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segunda-feira, 8 de junho de 2015

A evolução da Teoria da consciência

Provavelmente desde que os seres humanos foram capazes de entender o conceito de consciência, eles têm procurado compreender o fenômeno. Estudar a mente foi uma vez o domínio dos filósofos, alguns dos quais ainda acreditam que o assunto é inerentemente incognoscível. Porém, os neurocientistas estão tendo progressos no desenvolvimento de uma verdadeira ciência do “eu”.

Cogito ergo sum




Um conceito difícil de definir, a consciência tem sido descrita como o estado de estar acordado e ciente do que está acontecendo ao seu redor, e de ter um senso de si mesmo. O filósofo francês René Descartes propôs no século XVII a noção de “cogito ergo sum” (“Penso, logo existo”), a ideia de que o simples ato de pensar sobre a própria existência prova que há alguém lá para fazer o pensamento.

Descartes também acreditava que a mente era separada do corpo material – um conceito conhecido como dualidade corpo-mente – e que estes reinos interagem na glândula pineal do cérebro. Os cientistas agora rejeitam a última ideia, mas alguns pensadores continuam a apoiar a noção de que a mente de alguma forma é removida do mundo físico.

Enquanto abordagens filosóficas podem ser úteis, os cientistas dizem que elas não constituem teorias ​​de consciência testáveis. “A única coisa que sei é: ‘Eu estou consciente’. Qualquer teoria tem que começar com isso”, afrima Christof Koch, neurocientista e diretor científico do Instituto Allen para a Neurociência, em Seattle (EUA).

Correlatos da consciência


Nas últimas décadas, os neurocientistas começaram a atacar o problema da compreensão da consciência de uma perspectiva baseada em evidências. Muitos pesquisadores têm tentado descobrir neurônios ou comportamentos específicos que estão ligados a experiências conscientes.

Recentemente, pesquisadores descobriram uma área do cérebro que atua como uma espécie de interruptor para o cérebro. Quando esta região, chamada de claustro, é estimulada eletricamente, o paciente fica inconsciente instantaneamente. Na verdade, Koch e Francis Crick, o biólogo molecular que ficou famoso ao ajudar a descobrir a estrutura de dupla hélice do DNA, já haviam proposto a hipótese de que esta região poderia integrar informações entre diferentes partes do cérebro, como o maestro de uma sinfonia.

Contudo, segundo Koch, procurar conexões neurais ou comportamentais para a consciência não é suficiente. Por exemplo, tais ligações não explicam por que o cerebelo, a parte do cérebro que coordena a atividade do músculo, não dá origem à consciência, enquanto que o córtex cerebral (a camada mais externa do cérebro) dá. Isto acontece mesmo que o cerebelo tenha mais neurônios do que o córtex cerebral.

Estes estudos também não explicam como dizer se a consciência está presente ou não, como no caso de pacientes com lesão cerebral, outros animais ou mesmo computadores.

De acordo com Koch, a neurociência precisa de uma teoria da consciência que explique o que este fenômeno é e que tipos de entidades o possuem – e, atualmente, existem apenas duas teorias que a comunidade científica leva a sério.

Informação Integrada


O neurocientista Giulio Tononi, da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), desenvolveu uma das teorias mais promissoras para a consciência, conhecida como teoria da informação integrada, na qual Koch também trabalhou, em parceria com Tononi.

Entender como o cérebro produz o material de experiências subjetivas, tais como a cor verde ou o som das ondas do mar, é o que o filósofo australiano David Chalmers chama de “problema difícil” da consciência. Tradicionalmente, os cientistas têm tentado resolver este problema com uma abordagem que vai de baixo para cima, um tipo de processamento de informação baseado em dados vindos do meio ao qual o sistema pertence para formar uma percepção. “Você pega um pedaço do cérebro e tentar espremer o suco de consciência [dali]”, explica o diretor científico do Instituto Allen. “Mas isso é quase impossível”.

Em contraste, a teoria de informação integrada começa com a própria consciência e tenta trabalhar de marcha ré para entender os processos físicos que dão origem a este fenômeno. A ideia básica é que a experiência consciente representa a integração de uma grande variedade de informações e que esta experiência é irredutível. Isto significa que quando você abrir os olhos (supondo que você tenha uma visão normal), você não pode simplesmente optar por ver tudo em preto e branco, ou ver apenas o lado esquerdo de seu campo de visão.

Em vez disso, seu cérebro tece perfeitamente em conjunto uma rede complexa de informações dos sistemas sensoriais e processos cognitivos. Vários estudos têm mostrado que é possível medir o grau de integração utilizando técnicas de estimulação cerebral e de gravação.

A teoria da informação integrada atribui um valor numérico, “phi”, ao grau de irredutibilidade. Se o phi é zero, o sistema é redutível a suas partes individuais, mas se o phi é alto, o sistema é mais do que apenas a soma de suas partes. Este sistema explica como a consciência pode existir em diferentes graus nos seres humanos e em outros animais. A teoria incorpora alguns elementos do pampsiquismo, a filosofia de que a mente não está presente apenas em humanos, mas em todas as coisas.

Um corolário interessante da teoria da informação integrada é que nenhuma simulação de computador, não importa o quão fielmente replica uma mente humana, jamais poderia tornar-se consciente. Koch colocar desta forma: “Você pode simular o tempo em um computador, mas ele nunca vai ficar ‘molhado'”.

Espaço de trabalho global


Outra teoria promissora sugere que a consciência funciona um pouco como a memória do computador, que pode lembrar e manter uma experiência mesmo depois dela ter passado. Bernard Baars, neurocientista do Instituto de Neurociências de La Jolla, Califórnia (EUA), desenvolveu esta teoria, que é conhecida como a teoria do espaço de trabalho global. Tal ideia é baseada em um conceito antigo de inteligência artificial chamado de quadro negro, um banco de memória que diferentes programas de computador poderiam acessar.

Qualquer coisa, desde a aparência do rosto de uma pessoa a uma memória de infância pode ser reproduzida na lousa do cérebro, onde a informação pode ser enviada para outras áreas do cérebro que irão processá-la. De acordo com a teoria de Baars, o ato de transmissão de informações no cérebro a partir deste banco de memória é o que representa a consciência.

A teoria do espaço de trabalho global e a teoria da informação integrada não são mutuamente excludentes, diz Koch. As primeira tenta explicar em termos práticos se algo é consciente ou não, enquanto a segunda procura explicar como a consciência funciona de forma mais ampla. “Neste momento, ambas podem ser verdade”, conclui.

domingo, 8 de setembro de 2013

A memória e o esquecimento

O narrador, introspectivo, mergulha um bolinho dentro de uma xícara de chá. Nesse momento, sente um aroma e um sabor que trazem as lembranças das manhãs de domingo de sua infância. "E toda minha vida passada saiu naquele momento, daquela xícara de chá", escreveu Marcel Proust em sua mais famosa obra, Em Busca do Tempo Perdido. 

A memória é assim mesmo: uma incrível biblioteca, com fileiras e fileiras de arquivos, que podem ser acessados imediatamente com base em um estímulo qualquer, como um som, um cheiro, um gosto, um toque. E nesses arquivos, formados por 100 bilhões de neurônios, sempre há espaço para novidades, como novas pessoas, ou até um número de telefone que somos capazes de lembrar - ou esquecer - num piscar de olhos. 

O problema é que nosso maravilhoso sistema de arquivos pode ficar "lotado" ou simplesmente desaparecer. "O aspecto mais notável da memória é o esquecimento", afirma James McGaugh, professor de neurobiologia da Universidade da Califórnia. Nós não guardamos a maior parte dos fatos que vivenciamos, dos livros que lemos, das imagens que vemos. Mesmo da nossa infância, quando fazemos mais descobertas, esquecemos quase todas as coisas. 

Até aí, normal. A formação e a evocação da memória mobilizam e ocupam muitas células, e é necessário liberar um espaço de vez em quando. Na verdade, é importante esquecer as coisas para que a cabeça não vire um depósito de lixo - ora inútil, ora traumático. Nada melhor do que se livrar de nossos sofrimentos. O problema é perder o controle do esquecimento. Esse fenômeno, conhecido como amnésia, é uma das questões mais intrigantes da medicina.
 

Na cabeça 


Para entender como a memória se apaga, é preciso lembrar antes como ela se forma. O processo é bastante complexo - trata-se de um fenômeno biológico e psicológico, que envolve uma aliança de diferentes sistemas cerebrais que funcionam em conjunto. 

Não se sabem ao certo todas as várias partes envolvidas, mas os indícios são de que ele seja coordenado pelo hipocampo - responsável pela formação das memórias - e pela amígdala - associada às memórias emocionais. Tudo é ativado por sinapses cerebrais, que liberam determinadas substâncias químicas (neurotransmissores), dependendo do tipo de memória que é evocado no momento. Existem 3 tipos básicos: memória ultrarrápida (retida por alguns segundos, como um número de telefone), a de curto prazo e a de longo prazo. 

A amnésia acontece quando esse sistema entra em pane - por exemplo, por doenças neurodegenerativas, como o mal de Alzheimer, infecções e derrames, pancadas na cabeça, traumas psicológicos, alcoolismo e uso de drogas. 




Isso é diferente de uma simples falha de memória, que ocorre o tempo todo devido à redução do número de sinapses cerebrais e de neurônios. Se essa redução acelerar, aí sim podemos falar em amnésia - que pode valer para informações novas (a amnésia anterógrada) ou para as antigas (amnésia retrógrada). 

Apesar de não existir um tratamento específico da amnésia, é possível recuperar pelo menos parte da memória, dependendo da extensão e da gravidade da lesão cerebral, com exercícios como a exposição dos pacientes a estímulos novos ou a fragmentos das memórias a serem evocadas, terapia ocupacional e, em alguns casos, medicamentos. 

"Pesquisadores estão investigando diversos neurotransmissores envolvidos na formação da memória, que pode um dia levar a novos tratamentos. Mas a complexidade dos processos cerebrais envolvidos torna improvável que um só medicamento resolva todos os problemas de memória", afirma Larry Squire, professor de psiquiatria da Universidade da Califórnia, em San Diego. 

Mas o mais difícil mesmo é recuperar a capacidade de guardar novas informações - a amnésia anterógrada. Para isso, especialistas sugerem que o melhor tratamento é a prevenção. E aí valem as medidas clássicas, como não fumar, não beber, praticar exercícios físicos, manter uma dieta equilibrada e, principalmente, botar a cabeça para funcionar. 

"O melhor exercício é a leitura porque abrange todas as formas de memória: a memória visual, verbal, motora, a memória de curta duração e de longa duração, a memória de imagens", afirma o neurocientista Ivan Izquierdo. "A pessoa lê ‘árvore’ e movimenta as cordas vocais de acordo com o som da palavra. Num instante, também, passam por sua cabeça todas as árvores que é capaz de lembrar. Lê ‘árvores secas’ e se lembra de um poema." Segundo Izquierdo, a memória é a expressão mais acabada de que a função faz o órgão. Ela funciona melhor quanto mais se utiliza. Tanto que até a doença de Alzheimer é menos grave nas pessoas com cultura elevada. Quanto mais sinapses, menor o prejuízo. 

Nossa memória está diretamente ligada à nossa história, ao que somos - daí a importância de cuidar bem dela. Para o pensador italiano Norberto Bobbio, "nós somos aquilo do que nos lembramos". Izquierdo acrescenta: "Somos também aquilo que escolhemos esquecer".



Os tipos de memória... 

Processual

 Armazena o modo de fazer as coisas - por exemplo, como dar laço no cadarço. 


Visual 



Registra imagens como rostos e lugares. Assim, você pode desenhar um elefante sem que ele esteja diante de você. 


Episódica 



Guarda acontecimentos da sua vida - desde o que você comeu de café da manhã até o seu primeiro beijo. 


Topo­cinética 



Grava a posição e o movimento do corpo no espaço. Graças a ela, você consegue caminhar automaticamente até a sua casa. 


Semântica 



Guarda palavras, raciocínios e o sentido das coisas.

...e de amnésia 

Síndrome de Korsakoff 



É um tipo grave de amnésia, decorrente do alcoolismo. Seu portador não consegue reter novos acontecimentos. 


Amnésia traumática 



Quem sofre trauma no crânio pode esquecer o que ocorreu logo antes e depois do acidente. Quanto maior for o trauma, mais prolongada será a amnésia. 


Amnésia global 



Não se retêm informações novas nem antigas. Ocorre em demências, traumas muito graves e intoxicações por monóxido de carbono. 


Amnésia global transitória 



Dura apenas algumas horas, e a recuperação é quase total. A causa não está ainda esclarecida. 


Amnésia psicogênica 



É temporária e ocorre devido a traumas psicológicos. Pode ser tanto anterógrada como retrógrada. Raramente há a perda permanente de trechos de sua vida.
Fonte: Super Interessante.


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A ciência por trás da aprendizagem

Toda vez que você aprende algo novo, seu cérebro se altera de uma forma bastante substancial. Porém, os benefícios da aprendizagem se estendem para além do cérebro. Já foi provado que aprender uma nova habilidade possui uma sorte de benefícios inesperados, incluindo a melhoria da memória e da inteligência verbal, além de aumentar as competências linguísticas da pessoa.

Da mesma forma, à medida que você vai aprendendo uma nova habilidade, essa habilidade realmente fica mais fácil para você. A pesquisadora Karene Booker, da Universidade de Cornell, localizada no estado de Nova York, EUA, explica o que acontece: “Em um experimento, observamos que o treinamento resulta em diminuição da atividade em regiões do cérebro envolvidas no controle de esforço e de atenção”, conta.

No entanto, ela relata que, após os exercícios, foi identificado um aumento da atividade em locais do cérebro responsáveis pela auto-reflexão, incluindo o planejamento futuro ou nossos sonhos cotidianos “Assim, a habilidade está associada com o aumento da atividade em áreas que não estão envolvidas no desempenho de habilidades, e essa mudança pode ser detectada em grande escala no cérebro”, diz.

Em outras palavras, quanto mais experiente você se torna em uma habilidade, menos trabalho seu cérebro tem que fazer. Com o tempo, a habilidade se torna automática e você não precisa pensar sobre o que você está fazendo. Isso ocorre porque seu cérebro realmente se reforça com o tempo para realizar da melhor forma possível tal habilidade. Foi assim quando você começou a falar, a dirigir e até nas primeiras aulas de inglês. Agora tudo parece mais fácil, não é mesmo?

Em um artigo na revista científica “Scientific American”, a neurocientista da Universidade de Oxford, no Reino Unido, Heidi Johansen-Berg, afirma que muitos eventos diferentes podem aumentar a força de uma sinapse ao aprender novas habilidades. “O processo que compreendemos melhor é chamado de potenciação de longa duração, que consiste em estimular repetidamente dois neurônios ao mesmo tempo a fim de fortalecer a ligação entre eles”, afirma. “Depois que essa forte ligação é estabelecida entre os neurônios, ao se estimular o primeiro neurônio, será mais provável que o segundo também se estimule automaticamente”.

Johansen-Berg também escreve que, além de fazer as sinapses existentes ficarem mais fortes, a aprendizagem provoca o crescimento do cérebro. Pesquisadores já foram capazes de visualizar esse crescimento em animais. “Por exemplo, poucos minutos após um rato aprender uma habilidade difícil, como conseguir passar através de um buraco para chegar numa porção de alimento, novas saliências, chamadas espinhas dendríticas, crescem sobre as sinapses em seu córtex motor, a região que permite a animais planejarem e executarem movimentos”, conta.



Quanto mais conexões entre os neurônios são formadas, mais aprendemos e mais informações somos capazes de reter. Conforme as conexão ficam mais fortes, menos precisamos pensar sobre o que estamos fazendo, abrindo tempo e espaço para a aprendizagem de uma nova habilidade.

A ciência ainda tem muito o que aprender sobre a aprendizagem. Enquanto já sabemos como as habilidades de aprendizagem afetam o cérebro, ainda estamos tentando decifrar exatamente por que isso acontece e todos os seus benefícios. Como diz o velho ditado, a prática leva à perfeição, mas a maneira como praticamos é tão importante quanto o fato de estarmos praticando.

Saber como o cérebro se adapta a novas habilidades é apenas parte do processo. Afinal, esse conhecimento é inútil se você não souber como aplicá-lo. Com isso em mente, vamos apresentar alguns dos métodos experimentados e verdadeiros de aprender novas habilidades o mais rápido possível. O segredo é sempre aumentar sua capacidade intelectual, de uma forma ou de outra. Felizmente, isso é surpreendentemente fácil.

4. Obrigue-se a aprender sem guias ou ajuda



Quando estamos aprendendo uma nova habilidade, é muito fácil confiar no YouTube, em tutoriais, orientações ou guias para nos ajudar a iniciar o processo. Isso é ótimo para aqueles que estão apenas começando, mas se continuar fazendo isso com o passar do tempo, nunca vai realmente aprender porque não estamos resolvendo problemas por conta própria.

A fim de aprender, temos de falhar. A jornalista e escritora Annie Murphy Paul chama isso de fracasso produtivo: “Temos ouvido muito ultimamente sobre os benefícios de viver e superar o fracasso. Uma maneira de obter esses benefícios é encarar as coisas de modo que você esteja certo de que vai falhar, ao enfrentar um problema difícil, sem qualquer instrução ou assistência”, propõe.

Manu Kapur, pesquisador do Laboratório de Aprendizagem de Ciências no Instituto Nacional de Educação de Cingapura, relata uma experiência em que as pessoas tentaram resolver problemas muito complexos de matemática. Eles não cconseguiram chegar até a resposta certa, porém foram capazes de bolar diversas ideias sobre a natureza dos problemas e as possíveis soluções de um exercício semelhante, dando-os a chance de executar melhor um desses problemas no futuro. Esse é o chamado “fracasso produtivo”. “Você pode implementar essa ideia na sua própria aprendizagem, permitindo que você lute contra um problema por algum tempo antes de procurar ajuda ou informação”, fala.

Tomemos o exemplo do violão. Você pode facilmente encontrar a partitura de “Paint it Black” online, mas isso não vai ajudá-lo a aprender o som real de cada acorde. Em vez disso, tente descobrir por conta própria antes de buscar uma resposta. Isso é, essencialmente, o que chamamos de “tentativa e erro”. Pode ser frustrante, mas funciona muito bem. O mesmo acontece com qualquer outra habilidade. Claro que às vezes você precisa parar e ir atrás de uma solução, mas você vai ser melhor nisso se você não o fizer.

3. Espalhe o aprendizado ao longo do tempo


Quando estamos tentando aprender algo totalmente novo, pode acontecer de nos empolgarmos e desenvolvermos quase que uma compulsão obsessiva por essa competência. No entanto, isso nem sempre é a melhor ideia. Na verdade, o ato de distribuir uma aprendizagem ao longo do tempo, também conhecida como “prática distribuída”, provou ser a melhor maneira de aprender.

O psicólogo John Dunlosky, da Universidade Estadual de Kent, Ohio, EUA e colegas relatam que espalhar o seu estudo ao longo do tempo e fazer perguntas sobre o assunto para si mesmo antes de um grande teste são estratégias de aprendizagem altamente eficazes. Ambas as técnicas têm se mostrado frutíferas na tarefa de melhorar o desempenho de alunos em diversos tipos de testes. Sua eficácia tem sido repetidamente demonstrada para estudantes de todas as idades.

“Fiquei chocado que algumas estratégias que os alunos usam muito – como a releitura e o destaque de frases importantes – parecem oferecer benefícios mínimos para a sua aprendizagem e para o seu desempenho”, diz Dunlosky.

A prática distribuída é uma técnica antiga, mas que realmente funciona muito bem para as vidas ocupadas que a maioria de nós levamos. Em vez de sentar-se por horas a fio para aprender uma habilidade, experimente a prática distribuída, que consiste em sessões mais curtas, que acabam estimulando as ligações entre os neurônios por mais vezes ao longo do tempo. Assim, em vez de tentar aprender uma habilidade tendo aulas de uma hora de duração cada noite, reserva um tempo maior no geral, mas em pequenos pedaços ao longo do dia. Até mesmo 15 minutos por dia já é o suficiente para muitos de nós.

2. Escolha muito bem seu tempo de estudo



Você não pensaria isso, mas quando você estuda ou pratica uma competência é tão importante como o quanto você o faz. Nosso relógio biológico é ajustado para trabalhar melhor durante certos períodos do dia, e isso vale para o aprendizado também. De acordo com um estudo publicado na revista “PLoS One”, aprendemos melhor quando o fazemos antes de dormir.

O estudo revelou que os indivíduos que foram dormir direto depois de aprender algo conseguiram realizar significativamente melhor em uma série de testes de memória. O sono, portanto, possui um grande impacto sobre a retenção de memória em geral. Basicamente, quando você aprende uma nova habilidade antes de dormir, você está ajudando a fortalecer a ligação entre os neurônios em seu cérebro. Isto significa que você retém essas novas informações de uma forma melhor.

1. Aplique suas habilidades todos os dias



A razão é simples: quanto mais você conseguir aplicar aquilo que está aprendendo no seu dia a dia, mais essa atividade vai ficar na sua cabeça. De pouco adianta você aprender o idioma polonês pela internet se você nunca pratica oralmente, nem lê textos nessa língua ou sequer possui um canal polonês na TV a cabo para se habituar com os fonemas. Simplesmente fica bem difícil.

Quando você aprende algo novo, você implementa tudo que faz a nossa memória funcionar. Quando você é capaz de conectar o que você está aprendendo com uma tarefa do mundo real, isso forma ligações em seu cérebro e, posteriormente, as habilidades que você está aprendendo vão permanecer na sua cabeça. Isto é especialmente verdadeiro com a aprendizagem de uma língua estrangeira, quando a aplicação prática é a chave para aprender rapidamente. Lembre-se do polonês.

Fonte: Hypescience.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

10 maneiras de "malhar" o cérebro

Às vezes nós temos cinco minutos sem nada para fazer, com por exemplo quando você está preso no trânsito, ou na sala de espera no consultório médico. Por que não fazer o bom uso desse tempo e dar uma pequena ‘malhada’ em nosso cérebro? Aqui estão 10 grandes mini-exercícios que você pode fazer em apenas 5 minutos ou menos.


1 – Jogue algum game em seu celular durante cinco minutos.



2- Memorize 3 números de telefone essenciais que você não conhece de cabeça


3- Passar por cinco arquivos de projeto ou cliente você não tenha usado em um tempo e atirar quaisquer documentos que você não precisa mais se agarrar.


4- Aprenda uma nova canção.


5- Memorize um poema (ou pelo menos uma linha ou duas) todos os dias. Rima e ritmo, isso faz com que a memória se torne mais ágil


6- Veja quantas formas de objetos diferentes você pode encontrar nas nuvens (não se preocupe, você vai se lembrar de como fazer isso, uma vez que você começar!).


7- Memorize alguma receita culinária


8- Projete seu próprio enigma – Você pode fazer palavras cruzadas – ou criar um quebra-cabeça de sua preferência. Fazendo uma grade, chegando com soluções e criando elaboração de pistas funciona para trabalhar os neurônios de forma cognitiva e criativa.



9- Da próxima vez que você for às compras,faça uma lista, em seguida, guarde. Pouco antes de chegar ao caixa, verifique para ver quais itens você se esqueceu de pegar.



10- Tente enriquecer suas habilidades com números tentando estimar quanto você gastou antes da caixa registradora.


quarta-feira, 24 de abril de 2013

7 maneiras de enganar seu cérebro


Graças a uma série de “atalhos mentais”, o cérebro humano é capaz de economizar tempo e energia na hora de interpretar informações. Existe, porém, um risco: ao pular etapas, podemos cair em ilusões e truques. A seguir, você conhecerá 7 maneiras de aproveitar esse calcanhar-de-Aquiles (e algumas outras limitações) do cérebro para “enganar” seus amigos.

7. Questão bíblica

Não é preciso ter ido a todas as aulas de catequese para responder a esta pergunta: de acordo com a Bíblia, quantos animais de cada espécie Moisés colocou na Arca? Se você respondeu “dois”, errou, porque quem colocou animais na Arca foi Noé, não Moisés.
Muita gente se engana porque associa as palavras “animais”, “Bíblia” e “arca” e dá uma resposta rápida, ainda que incorreta. Ao acessar automaticamente seus conhecimentos sobre o Antigo Testamento, a pessoa mal percebe que Moisés não era a figura em questão. Isso vale com várias outras frases, como “Qual a cor do cavalo branco de Napoleão Bonaparte?”. A resposta já está na pergunta, mas distraída pela mesma, a pessoa às vezes não percebe.

6. A mãe de Joana

A mãe de Joana tem quatro filhas: Lalá, Lelé, Lili e…?
Se você respondeu “Lolô” ou “Lulu” ou algum nome parecido com o das outras irmãs, errou, porque não percebeu que a resposta correta está no começo da frase: Joana.
Em nome da eficiência, nosso cérebro é condicionado a buscar padrões em toda parte (no caso, as três primeiras filhas têm nomes com duas sílabas começando em L e terminando em uma vogal). Como a resposta correta foge do padrão, não pensamos nela de imediato – e, já que é aparentemente óbvia, não procuramos por ela no início da pergunta.

5. Corretor automático


Veja a foto acima e diga o que há de errado nela. Nada? Engana-se: a palavra “you” (“você”, em inglês) aparece duas vezes no cartaz, mas o seu cérebro não presta atenção nela quando lê a frase pela primeira vez, porque não precisa dela pra entender. Isso é reflexo de outro “atalho cerebral” que exclui informações que parecem desnecessárias.
O cartaz possui a frase: “THINK YOU / YOU CAN’T BE FOOLED?”, que significa “Pense você / Você não pode ser enganado?”, mas a primeira vez que lemos, pensamos que o que está escrito na verdade é “Você acha que não pode ser enganado?”, por isso o cartaz imediatamente tira sarro da nossa cara, informando: “Você acabou de ser”.

4. Cegueira induzida



Se você assistir ao vídeo acima e focar no ponto vermelho, os pontos amarelos vão simplesmente “sumir”, pois são interpretados pelo cérebro como pouco importantes e como parte do fundo – algo similar a o que é citado no item acima, mas visualmente.

3. Tempo de processamento

O experimento do atraso de flash (“flash lag”) mostra, de acordo com o pesquisador Dean Buonomano, a “dificuldade em detectar com precisão o posicionamento de um objeto durante outro evento”, explicada em parte pelo intervalo entre o momento em que algo ocorreu e o momento em que nosso cérebro processou esse acontecimento.
Clique aqui para fazer o experimento. Aperte o botão “Start”, e siga com os olhos a bolinha azul. Um flash vai aparecer no canto superior direito em algum momento. Em seguida, você deve escolher com o cursor o ponto em que você acha que a bolinha estava quando surgiu o flash. Você provavelmente vai pensar que o ponto está bem à frente (ou pelo menos um pouco à frente) de onde ele realmente estava.

2. O ônibus

Veja o ônibus acima e responda rápido: pra que lado ele está indo? A resposta correta é “para a esquerda”, porque a porta de um ônibus fica sempre do lado direito, que não aparece na imagem (é como se a porta estivesse do “lado de lá” do ônibus, de frente para quem está na calçada, não para nós, que estamos olhando para o lado esquerdo do veículo). Se você anda de ônibus frequentemente, talvez não tenha tido problemas para responder. Por outro lado, se faz tempo que você não anda de ônibus, é possível que não tenha se lembrado desse detalhe – por uma questão de eficiência, o cérebro deixa certas informações menos acessíveis, para dar lugar a outras, mais recentes ou mais relevantes.

1. Dinheiro na mão

Mesmo que o faça com rapidez (cerca de 0,1 segundo), o cérebro precisa de um tempo para processar o que você vê. Para testar isso, pegue uma moeda de um real, chame um amigo e peça para ele ficar com a mão perto da moeda e com o polegar e o indicador próximos; segure a moeda a poucos centímetros da mão dele e o desafie a pegá-la apenas com os dois dedos, sem mexer a mão ou o braço, assim que você largar. Ele não vai conseguir (a menos que seja por sorte), porque até que o cérebro dele entenda que a moeda está caindo, ela já passou pelos dedos dele.
Esse intervalo deve ser levado em conta especialmente no trânsito, quando 0,1 segundo de distração pode resultar em um acidente.

Fonte: Hypescience.

terça-feira, 23 de abril de 2013

As mentiras que o cérebro conta pra você


Você fica cego 4 horas por dia. Já foi enganado por um rótulo nesta semana. Tem preconceitos sobre todos os assuntos (por mais que ache que não). Toma decisões irracionais, que vão contra os seus interesses. Você não está no controle da própria mente. Mas não se preocupe: você é normal. Não é maluco e possui um cérebro perfeito, como o de qualquer outra pessoa. Só que ele inventa coisas para iludir você. Não é por mal. É só uma maneira de economizar energia.

O cérebro humano é o objeto mais complexo do Universo. Tem 100 bilhões de neurônios, que podem formar 100 trilhões de conexões. Se fosse possível criar um computador com o mesmo número de circuitos do cérebro, ele consumiria uma quantidade absurda de eletricidade: 60 milhões de watts por hora, segundo uma estimativa de cientistas da Universidade Stanford. É o equivalente a quatro usinas de Itaipu trabalhando simultaneamente. Mas o cérebro humano gasta pouquíssima energia - 20 watts, menos que uma lâmpada. E mesmo assim consegue fazer coisas extremamente sofisticadas, de que nenhum computador é capaz.

Só que isso tem um preço. O seu cérebro não consegue analisar as situações de forma completamente racional, avaliando todas as variáveis envolvidas em cada caso. Para fazer isso, ele precisaria de ainda mais circuitos - e muito mais energia. Mas, ao longo da evolução, a natureza encontrou uma solução: o cérebro pode mentir para seu dono. Sim, mentir. Descartar informações, manipular raciocínios e até inventar coisas que não existem. Dessa forma, é possível simplificar a realidade - e reduzir drasticamente o nível de processamento exigido dos neurônios. "São efeitos colaterais do funcionamento normal do cérebro", diz Suzana Herculano-Houzel, neurocientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Tudo começa pela visão. Você não percebe, mas o cérebro edita o que você vê. Das 16 horas por dia que uma pessoa passa acordada, em média, 4 horas são preenchidas por imagens "artificiais" - que não foram captadas pelos olhos, e sim criadas pelo cérebro.

O olho humano só capta imagens com clareza em uma pequena parte, a fóvea, que tem 1 milímetro de diâmetro e fica no centro da retina. Então, para compor a linda imagem que você está vendo agora, os seus olhos estão constantemente em movimento. Eles focam determinado ponto e depois pulam para o ponto seguinte. Cada um desses saltos tem duração de 0,2 segundo. Quer comprovar isso na prática? Na próxima vez em que você estiver conversando com uma pessoa, preste atenção nos olhos dela. Você irá perceber que eles se movimentam o tempo todo para escanear vários pontos do seu rosto.

O problema é que a cada pulo desses, enquanto os olhos estão se movendo para a próxima posição, o cérebro deixa de receber informação visual por 0,1 segundo. Durante esse tempo, você está cego. E, como nossos olhos fazem pelo menos 150 mil pulos todos os dias, o resultado são 4 horas diárias de cegueira involuntária. Você não percebe isso porque o cérebro preenche esses momentos com imagens artificiais, que dão a sensação de movimento contínuo. Mas que, na prática, você não viu.

Tem mais: o que você enxerga não é o que está acontecendo - e sim o que vai acontecer no futuro. É sério. Isso acontece porque a informação captada pelos olhos não é processada imediatamente. Ela tem de passar pelo nervo óptico e só depois chega ao cérebro. O processo leva frações de segundo, e você não pode esperar - um atraso na visão pode fazer com que você seja atropelado ao atravessar a rua, por exemplo. Então, o que faz o cérebro? Inventa. Analisa os movimentos de todas as coisas e fabrica uma imagem que não é real, contendo a posição em que cada coisa deverá estar 0,2 segundo no futuro. Você não vê o que está acontecendo agora, e sim uma estimativa do que irá acontecer daqui a 0,2 segundo.

As mentiras invadem a razão

Com R$ 1,10, você pode comprar um café e uma bala. O café custa R$ 1 a mais do que a bala. Quanto custa a bala? Responda rápido. Dez centavos, certo? Errado. Você acaba de ser enganado pelo próprio cérebro. Mas não está sozinho - mais da metade dos estudantes de universidades prestigiadas como Harvard, MIT e Princeton responderam a essa mesma pergunta e também erraram (entre alunos de instituições menos badaladas, o índice de erro é ainda maior, cerca de 80%). Essa charada é um dos exemplos citados no livro Thinking, Fast and Slow (Pensando, Rápido e Devagar, ainda sem versão em português), do psicólogo israelense Daniel Kahneman, que ganhou o Prêmio Nobel de Economia por suas pesquisas sobre o comportamento humano.

Para Kahneman, o cérebro tem dois tipos de pensamento. O primeiro é rápido e intuitivo e confia na experiência, na memória e nos sentimentos para tomar decisões. O segundo é lento e analítico - e serve como uma espécie de guardião do primeiro.

Se estamos decidindo sobre o que comer, podemos ficar em dúvida entre um sanduíche e um prato de feijão. Mas por que essas duas opções, justo elas, surgiram como as alternativas válidas para o momento? Por que você não considerou um bacalhau com batatas? Por que não um sorvete de abacaxi? Porque o seu pensamento intuitivo já estava inclinado para optar pelo sanduba ou pelo feijão e restringiu previamente as escolhas antes mesmo que você se desse conta de que estava chegando a hora de almoçar. Do contrário, passaríamos horas avaliando todas as possíveis opções de refeição - e morreríamos de fome. Se o pensamento intuitivo não existisse, seria extremamente difícil escolher uma roupa ou responder a perguntas banais, do tipo "como você está?" ou "gostou do filme?". De certa forma, o pensamento intuitivo é o que nos diferencia dos robôs. E é ele que permite ao cérebro processar informações na velocidade necessária. "Ele é mais influente. É o autor secreto de muitas decisões e julgamentos que você faz", explica Kahneman no livro. Foi o pensamento intuitivo que apontou os dez centavos como resposta para o enigma do café. Só que ele mentiu para você. A resposta certa é R$ 0,05. Se a bala custasse R$ 0,10, o café custaria R$ 1,10 - e o total daria R$ 1,20.

Esse duelo entre os dois tipos de pensamento, o rápido-intuitivo e o lento-analítico, também tem uma explicação evolutiva. O córtex pré-frontal, região do cérebro responsável pelo processamento lógico, surgiu relativamente tarde na evolução da espécie humana - já as emoções e os instintos estavam com nossos ancestrais há muito mais tempo. Por isso elas são tão fortes e nos influenciam tanto. "A filosofia considera o ser humano um animal racional. Mas o que sabemos é que apenas em certas circunstâncias e à custa de muito esforço conseguimos ser racionais", afirma Vitor Haase, médico e professor de psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O pensamento intuitivo está sempre presente, até nas situações em que a racionalidade é supremamente importante. Um estudo de pesquisadores das universidades de Ben Gurion, em Israel, e Columbia, nos EUA, analisou o comportamento de juízes que deveriam decidir sobre a liberdade condicional de presos (um processo rápido, que leva 6 minutos). Em média, somente 35% dos condenados ganhavam a condicional. Mas os cientistas perceberam que os juízes eram muito mais benevolentes depois de comer. Quando eles tinham acabado de fazer uma refeição, a taxa de aprovação subia para 65%. Com o passar do tempo, a fome vinha chegando, e a concessão de liberdade condicional ia caindo. Minutos antes do próximo lanche, o índice de aprovação era quase zero.

Decidir sobre liberdade condicional e julgar a própria felicidade são tarefas complexas. Para avaliar todas as variáveis envolvidas, muitas delas subjetivas, o cérebro tenderia a ficar sobrecarregado. Por isso, ele usa atalhos. "Os nossos problemas são resolvidos no piloto automático, através de soluções que a cultura já embutiu no nosso cérebro", diz Haase.

Estudos têm revelado outra distorção: toda pessoa sempre tende ao otimismo, mesmo quando não há motivos para isso. A pesquisadora Tali Sharot, da University College London, gravou a atividade cerebral de voluntários enquanto eles imaginavam situações banais - como tirar uma carteira de identidade. Ela também pediu que os voluntários pensassem em coisas do passado. Os testes mostraram que as mesmas estruturas cerebrais são ativadas para recordar o passado e imaginar o futuro. Só que, ao imaginar o futuro, os voluntários criavam cenários magníficos - era o cérebro tentando colorir os eventos sem graça. "Cerca de 80% das pessoas têm tendência ao otimismo, algumas mais do que outras", diz ela. Para Tali, autora do livro Optimism Bias (O Viés do Otimismo, ainda sem versão em português), o otimismo é sempre mais comum que o pessimismo - seja qual for a faixa etária ou o grupo socioeconômico da pessoa. Assim, nunca acreditamos que algo vá dar errado - mesmo quando o mais racional seria pensar que sim. "As taxas de divórcio, por exemplo, chegam a 40%, 50%. Mas as pessoas que estão para casar sempre estimam suas chances de separação em o%", exemplifica Tali. Segundo ela, a inclinação natural ao otimismo também é um dos fatores que levaram à crise econômica global de 2008. "As pessoas achavam que o mercado continuaria subindo cada vez mais e ignoraram as evidências contrárias", afirma.

Ele está no controle
As manipulações criadas pelo cérebro afetam até a capacidade mais essencial do ser humano: tomar as próprias decisões. Quando você decide alguma coisa, na verdade o cérebro já decidiu - com uma antecedência que pode chegar a 10 segundos. Uma experiência feita no Centro Bernstein de Neurociência Computacional, em Berlim, comprovou que as nossas escolhas são resolvidas pelo cérebro antes mesmo de chegarem à consciência. Voluntários foram colocados em frente a uma tela na qual era exibida uma sequência aleatória de letras. O voluntário tinha que escolher uma das letras e apertar um botão sempre que ela aparecesse. Os cientistas monitoraram o cérebro dos participantes durante o experimento. E chegaram a uma descoberta impressionante: 10 segundos antes de os voluntários escolherem uma letra, sinais elétricos correspondentes a essa decisão já apareciam nos córtices frontopolar e medial, as regiões do cérebro ligadas à tomada de decisões. Cinco segundos antes de o voluntário apertar o botão, o cérebro ativava os córtices motores, que controlam os movimentos do corpo. Isso significa que, 10 segundos antes de você fazer conscientemente uma escolha, o seu cérebro já tomou a decisão para você - e até já começou a mexer a sua mão.

"O indivíduo não é livre para escolher", afirma Renato Zamora Flores, professor de genética do comportamento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O cérebro restringe previamente as suas possíveis opções e, pior ainda, escolhe uma delas antes mesmo que você se dê conta. É possível lutar contra isso. Lembra-se daquele outro tipo de pensamento, o lento-analítico? Basta colocá-lo em ação. E isso você consegue tendo calma, refletindo sobre as coisas e duvidando das suas escolhas e opiniões. Os truques do cérebro são poderosos, mas não invencíveis. Agora que você sabe como funcionam, está muito mais preparado para lidar com eles - e se tornar realmente livre para tomar as próprias decisões.
PARA SABER MAIS

Como a Mente Funciona
Steven Pinker, Companhia das Letras, 1998.

Thinking, Fast and Slow
Daniel Kahneman, Farrar, Straus and Giroux, 2011.

sábado, 20 de abril de 2013

10 coisas que você não sabia sobre o cérebro


Uma coisa estranha é que nosso cérebro falha em entender o funcionamento dele mesmo! Desde o tempo dos egípcios tentamos entender como esse órgão misterioso opera e buscamos saber o que há, afinal, entre nossas orelhas.
Mas não podemos dizer que não fizemos progresso nenhum. Aliás, confira essa lista com 10 coisas incríveis que você não sabia sobre o recheio do seu crânio:

1. O cérebro humano é enorme


Parece estranho dizer isso quando estamos tão acostumados com o tamanho de nossas cabeças. O peso médio de um cérebro adulto é de 1,4 quilos. Alguns neurocirurgiões descrevem a textura dele como “pasta de dente”. Mas não é uma analogia muito exata, já que o cérebro não se espalha como pasta de dente. Uma comparação mais cabível seria com tofú (queijo de soja). Ainda não está encantado com a descrição? Então saiba que, se algum dia você resolver colocar um cérebro no liquidificador quase irá conseguir preencher uma garrafa de refrigerante de dois litros com o conteúdo.

2. Mas os cérebros estão diminuindo

Mas não fique convencido por conseguir encher uma garrafa de Coca-cola com seu cérebro. Os humanos de cinco mil anos atrás possuíam ainda mais massa cinzenta. Arqueólogos sabem que os cérebros “antigos” eram 10% maiores baseados em “múmias” que eles encontram ao redor do mundo. Ainda não se sabe porque os cérebros estão encolhendo, mas alguns teorizam que é uma evolução para que fiquem mais eficientes. De qualquer forma, o tamanho do cérebro não é documento – segundo pesquisadores, o tamanho não é proporcional à inteligência.

3. Nosso cérebro queima energia

Ele pode representar apenas 2% do peso do nosso corpo, mas usa 20% do oxigênio do nosso sangue e 25% dos açúcares que circulam no organismo. A hipótese aceita para os cientistas é que a evolução do cérebro foi causada por mudanças climáticas, competição social e uma dieta baseada em carne (já que os nossos ancestrais precisavam caçar seu alimento).

4. Rugas nos tornam mais espertos (não aquelas que você está pensando)

Qual é o segredo da inteligência dos humanos? Acredite ou não, a resposta pode ser algo tão improvável quanto rugas! Mas não estamos falando dos pés de galinha de sua tia e sim de fissuras cerebrais chamadas de sulcos. Elas ficam no córtex cerebral – região que contém cerca de 100 bilhões de neurônios. Como o cérebro é enrugado ele tem mais superfície em um espaço menor, o que gera a possibilidade de termos mais neurônios mesmo em uma área menor.

5. A maioria das células do cérebro não é de neurônios

Aquela história de que usamos apenas 10% da capacidade de nosso cérebro é balela, mas estudos mostram que 10% é o número de células do órgão que são neurônios. Os outros 90% são de glia (que significa cola, em grego). A glia seria um material que une os neurônios, mas estudos recentes mostram que ela pode ser muito mais – elas podem modular o crescimento e o funcionamento das sinapses, além de oferecer proteção para elas.

6. O cérebro é um clube exclusivo

Ele também tem seguranças na porta, para que nem todo mundo possa entrar. Células do sistema sanguíneo do cérebro só deixam proteínas e substâncias necessárias entrarem. O problema é que isso não funciona só como proteção. Muitas vezes importantes medicamentos são mantidos fora do cérebro quando deveriam ser absorvidos por ele.

7. O cérebro começa como um tubo: o cérebro começa a crescer cedo. 

Três semanas após a concepção uma camada de células embrionárias forma o tubo neural. É só no terceiro trimestre de gravidez que o cérebro do feto começa a se parecer com um cérebro normal.

8. O cérebro dos adolescentes não está completamente formado

E não é conversa de pai careta. Parte da atitude rebelde dos adolescentes vem do fato que o cérebro deles ainda está em formação. Algumas mudanças dramáticas acontecem na parte frontal do cérebro, responsável pela opinião e pelas decisões.

9. Eles nunca param de mudar

O cérebro é uma metamorfose não-ambulante. Quando ele alcança a idade adulta ele não para de se desenvolver, por que isso significaria que você não pode fazer mais nenhuma conexão neural –ou seja, não poderia aprender. Como estamos aprendendo todos os dias, o cérebro também muda um pouco todos os dias.

10.Cérebros de homens e mulheres não são muito diferentes

Mulheres não são de Vênus e homens não são de Marte: é óbvio. O que queremos dizer é que os cérebros de homens e mulheres não são muito diferentes. Os hormônios de cada organismo afetam o desenvolvimento do cérebro de alguma forma (mulheres são mais sensíveis e homens mais estressados, por exemplo), mas o efeito do sexo no comportamento é muito pequeno – próximo a zero, de acordo com uma análise da Associação dos Psicólogos dos EUA.
Fonte: Hypescience.

10 Coisas que a mulher deve saber sobre o cérebro masculino


As noções mais populares sobre o cérebro masculino vêm de pesquisas que analisam homens com idades entre 18 e 22 anos – então não é de se surpreender que os estudos digam que eles pensam mais sobre carros, cerveja e sexo.

Mas o fato é que o cérebro do homem varia muito de acordo com sua idade.

Quer saber mais? Confira 10 coisas que uma mulher deve saber sobre o cérebro de um homem:

1. MENINOS SÃO MAIS EMOTIVOS:
Enquanto mulheres são consideradas mais sensíveis do que homens, meninos pequenos são considerados mais emotivos do que as meninas. De acordo com pesquisas não é que homens sejam menos sensíveis quando ficam adultos. Eles apenas aprendem a controlar melhor suas emoções. Segundo estudos, homens demonstram suas emoções até perceberem que os outros estão conscientes de suas reações. Após esse momento eles adotam uma expressão neutra e fingem que não estão nem aí. Isso por que, desde cedo, ensinamos aos meninos que “não é coisa de macho” se emocionar.
2. HOMENS SÃO MAIS VULNERÁVEIS À SOLIDÃO:
Homens não são tão extrovertidos quanto mulheres, o que agrava a sensação de solidão. De acordo com especialistas, viver com uma mulher pode ajudar bastante. Segundo estudos, homens que tem um relacionamento estável vivem mais, são mais saudáveis e menos ansiosos.
3. ELES SE PREOCUPAM COM AS SOLUÇÕES E NÃO COM OS PROBLEMAS:
O mito é que as mulheres sentem mais compaixão do que os homens e se importam mais com problemas. A verdade é que, em vez de ficar se preocupando com o problema, o homem se concentra imediatamente na solução – o que dá a impressão que ele se importa menos. Então quando você e seu namorado estiverem perdidos na estrada e ele não quiser parar para pedir informações, saiba que é porque todo o cérebro dele está se esforçando para achar uma solução por conta própria.
4. HOMENS SÃO “FABRICADOS” PARA ANALISAR AS MULHERES AO SEU REDOR:
Talvez o cientista que descobriu esse fato tenha sido pego pela namorada enquanto olhava uma morena sambando no carnaval. O fato é que, segundo especialistas, por terem seis vezes mais testosterona no sangue do que as mulheres o controle dos impulsos naturais pelo cérebro masculino se torna mais difícil. Então a olhada que seu marido dá para a loira oxigenada que passou por perto não é de propósito – ele estaria no “piloto automático”.
5. CIÚMES:
Os homens, por questões evolutivas, têm uma necessidade de proteger suas parceiras. Enquanto mulheres sentem o ciúme possessivo o homem, mais frequentemente, parte para a violência com o adversário. Isso por que a área do cérebro que estimula essas reações em qualquer mamífero que seja macho é maior do que nas fêmeas.
6. NECESSIDADE DE UM CHEFE:
Ou eles são os chefes ou precisam ter um. Estudos mostram que homens que estão em uma hierarquia instável e mal-estabelecida são mais ansiosos e agressivos. Aqueles que participam de organizações nas quais a hierarquia é bem definida, como no exército, têm níveis menores de testosterona e são menos agressivos entre si.
7. O CÉREBRO MASCULINO MADURO:
Durante a evolução, machos mais novos se preocuparam em competir por status e por parceiras, enquanto homens mais velhos davam mais importância à comunidade e à cooperação. E isso acontece até hoje. Estudos psicológicos mostram que homens mais velhos são mais dependentes e se preocupam mais com questões sociais, além de trabalharem melhor em equipe.
8. PAI DE PRIMEIRA VIAGEM:
Nos meses que antecedem o nascimento de um filho, o cérebro masculino se torna mais propício para raciocínios cooperativos. Até mesmo os hormônios mudam (a testosterona cai e a prolactina sobe) encorajando o comportamento paterno. Supõe-se que os responsáveis por isso sejam os feromônios de uma mulher grávida, que causariam essas mudanças em seu parceiro.
9. BRINCADEIRAS PATERNAS:
Os pais brincam com os filhos de forma diferente do que as mães. Os pais são mais espontâneos e cientistas acham que esse jeito especial faz com que os filhos tenham facilidade de aprendizado, sejam mais confiantes e mais preparados para o mundo, quando chegam à idade adulta.
10. HOMENS TAMBÉM QUEREM CASAR:
A idéia dos solteirões inveterados pode ser um dos maiores mitos sobre a masculinidade. De acordo com estudos, os homens também querem achar a mulher ideal, casar, constituir família e serem felizes para sempre. Alguns homens, claro, têm problemas com o comprometimento, mas 60% da população masculina não teria esse problema (supostamente genético) e deseja se casar. E os que já casaram dizem estar felizes com a escolha e com a vida familiar.
Fonte: Hypescience.