Como seres humanos, nós podemos agradecer
aos nossos cérebros grandes ou ossos pélvicos maciçamente
subdimensionados pelo fato de que somos completamente vulneráveis e
inúteis ao nascimento. Mas nem todos os animais têm o luxo de começar
sua vida com férias prolongadas – alguns bebês têm que usar suas
incríveis habilidades para enfrentar as piores situações e sobreviver.
Ainda assim, uma coisa é certa: eles estão a salvo de qualquer predador
que tenha um ponto fraco para fofura.
10. Cavalo-marinho
Menos de cinco cavalos-marinhos em cada mil sobrevivem até a idade
adulta. Cavalos-marinhos não têm estômagos, e por isso precisam comer
constantemente. A partir do momento em que nascem, são nadadores
terríveis obrigados a preencher a necessidade de alimento constante
enquanto evitam seus predadores naturais, como caranguejos, arraias e
até mesmo alguns peixes. Além disso, também vivem em uma batalha
constante contra as correntes oceânicas, que podem arrastá-los para
longe das áreas ricas em organismos microscópicos que eles comem, assim
como tempestades ou poluição podem levá-los a nadar tanto que eles
morrem de exaustão. Para combater tudo isso, cavalos-marinhos bebês
mudam de cor e se misturam ao seu entorno, usando sua cauda especial
para se agarra a folhagem no fundo do oceano.
9. Girafa
Quando girafas bebês vêm ao mundo, não há tempo para relaxar: elas
começam a vida com uma queda de quase dois metros de seu orifício de
saída para a difícil savana africana. Antes que possam perceber que seus
ossos doem, sua mãe tenta forçá-los a levantar-se, chutando e
empurrando-os, com medo de predadores. Depois que eles se levantam,
instantaneamente começam um curso de sobrevivência, no qual sua mãe
repetidamente os chuta e os obriga a ficar de pé novamente.
As fontes alimentares das girafas são plantas altas, e como os
filhotes são muito pequenos para alcançá-las, ficam completamente
dependentes do leite materno por até doze meses. Nas suas primeiras
semanas de vida, são forçados a se esconder em áreas de grama alta
enquanto suas mães vagueiam em busca de comida. Então, ambos se
encontram com o resto do rebanho, onde as girafas bebês devem realizar
todos os deveres de uma girafa adulta.
8. Crocodilo
Quando um crocodilo bebê nasce, cava para fora de sua concha e é
enterrado vivo (porque os ovos estão enterrados). Em seguida, emite um
estranho som alto, para que sua mãe, que está em estreita proximidade,
possa desenterrá-lo antes que sufoque. Depois, a mãe leva o bebê em sua
boca para a água, onde ele instantaneamente precisa aprender a nadar,
caçar, rastrear e evitar predadores.
Horas após o nascimento, os crocodilos bebês são proficientes o
suficiente na água para apanhar sua primeira refeição, geralmente peixes
pequenos. Eles emitem um odor especial que deixa que sua mãe saiba que
eles pertencem a ela. Ao contrário da maioria dos répteis, a mãe
crocodilo protege seus filhos o melhor que pode contra peixes, pássaros e
até mesmo outros crocodilos, mas por pouco tempo. Depois de apenas
algumas semanas de cuidar freneticamente de seus filhos, a mamãe à beira
de um colapso nervoso os deixa à própria sorte. Mais de 50% dos
crocodilos que sobrevivem ao nascimento morrem após o primeiro ano de
vida, em grande parte devido à violência entre a própria espécie.
7. Urso polar
Uma vez grávidas, ursas polares trabalham diligentemente para ganhar
pelo menos 200 kg antes do inverno: elas precisam de cada grama para se
alimentar, bem como a de seus dois filhotes, durante o inverno
implacável. Quando filhotes de urso polar nascem, pesam apenas 500
gramas. Nos primeiros meses, vivem de leite de sua mãe na segurança de
sua toca, mas depois saem para um aparentemente interminável horror de
neve e gelo. Se eles conseguem sobreviver às duras temperaturas e ventos
do ártico, bem como a constante ameaça de raposas que procuram uma
refeição indefesa, eles têm que se preocupar com a fome.
Sua mãe tem uma oferta limitada de reservas de gordura, e focas não
são nem de longe tão abundantes quanto os ursos polares provavelmente
esperariam. Nos últimos anos, com a diminuição das calotas polares,
filhotes não têm que se preocupar só com a falta de calorias, mas também
com a possibilidade de que sua mãe os coma como um último esforço para
sobreviver. Com suas habilidades incríveis, a maioria sobrevive além do
primeiro ano de vida e se torna uma máquina de matar impiedosa e
absolutamente adorável.
6. Dragões de Komodo
Os dragões de Komodo vivem apenas em algumas ilhas da Indonésia, onde
quase tudo é seu predador e eles são forçados a se esconder durante
anos. As mães abandonam seus ovos, geralmente enterrando-os no lado de
uma colina. O processo de incubação de dragões de Komodo leva horas e
tende a esgotar os bebês até o ponto que eles deitam sob suas conchas
quebradas por horas para recuperar sua força antes de sair do ninho.
Uma vez fora do ninho, eles se deparam com um número quase infinito
de predadores de todos os tipos por todas as direções, incluindo aves,
cobras, gatos e até outros lagartos. Eles são essencialmente indefesos
ao nascer, então escalam a árvore mais próxima e permanecem nela por até
três anos, comendo insetos e pássaros que estão ao alcance. Eles não
estão totalmente crescidos quando descem de sua árvore. Sendo assim,
conseguir comida muitas vezes significa comer o que sobrou de um animal
morto por um colega maior (que muitas vezes também vai tentar comê-lo).
Para evitar isso, eles rolam em suas próprias fezes e nos intestinos de
animais mortos como uma forma criativa de fazer predadores pensarem que
estão doentes e impróprios para o consumo.
5. Tigre
Filhotes de tigre nascem cegos e indefesos. Apesar deste fato, a mãe
procura o lugar perfeito para criar seus pimpolhos, e por alguma razão
quase sempre se instala em um local com toneladas de fendas rochosas
irregulares ao redor. Para ficarem seguros, eles devem usar seu
excelente senso de cheiro para continuar próximos a sua mãe. E seus
problemas não param por aí: eles vivem em uma constante batalha
hierárquica, o resultado da qual determina o nível de nutrientes que
recebem.
Filhotes de tigre adoram brincar e, ao longo dos primeiros meses de
sua vida, um filhote vai tentar afirmar o seu domínio sobre os outros. A
mãe retorna com uma matança para alimentar seus filhos e favorece a
alimentação do filhote dominante. Como se isso não bastasse, um tigre
macho vagando por aí pode ocasionalmente matar uma ninhada de filhotes
em uma tentativa de tornar a mamãe mais receptiva ao acasalamento. A
única boa notícia é que os tigres só tem um predador a não ser machos na
seca. Qual é o animal estúpido o suficiente para mexer com a ferocidade
e condenação de uma tigresa defendendo sua prole? Humanos.
4. Pinguim-imperador
Pinguins-imperador chocam dos ovos de seus pais e são imediatamente
submetidos aos exaustivos ventos da Antártida, temperaturas de menos 40
graus e fome generalizada. Uma vez chocados, eles têm duas
possibilidades para sua primeira refeição. Se sua mãe não voltou de sua
viagem de quilômetros às áreas de alimentação costeiras, o pai alimenta o
filhote com uma substância composta de 59% proteínas e 28% lipídios,
produzida por uma glândula em seu esôfago.
Se a mamãe tiver retornado, ela regurgita peixe parcialmente digerido
que está armazenando em seu estômago por semanas. Pode não ser
fascinante, mas os nutrientes fornecidos por tais refeições permitem que
eles cresçam 15 penas por centímetro quadrado, que os manterão quentes
uma vez fora da proteção. Se eles sobreviverem às condições cruéis
depois de quarenta e cinco dias, os pinguins bebês ficam grandes demais
para caber dentro de suas bolsas e formam um grupo denso, no qual ficam
juntos para criar calor e proteção. Depois de dois meses, eles começam a
pensar que há mais na vida do que ficar em torno uns dos outros, e
fazem seu caminho para o oceano, onde caçam e pescam.
3. Hipopótamo
Hipopótamos bebê nascem debaixo d’água, incapazes de respirar. Sua
mãe rapidamente usa o nariz para empurrar o bebê para a superfície, onde
ele pode tomar fôlego. Hipopótamos instantaneamente têm que aprender a
nadar. Na verdade, se um hipopótamo bebê quer comer, tem que prender a
respiração e ir debaixo d’água para beber leite de sua mãe. Se a água se
tornar muito profunda para o hipopótamo bebê, ele sobe em cima das
costas de sua mãe e descansa.
Por viverem na África, hipopótamos bebês têm muitos predadores
naturais, como leões, leopardos e crocodilos. Isso não é problema, já
que a mãe geralmente os defende muito bem. O maior assassino de bebês
hipopótamos é a desidratação. Eles não podem ficar fora da água por
muito tempo, e não têm glândulas sudoríparas. Sua única defesa é
secretar uma substância espessa e vermelha, chamada de “suor de sangue”,
porque parece que o animal está suando sangue. Na realidade, a
substância inibe o crescimento de bactérias causadoras de doenças e têm
um efeito de absorção de luz que funciona como um filtro solar.
2. Camaleão
Após 5 a 7 meses de incubação, camaleões chocam-se. Seus pais
abandonam os ovos antes que eclodam, assim o recém-nascido deve confiar
em suas próprias habilidades especiais para encontrar comida, abrigo e
segurança dos predadores. Mas eles se viram muito bem.
Camaleões bebês são criaturas passivas que ficam de braços cruzados à
espera de insetos que vêm em sua direção. Em seguida, usam suas línguas
extraordinárias para capturá-los. Ao longo da vida de um camaleão, sua
língua é muitas vezes maior do que o resto do seu corpo inteiro, se
estendendo com precisão em 30 milésimos de segundo.
Para localizar predadores e presas, ele usa seus olhos incomuns com
pálpebras fundidas que se movem de forma totalmente independente. Um
camaleão bebê pode se concentrar em dois objetos de uma vez e tem um
alcance de visão de quase 360 graus. Por fim, tem uma capacidade
incrível de atrair presas com uma falsa sensação de segurança, alterando
cores ou camuflando-se. No entanto, o principal objetivo dessa
habilidade não é se disfarçar, mas sim se comunicar com outros lagartos,
seja para repelir rivais ou atrair fêmeas.
1. Tartaruga marinha
Uma vez que as tartarugas marinhas atingem uma certa idade, a vida é
muito legal. Elas surfam as correntes oceânicas, brincando em torno dos
recifes de coral à procura de águas-vivas, admirando as cores. Se estão
se sentindo antissociais, podem se esconder dentro de seus cascos fortes
e camufladas e fingir serem rochas. Infelizmente, apenas uma em mil
tartarugas consegue tal vida, por causa da sequência angustiante de
eventos com que são confrontadas desde o nascimento.
As tartarugas marinhas nascem sem as mães. Dois meses antes de
eclodirem, sua mãe encontra uma praia, cava um buraco circular e
deposita cerca de 200 ovos para incubação. Em uma tentativa de evitar
predadores, ela tapa o buraco, suaviza a areia para esconder sua
localização, e volta indiferente para o oceano. Uma vez que eclodem, as
tartarugas marinhas bebês cavam para a superfície até que veem luz
suficiente para determinar se é noite ou dia. Então, geralmente quando
está escuro, irrompem para fora do buraco e fazem uma louca corrida para
o oceano, através do pior caminho com obstáculos já construído.
Elas correm por suas vidas esquivando-se de algas e caranguejos
enquanto evitam serem comidas e atacadas por pássaros, guaxinins e gatos
que procuram uma refeição fácil. Se as tartarugas têm a sorte grande de
chegar ao mar, nadam tão rápido quanto possível, lutando contra ondas e
a maré para chegar ao oceano, onde começam o que os especialistas
consideram seus “anos perdidos”. Este é o período de dez anos no qual a
juventude torna as tartarugas incapazes de fazer tarefas normais. Elas
são simplesmente arrastadas inexoravelmente pela água, constantemente
evitando emaranhados mortais de algas e predadores, como se fosse um
sushi bar sem vontade própria. Pobres tartaruguinhas.
Fonte: Hypescience.