabalho do país cruzaram os braços. Pressionado, no dia 30 de maio o presidente De Gaulle convocou eleições para junho. Com a manobra política (que desmobilizou os estudantes) e promessas de aumentos salariais (que fizeram os operários voltar às fábricas), o governo retomou o controle da situação. As eleições foram vencidas por aliados de De Gaulle e a crise acabou.


PARIS EM PÉ DE GUERRA


Universitários montaram barricadas nas ruas e usaram pedras para enfrentar a polícia.

No dia 6 de maio de 1968, uma passeata foi convocada pela União Nacional de Estudantes da França e pelo sindicato dos professores universitários. O objetivo era protestar contra a invasão da Universidade de Sorbonne pela polícia. A marcha teve a participação de mais de 2 mil estudantes, professores e simpatizantes do movimento, que avançaram em direção à Sorbonne, sendo violentamente reprimidos pelos policiais.

A multidão se dispersou, mas alguns manifestantes começaram a erguer barricadas, enquanto outros lançavam pedras contra os soldados, que foram obrigados a bater em retirada. Depois de se reagrupar, a polícia retomou a ofensiva, disparando bombas de gás lacrimogêneo e prendendo centenas de estudantes. Alguns dias depois, em 10 de maio, outras concentrações voltaram a acontecer em Paris.

A multidão ergueu novas barricadas e se preparou para resistir ao ataque policial, que aconteceu no começo da madrugada. Os confrontos duraram até o amanhecer do dia seguinte, resultando na prisão de outras centenas de manifestantes, além de deixar um grande número de feridos.

Fonte: Mundo Estranho.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

A gota que faltava (por trás dos protestos)



Para entender melhor o que está acontecendo na rua, imagine que você é o presidente de um um país fictício. Aí você acorda um dia e resolve construir um estádio. Uma “arena”.

O dinheiro que o seu país fictício tem na mão não dá conta da obra. Mas tudo bem. Você é o rei aqui. É só mandar imprimir uns 600 milhões de dinheiros que a arena sai.

Esses dinheiros vão para bancar os blocos de concreto e o salário dos pedreiros. Eles recebem o dinheiro novo e começam a construção. Mas também começam a gastar a grana que estão recebendo. E isso é bom: se os caras vão comprar vinho, a demanda pela bebida aumenta e os vinicultores do seu país ganham uma motivação para produzir mais bebida. 

Com eles plantando mais e fazendo mais vinho o PIB da sua nação fictícia cresce. Imprimir dinheiro para construir estádio às vezes pode ser uma boa mesmo.

Mas e se houver mais dinheiro no mercado do que a capacidade de os vinicultores produzirem mais vinho? Eles vão leiloar as garrafas. Não num leilão propriamente dito, mas aumentando o preço. O valor de uma garrafa de vinho não é o que ela custou para ser produzida, mas o máximo que as pessoas estão dispostas a pagar por ela. E se muita gente estiver com muito dinheiro na mão, essa disposição para gastar mais vai existir.

Agora que o preço do vinho aumentou e os vinicultores estão ganhando o dobro, o que acontece? Vamos dizer que um desses vinicultores resolve aproveitar o momento bom nos negócios e vai construir uma casa nova, lindona. E sai para comprar o material de construção.

Só tem uma coisa. Não foi só o vinicultor que ganhou mais dinheiro no seu país fictício. Foi todo mundo envolvido na construção do estádio e todo mundo que vendeu coisas para eles. 

Tem bastante gente na jogada com os bolsos mais cheios. E algumas dessas pessoas podem ter a idéia de ampliar as casas delas também. Natural.

Então as empresas de material de construção vão receber mais pedidos do que podem dar conta. Com vários clientes novos e sem ter como aumentar a produção do dia para a noite, o cara do material de construção vai fazer o que? Vai botar o preço lá em cima, porque não é besta.

Mas espera um pouco. Você não tinha mandado imprimir 600 milhões de dinheiros para fazer um estádio? Mas e agora, que ainda não fizeram nem metade das arquibancadas e o material de construção já ficou mais caro? Lembre-se que o concreto subiu justamente por causa do dinheiro novo que você mandou fazer.

Mas, caramba, você tem que terminar a arena. A Copa das Confederações Fictícias está logo ali… Então você dá a ordem: “Manda imprimir mais 1 bilhão e termina logo essa joça”. Nisso, os fabricantes de material e os funcionários deles saem para comprar vinho… E a remarcação de preços começa de novo. Para quem vende o material de construção, tudo continua basicamente na mesma. O vinho ficou mais caro, mas eles estão recebendo mais dinheiro direto da sua mão.

Mas para outros habitantes do seu país fictício a situação complicou. É o caso dos operários que estão levantado o estádio. O salário deles continua na mesma, mas agora eles têm de trabalhar mais horas para comprar a mesma quantidade de vinho.

O que você fez, na prática, foi roubar os peões. Ao imprimir mais moeda, você diminuiu o poder de compra dos caras. Inflação é um jeito de o governo bater as carteiras dos governados.

Foi mais ou menos o que aconteceu no mundo real. Primeiro, deixaram as impressoras de dinheiro ligadas no máximo. Só para dar uma ideia: em junho de 2010, havia R$ 124 bilhões em cédulas girando no país. Agora, são R$ 171 bilhões. Quase 40% a mais. Essa torrente de dinheiro teve vários destinatários. 

Um deles foram os deputados, que aumentaram o próprio salário de R$ 16.500 para de R$ 26.700 em 2010, criando um efeito cascata que estufou os contracheques de TODOS os políticos do país, já que o salário dos deputados federais baliza os dos estaduais e dos vereadores. Parece banal. E até é.

Menos irrelevante, porém, foi outro recebedor dos reais novos que não paravam de sair das impressoras: o BNDES, que irrigou nossa economia com R$ 600 bilhões nos últimos 4 anos. Parte desse dinheiro se transformou em bônus de executivo. Os executivos saíram para comprar vinho… Inflação. Em palavras mais precisas, o poder de compra da maioria começou a diminuir. Foi como se algumas notas tivessem se desmaterializado das carteiras deles.

Algumas dessas carteiras, na verdade, sempre acabam mais ou menos protegidas. Quem pode mais tem mais acesso a aplicações que seguram melhor a bronca da inflação (fundos com taxas de administração baixas, CDBs que dão 100% do CDI…, depois falamos mais sobre isso). O ponto é que o pessoal dos andares de baixo é quem perde mais.

Isso deixa claro qual é o grande mal da inflação: ela aumenta a desigualdade. Não tem jeito. E esse tipo de cenário sempre foi o mais propício para revoltas. Revoltas que começam com aquela gota a mais que faz o barril transbordar. Os centavos a mais no ônibus foram essa gota.

Fonte: Super Interessante.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

6 coisas que os pais podem fazer melhor do que as mães

Manter uma família não é uma competição, e sim um trabalho em equipe, mas, ainda assim, a noção de que “mães têm um papel mais importante do que pais na vida dos filhos” continua forte. Não seria hora de atualizar esse retrato?

A seguir, você verá seis pontos em que pais, à sua maneira, conseguem ajudar tanto quanto as mães (ou até melhor):


6. Brincadeiras físicas


Fugindo um pouco do excesso de zelo que muitas mães têm, pais em geral estão mais dispostos a tocar seus filhos com mais firmeza, seja em esportes ou em brigas de travesseiro e brincadeiras similares, de acordo com o psicólogo Lawrence J. Cohen. Esse tipo de contato pode ajudar a mostrar que nem todo toque tem um sentido agressivo ou sexual.


5. Preocupação sob controle


“Eu tinha um amigo que dizia a seus filhos ‘não me chamem, a menos que alguém esteja sangrando’”, conta Cohen. Apesar do exagero, essa brincadeira resume o estilo de muitos pais, que tendem a “esperar” mais do que as mães para ajudar os filhos.
Se for equilibrada, essa atitude ajuda na construção da autoconfiança do filho, que precisa se esforçar para lidar com seus problemas (mesmo podendo contar com a ajuda de seus pais).


4. Lado a lado


De modo geral, pais costumam estar literalmente ao lado de seus filhos, seja vendo um filme, ensinando algo ou ajudando em alguma tarefa manual, enquanto mães tendem a atuar cara a cara (ouvindo, aconselhando, observando).
“[Atividades] lado a lado ajudam a construir capacidade e confiança, e isso ocorre realmente porque há alguém com você, fazendo coisas com você”. Esse efeito se complementa com o do contato cara a cara, que ajuda a construir intimidade emocional.


3. Diversão em criar (os filhos)


De acordo com um estudo publicado esse ano no periódico Psychological Science, pais, de modo geral, apreciam mais do que mães a criação dos filhos – possivelmente porque elas se desgastam mais devido à preocupação com os filhos e, dependendo da estrutura da família, com as tarefas domésticas.


2. Reconhecimento


“Saber que uma criança se sente amada por seu pai é uma maneira melhor de prever como será seu senso de bem-estar, felicidade e satisfação com a vida, em comparação com o sentimento de ser amado por sua mãe”, explica o pesquisador Ronald Rohner, que publicou em 2012 um estudo sobre o impacto da aceitação paterna. Isso ocorre, possivelmente, por causa da ideia de que o pai tende a ser mais exigente a respeito do reconhecimento que dá aos filhos, enquanto a mãe, a princípio, dá um reconhecimento mais “incondicional”.


1. Amor de pai


A força dos vínculos que uma mãe pode ter com seus filhos, por maior que seja, não deveria ser usada para menosprezar o amor de um pai. Segundo um estudo publicado em 2010 no periódico Biological Psychiatry, o nascimento de um filho eleva o nível de oxitocina (conhecida como “hormônio do amor”) dos pais durante as primeiras semanas. Além disso, são cada vez mais comuns as famílias que se organizam de modo que o pai possa ser quase tão presente na vida dos filhos quanto (ou mais do que) a mãe.

Fonte: Hypescience.