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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Como fotografar o céu noturno mesmo em regiões de extrema poluição luminosa

Por: Justin Ng

Quem é que não se maravilha o ver uma bela foto do céu noturno com a Via Láctea brilhando, ou com rastros de estrelas tomando conta do firmamento? Se você já se aventurou na arte da astrofotografia, então você já percebeu que não é uma tarefa fácil... e se você estiver em um céu cheio de poluição luminosa, como em cidades grandes, aí fica impossível certo? Não, errado!

premiado astrofotógrafo Justin Ng de Cingapura criou um tutorial de como fotografar o céu noturno mesmo em áreas onde há muita poluição luminosa.

"Este tutorial mostra como eu fotografei a Via Láctea, mesmo obscurecida pela poluição luminosa extrema de Cingapura, utilizando equipamentos de fotografia que provavelmente você já tem, e alguns trabalhos que provavelmente funcionam na maioria das versões do Photoshop", escreveu Justin Ng. Ele acrescenta ainda que o tipo de processamento de fotos que ele usa no Photoshop pode ser alcançado sem a compra de plugins adicionais.


Justin diz que tirar fotos do céu noturno é uma maneira de "fazer sua parte para promover a conscientização pública da astronomia e da importância de preservar a beleza dos nossos céus noturnos através de suas imagens. E eu vou mostrar como você pode fazer exatamente isso usando um equipamento de fotografia que você provavelmente já tem, e com trabalhos de processamentos fáceis, acessíveis na maioria das versões do Photoshop".

Para este tutorial, você vai precisar de algum conhecimento prévio sobre fotografia básica e pós-processamento. Abaixo, encontre um resumo de como fotografar o céu com poluição luminosa:

Parte 1 - Reconhecimento do céu

Em primeiro lugar, devemos ter uma noção básica de como encontrar a Via Láctea, ou melhor ainda, o centro da Via Láctea.



A região central da Via Láctea fica entre as constelações de Scorpius (Escorpião) e Sagitarius (Sagitário). A região central da Via Láctea fica evidente entre abril e setembro. Veja como localizá-la no céu:



Parte 2 - Equipamento necessário

Câmera DSLR

Lentes grande angular 16-35 mm F2.8

Tripé

Parte 3 - Fotografando o céu


Verifique a previsão do tempo para ter certeza de o céu estará o mais limpo possível. Após identificar a região do centro da Via Láctea, configure a abertura para 2.8ISO 6400 e distância focal de 16mm.



Utilize o maior tempo de disparo possível, mas não tanto a ponto de capturar o rasto das estrelas. Use a regra dos 500, onde você divide 500 pela distância focal. No caso, 500/16=31.25 segundos de exposição. Para não chegar no limite, faça o disparo com 30 ou 25 segundos de duração. Mas devemos nos lembrar que, em céus com grande luminosidade, não conseguimos uma exposição tão alta, então, algo em torno de 6 segundos já é o suficiente.

by Justin NG

Dê prioridade para fazer as fotos em modo RAW, assim, teremos o máximo de qualidade possível. Se possível, utilize a técnica chamada ETTR, onde a foto fica com uma alta exposição, com muita luz. Claro, que no pós processamento teremos que ajustá-la, mas é mais fácil uma imagem muito exposta do que o contrário. Mas não deixe uma exposição tão alta a ponto de saturar e "pixelizar" a imagem.

Parte 4 - Pós processamento

Após normalizar a foto super-exposta, poderemos ver a Via Láctea. Para isso, você deve ajustar obalanço do branco, e remover o ruído. Ajuste também o nível de contraste e as curvas. Se a foto tivesse sido feita em um céu escuro, isso já seria o suficiente, mas como estamos falando de um céu com muita poluição luminosa, teremos ainda que fazer outros ajustes.



Clique em imagem -> ajustes -> HDR toning (Photoshop CS5 acima). Se não houver essa função no seu Photoshop, clique em imagem -> ajustes -> sombra/realce ,e faça os ajustes necessários que funcionarem melhor para sua foto.




Em imagem -> ajustes -> níveis  e também  imagem -> ajustes -> curvas, e faça as alterações que melhor se ajustam para sua foto.


Parte 5 - Acabamento final

Agora a foto já está pronta. Basta ajustar o que achar melhor para combinar com o seu gosto pessoal, como brilhocontrasteequilíbrio de cores, etc...

Veja a mesma imagem antes e depois do processamento:


Pronto! Aí está o passo-a-passo de como fotografar o céu noturno mesmo com muita poluição luminosa. Com persistência e prática, logo você estará fazendo belas astrofotografias da Via Láctea mesmo em locais com aquele famoso " céu alaranjado ".

Conheça o incrível trabalho do astrofotógrafo Justin Ng. Você poderá acessar o tutorial completo e conhecer outras dicas em seu site oficial em inglês clicando aqui.

E não deixem de enviar as melhores fotos para nós! Espero que tenham gostado. Boa sorte à todos, e bons céus!






terça-feira, 9 de setembro de 2014

10 cavernas interessantes pelo mundo

Cavernas são mais do que apenas buracos. Sim, muitas vezes são mofadas, lamacentas e úmidas. Mas também podem ser feitas de mármore, cristal ou basalto, podem estar repletas de vida selvagem, podem ser tão grandes quanto um cânion, ou estar inundadas com água congelante… Enfim, são bastante extraordinárias. Confira:

10. Eisriesenwelt


A caverna Eisriesenwelt, na Áustria, é a maior caverna de gelo do mundo, com uma extensão de quase 50 quilômetros. Seu nome significa “Mundo dos Gigantes de Gelo”. Descoberta em 1879, suas câmaras são interligadas, permitindo que o ar flua através de todas. Isto também significa que podem ficar muito frias, e roupa de inverno é apropriada para visitas. As formações de gelo possuem cores diferentes devido ao conteúdo mineral diferente das câmaras. Eisriesenwelt fica acima de Werfen Village, em Salzburg. Lâmpadas são entregues aos turistas antes dos tours, e às vezes as formações de gelo são iluminadas com lâmpadas de magnésio para efeitos dramáticos. Apenas uma parte do comprimento da caverna é aberta ao público.

9. Gruta de Fingal


Staffa é uma ilha desabitada na costa da Escócia, que hospeda várias cavernas marítimas, sendo a mais famosa a Gruta de Fingal, também chamada de Uamh Binh, ou Caverna da Melodia. A Gruta de Fingal tem 70 metros de comprimento e é feita inteiramente de colunas hexagonais de basalto interligadas, semelhantes às encontradas na Calçada dos Gigantes, possivelmente formadas por fluxo de lava pré-histórico e um mar agitado. Em 1829, o compositor Felix Mendelssohn visitou a caverna, e o som das ondas no seu interior se tornou a inspiração para o seu Hebrides Overture.

8. Grotto Azzura


A Grotto Azzura (ou Gruta Azul) é a mais famosa atração turística de Capri. É uma caverna meio inundada pelo mar, preenchida com uma estranha luz azul. No período romano, acreditava-se que era o lar de sereias e demônios. A coloração estranha é causada por uma filtração da luz solar através de uma abertura próxima da superfície da água. Qualquer coisa imersa na água também parece prata, devido a bolhas. A melhor hora para visitar a Gruta Azul é no início da tarde, quando o sol brilha diretamente para fora da caverna.

7. Túnel de glicínia


Os Jardins de Kawachi Fuji são o lar de uma exibição deslumbrante de glicínias, dispostas em um túnel estilo caverna. Cerca de 150 glicínias de pelo menos 20 espécies são cultivadas no jardim, nas cores roxo, branco, azul, violeta ou rosa. A melhor época para visitar o túnel é do final de abril até meados de maio, quando um festival é realizado. O pico da temporada é o final de abril. Qualquer visita fora desse período significa que as plantas não estarão floridas, e a maioria delas parecerá uma massa desanimadora de ramos sem vida.

6. Orda


Ordinskaya, ou Caverna Orda, é a mais longa caverna subaquática da Rússia e a única do seu tipo formada de gesso do mundo. Seu comprimento é de quase 5 quilômetros de água tão clara que os mergulhadores podem ver cerca de 45 metros à frente deles. Também não há correntes na caverna. Porém, cuidado: a Orda não é um bom lugar para se perder, já que existem muitas passagens menores que conduzem para longe da caverna principal e que ainda estão apenas sendo encontradas. A água tem uma temperatura congelante de menos 20 graus Celsius na superfície, e qualquer coisa em que você toque nela pode facilmente quebrar. O mergulhador Lamar Hires diz que viu pedaços de gesso tão grandes quanto carros e ônibus caindo das paredes e teto da caverna.
5. Cavernas de Waitomo

As Cavernas de Waitomo são o lar de uma espécie de pirilampo nativo da Nova Zelândia: Arachnocampa luminosa. Eles brilham para atrair insetos e poder se alimentar deles. Milhares desses vaga-lumes vivem nas cavernas, que se tornaram uma das principais atrações da Ilha Norte da Nova Zelândia. Também conhecida como Gruta do Pirilampo, ela é navegável por barco sob as luzes dos animais no teto. A câmara inferior do sistema possui uma acústica reconhecida por estrelas da ópera internacionais.

4. Rio subterrâneo de Palawan


O rio subterrâneo de Palawan, nas Filipinas, também chamado de rio subterrâneo St. Paul, foi reconhecido como um parque nacional em 1971. É um rio de 8 quilômetros que corre direto para o mar. Ao longo do caminho, flui através de uma caverna, com algumas das formações calcárias mais belas do mundo. Algumas dessas formações se assemelham a animais, ou cogumelos, ou ainda pessoas. Em 28 de janeiro de 2012, o rio foi eleito uma das novas Sete Maravilhas da Natureza. Uma licença especial é necessária quando se quer viajar por todo o comprimento do rio.

3. Catedral de Mármore


Cuevas de Marmol, ou Catedral de Mármore, é uma caverna esculpida no lago General Carrera do Chile, que se estende na fronteira do país com a Argentina. Visitantes precisam caminhar muito para chegar até lá (da capital chilena a cidade de Coyhaique, e depois mais 320 quilômetros até a caverna a sul do lago), mas a longa viagem vale a pena, já que os espectadores são recompensados com águas cristalinas e paredes lindamente padronizadas de mármore. As cavernas são acessíveis apenas por barco. A gruta foi formada há 6.000 anos por ondas quebrando em carbonato de cálcio. A cor da água varia com o tempo, o nível da água, e a época do ano.

2. Lubang Nasib Bagus


O Lubang Nasib Bagus, ou “Caverna da Boa Sorte”, é famosa pela Gruta de Sarawak, a maior câmara de caverna do mundo. Ela está localizado no Parque Nacional de Gunung Mulu, em Bornéu. A altura do seu teto é estimada em 100 metros e as suas dimensões máximas foram estimadas em 700 x 400 metros. A câmara é tão grande que oito jatos jumbo poderiam caber ao longo de seu comprimento, e poderia ser uma garagem (inacessível, vale dizer) para 7.500 ônibus. Todas as cavernas do sistema foram criadas por água corrente cinco milhões de anos atrás. Outras cavernas encontradas em Lubang Nasib incluem a Caverna dos Ventos e a Caverna da Felicidade.

1. Gruta Krubera


Em 2001, a Gruta Krubera, alternativamente chamada de Caverna Voronja, foi nomeada a caverna mais profunda do mundo. Em outubro de 2004, cientistas estimaram que sua profundidade é de 2.080 metros. A caverna está localizada na Abkhazia, uma república que pertence à Geórgia, mas afirma ser um Estado independente. Para alcançar as profundezas da caverna, espeleologistas da Universidade Hebraica de Jerusalém mergulharam na água pouco acima de zero grau Celsius. Eles enfrentaram também uma enchente que os deixou isolado por 30 horas. Em profundidades superiores a 300 metros, diversas formas de vida foram encontradas, como vermes parasitas e peixes transparentes.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

6 crenças sobre psicologia que todo mundo acredita

Psicologia é uma daquelas coisas que todo mundo acha que sabe. Quem nunca “deu um de psicólogo”, e confortou um amigo? Ou pensou que descobriu a raiz do sofrimento de um colega de trabalho? Mas, como qualquer ciência com espaço na cultura pop, um monte de declarações comuns que ouvimos todos os dias são tão erradas que um profissional desmaiaria se as ouvisse. Confira e fique esperto:

1 – “Se você expressar sua raiva, se sentirá melhor”


Você com certeza já ouviu alguém falar que, se você guardar sua raiva, um dia não vai aguentar, vai estourar. E, de fato, nos filmes sempre tem um ponto no qual o personagem “enlouquece”, dispara uma bala pro ar, amassa uma boneca, grita em um travesseiro, dá pancadas na parede, ou estrangula um gatinho. E daí, veja só, se sente muito melhor. Sim, muitas das terapias atuais foram construídas em torno desta ideia, basicamente incentivando as pessoas a controlar sua raiva socando um saco de pancadas para impedi-las de fazer o mesmo com seu chefe. Faz sentido, né?


Por que é mentira: pesquisas dizem que isso não funciona. Expressar a raiva, mesmo contra objetos inanimados, não torna ninguém menos bravo. Na verdade, faz você querer ficar irritado. Os seres humanos têm uma coisa chamada “hábitos”. Quando fazemos algo, e isso nos faz sentir bem, queremos fazer isso de novo e mais frequentemente. É por isso que você não vê um monte de monges budistas jogando tijolos através de vidros em seu caminho para a iluminação. A raiva é “viciante”, e “bater” como um meio para controlá-la é como beber para controlar sua vontade de beber. E isso é má notícia, considerando que há muitas situações onde não há um objeto inanimado para socar.


2 – “Acredite em você mesmo, e você terá sucesso”


Autoestima é martelada em nossos cérebros a vida inteira. Você tem que tê-la, baseado na crença de que os com autoestima elevada se dão melhor na vida, fazem e mantêm mais amigos, e em geral funcionam melhor como um membro da sociedade. Quase todos os filmes de adolescente são defensores dessa teoria. O impopular, cansado de anos de abuso, deprimente, um dia descobre sua própria autoestima em tempo para o grande baile/jogo/viagem. Então, todo os outros alunos da escola percebem essa mudança radical e ele se torna o garoto mais popular. Programas e livros de autoajuda trazem essa ideia também, prometendo que o reforço da autoestima é a chave para superar obstáculos e fracassos. Mesmo escolas de ensino fundamental nos EUA começaram a dar aulas de autoestima para as crianças, porque, como todos sabem, a chave para a felicidade é receber recompensas por pouca ou nenhuma coisa.

Por que é mentira: isso parece ser um uma confusão entre correlação e causalidade. Ao invés de pensar: “Talvez as crianças com alta autoestima se sentem bem consigo mesmas porque tiram boas notas na escola e têm muitos amigos”, eles decidiram que é o contrário, que eles se dão bem porque têm autoestima. Então, tentaram ensinar as pessoas a se sentirem bem consigo mesmas por qualquer razão, como se disso se seguisse algo melhor (o que não ocorre). Isso resulta em algumas crianças com muita autoestima, uma raça que classificamos como “babacas”. Não é brincadeira. Pesquisas mostram que crianças com um senso inflado de autoestima se tornam agressivas quando sua “superioridade” é posta em causa, levando a uma queda mais prejudicial quando ela percebe que é uma fracassada. Nós certamente não somos especialistas, mas talvez seria melhor ensinar coisas que levam ao sucesso (como habilidades sociais e de comunicação, estratégias para lidar com o stress, etc.) e deixar que isso leve naturalmente ao sucesso, ao invés de ir direito para a parte da autoestima.


3 – “Membros de religiões ou seitas são estúpidos e ingênuos”


Há uma ideia de que quem participa de uma seita (ou religião organizada de qualquer tipo) ou é fraco, ou retardado, ou uma combinação dos dois. Nós tendemos a associar cultos com fanatismo, supondo que todos eles são formados por pessoas que usam roupas esquisitas e vivem em locais afastados. Graças a certas seitas apocalípticas e/ou suicidas que já foram manchetes internacionais, não temos mesmo muita razão para pensar o contrário.

Por que é mentira: Estudos mostram que membros de seitas são tão inteligentes, se não mais, do que o público em geral. E cerca de 95% dos membros são perfeitamente saudáveis (quando entram para a religião, pelo menos), sem histórico de problemas psicológicos. Eles não são estúpidos, nem loucos. Claro que isso só serve para tornar os cultos ainda mais assustadores. Como diabos essas seitas conseguem que pessoas – que são tão sãs e inteligentes – juntem-se a eles?

Como animais sociais que somos, nós queremos pertencer a um grupo. É uma necessidade tão básica e real como fome ou sexo. Quando não estamos bem (perdemos o emprego, ou mudamos para uma nova cidade ou terminamos com um namorado), ficamos um pouco loucos. Os cultos são muito bons em encontrar pessoas nesse momento de fraqueza, e dizer exatamente a coisa certa. E uma vez que essas pessoas estão em algum culto, percebem que não, nem todos os membros acabam fazendo parte de uma cerimônia bizarra suicida. A maioria leva uma vida normal e bem sucedida.


4 – “Cuidado! Propagandas têm mensagens subliminares para nos fazer querer algo”


Esse grande mito parece ressurgir toda década de uma forma diferente. Na década de 80 era mensagens supostamente escondidas (e satânicas!) em músicas de rock, só audíveis quando os discos eram tocados ao contrário, mas ainda assim capazes de secretamente influenciar o cérebro adolescente quando tocado normalmente. Mensagens subliminares também são técnicas em que anunciantes poderiam supostamente jogar uma mensagem em uma tela tão rápido que não seria percebida conscientemente, mas ainda capaz de enganar seu subconsciente para fazer ou comprar o que o anunciante quisesse. Hoje existem afirmações semelhantes sobre “programação neurolinguística”, que artistas como o mágico Derren Brown afirmam que lhes permite controlar qualquer pessoa “introduzindo” palavras de comando em uma frase, despercebidamente, é claro. Tudo isso equivale à mesma coisa: formas de comunicação que podem magicamente manipular seu subconsciente até que você não passe de um fantoche.

Por que é mentira: nenhum método de mensagens subliminares funciona. Não, seu cérebro não pode pegar mensagens subliminares nem mesmo quando você intencionalmente reproduz uma faixa ao contrário. Se você ouviu algo, foi produto de sua própria imaginação. O único estudo que disse que rápidas telas publicitárias imperceptíveis durante filmes no cinema (que diziam “Beba Coca-Cola” e “Fome? Coma pipoca”) levam ao aumento massivo nas vendas de ambos os produtos provavelmente foi baseado em dados falsos, se é que realmente aconteceu (além do mais, ninguém bebe Coca ou come pipoca no cinema, né). Quanto à programação neurolinguística, não preciso dizer nada: há uma razão pela qual o sujeito principal conhecido por usá-la é um mágico. Se realmente houvesse um método confiável de distribuir mensagens invisíveis que poderiam transformar as massas em robôs, quem o dominasse dominaria também o mundo. Eles não precisariam de força militar para invadir outro país, apenas ter sua transmissão ouvida pela população de lá. O fato de que todos os governos na história do planeta não foram capazes de inventar esse método nos deixa muito confortáveis em chamá-lo de “mentira”.


5 – “O detector de mentiras pode apontar quem não fala a verdade”


O que suspeitos de assassinato, candidatos a empregos públicos e concorrentes de jogos de televisão têm em comum? Eles podem acabar ligados a um polígrafo para ver se estão dizendo a verdade. Testes de polígrafo (“detector de mentiras”) remontam ao início do século 20. Nos próximos 80 anos as máquinas se tornaram suficientemente avançadas para que a sociedade permitisse sua utilização em jogos de programas de televisão. Que ótimo drama ver um desconhecido ligado a uma máquina tendo seus segredos expostos por dinheiro (o que descreve todos os programas de televisão com jogos).

Por que é mentira: o problema sempre foi o apelido “detector de mentiras”, pois fica implícito que as máquinas de algum modo sabem a verdade, e podem sentir a falsidade no ar. Obviamente isso não é verdade. Elas simplesmente medem o número de respostas físicas que podem significar que alguém está mentindo. Estudos mostram que os testes de polígrafo são ligeiramente bons, mas longes de ser totalmente precisos. Em 2003, um amplo estudo da Academia Nacional de Ciências americana descobriu que polígrafos ajudam a detectar as mentiras a uma taxa um pouco melhor do que decidir na moeda se é verdade ou mentira. Se sua taxa de acerto é apenas um pouco maior que o acaso, o grande número de falsos positivos pode tornar o esforço inútil. Há um grande número de variáveis que podem enganar os resultados, e várias pessoas já descobriram truques para driblar o teste (o espião soviético Aldrich Ames bateu o polígrafo duas vezes). É por isso que ele é, de certa forma, pior do que jogar uma moeda. Com a moeda, você sabe que é aleatório. Com o polígrafo, você tem uma falsa sensação de segurança (afinal, o cara culpado que engana o teste é agora menos suspeito do que se não tivesse sido testado). Fala sério…


6 – “Quem odeia gays é provavelmente secretamente gay”


Se você assistir a qualquer filme ou programa de televisão que enfoca personagens gays, com certeza em algum momento verá o personagem “Odeia Gays Porque É Secretamente Gay” (tome por exemplo o “David Karofsky”, da série popular Glee). É tão arquétipo da cultura pop que, na vida real, quando você vê um cara na academia expressando desagrado com a coisa toda gay, você automaticamente assume que ele tem fotos de caras musculosos debaixo da cama. E realmente, isso também existe na vida real; quem nunca ouviu falar de um político conservador que acabou sendo acusado de enviar e-mails pornográficos a menores do sexo masculino?

Por que é mentira: Dá para admitir que às vezes é verdade. Houve até um estudo feito em 1996 com 64 estudantes universitários, 35 dos quais eram homofóbicos. Os pesquisadores mediram suas ereções (sério) enquanto eles assistiam pornô (sim, isso aconteceu MESMO). Verificou-se que a maioria dos homofóbicos ficou pelo menos semiereto enquanto assistia pornô gay, mas apenas cerca de um quarto dos não homofóbicos tiveram ereção. Porém, isso é um pouco estranho: se quase a metade de todos os participantes do estudo tiveram pelo menos uma semiereção assistindo pornô gay, então metade da população masculina é secretamente gay? Eu chuto que isso é bastante improvável.

Fonte: Hypescience.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Como funciona a anestesia geral?


Ao receber uma anestesia geral, você “apaga”, ou seja, fica totalmente inconsciente e imóvel. Você "vai dormir" e não sente nem se lembra de nada do que acontece depois que as drogas começam a agir em seu organismo.

Não se sabe exatamente como a anestesia geral funciona, mas segundo a teoria mais aceita, ela afeta a medula espinhal (por isso você fica imóvel), o sistema ativador reticular do tronco cerebral (o que explica a inconsciência) e o córtex cerebral (que provoca mudanças na atividade elétrica em um eletroencefalograma).

Cirurgias grandes e complexas, que exigem um longo período de tempo, geralmente requerem anestesia geral. Os pacientes podem ficar anestesiados durante apenas algumas horas para uma substituição da rótula, ou até seis horas para algo mais complicado, como a cirurgia de ponte de safena.

Se está se preparando para uma cirurgia que exige anestesia geral, geralmente você conversará com o anestesista sobre seu histórico médico. Isso é importante porque pessoas com determinadas condições podem exigir cuidados especiais sob anestesia - um paciente com pressão arterial baixa pode precisar de uma dose de efedrina, por exemplo. Pacientes alcoólatras ou usuários de drogas também tendem a reagir de forma diferente à anestesia. Recomenda-se jejum absoluto várias horas antes da cirurgia, já que sob anestesia geral, é possível aspirar ou respirar os conteúdos do estômago.

Sob anestesia geral, você deve usar uma máscara ou tubo respiratório, porque os músculos ficam relaxados demais para manter as vias aéreas abertas. Várias coisas diferentes são monitoradas continuamente durante o processo: oximetria do pulso (nível de oxigênio no sangue), frequência cardíaca, pressão arterial, frequência respiratória, os níveis de dióxido de carbono durante a exalação, a temperatura, a concentração do anestésico e a atividade cerebral. Um alarme dispara se o seu nível de oxigênio cair abaixo de um determinado ponto.


A anestesia geral possui quatro estágios: 



• Durante o primeiro estágio, a indução, o paciente recebe a medicação e pode começar a sentir seus efeitos, mas continua consciente. 

• Em seguida, o pacientes passa por uma fase de excitação. Ele pode se contorcer ou apresentar padrões irregulares de respiração ou de batimentos cardíacos. Os pacientes nessa fase não se lembram de nada, porque já estão inconscientes. Ela dura muito pouco tempo e avança rapidamente para o terceiro estágio.

• Durante o terceiro estágio, os músculos relaxam, a respiração se estabiliza e o paciente é considerado totalmente anestesiado. 

• O estágio quatro da anestesia não faz parte de um procedimento padrão. Ele ocorre quando um paciente recebe uma overdose de drogas, o que pode provocar uma parada cardíaca ou respiratória, lesão cerebral ou morte, se medidas rápidas não forem tomadas.

A anestesia geral é uma técnica anestésica que promove abolição da dor (daí o nome anestesia), paralisia muscular, abolição dos reflexos, amnésia e, principalmente, inconsciência. A anestesia geral faz com que o paciente torne-se incapaz de sentir e/ou reagir a qualquer estímulo do ambiente, sendo a técnica mais indicada de anestesia nas cirurgias complexas e de grande porte.


Como é feita a anestesia geral



A anestesia geral possui quatro fases: pré-medicação, indução, manutenção e recuperação.

A fase de pré-medicação é feita para que o paciente chegue ao ato cirúrgico calmo e relaxado. Normalmente é administrado um ansiolítico (calmante) de curta duração, como o midazolam, deixando o paciente já com um grau leve de sedação. Deste modo, ele entra na sala de operação sob menos estresse.

A fase de indução é normalmente feita com drogas por via intravenosa, sendo o Propofol a mais usada atualmente. Após a indução, o paciente rapidamente entra em sedação mais profunda, ou seja, perde a consciência, ficando em um estado popularmente chamado de coma induzido (leia: COMA INDUZIDO). O paciente apesar de estar inconsciente, ainda pode sentir dor, sendo necessário aprofundar ainda mais a anestesia para a cirurgia poder ser realizada. Para tal, o anestesista também costuma administrar um analgésico opióide (da família da morfina) como o Fentanil.

Neste momento o paciente já apresenta um grau importante de sedação, não sendo mais capaz de proteger suas vias aéreas das secreções da cavidade oral, como a saliva. Além disso, na maioria das cirurgias com anestesia geral é importante haver relaxamento dos músculos, fazendo com que a musculatura respiratória fique inibida. O paciente, então, precisa ser intubado* e acoplado a ventilação mecânica para poder receber uma oxigenação adequada e não aspirar suas secreções.

* Em algumas cirurgias mais rápidas, ou que não abordem o tórax ou o abdômen, pode não ser necessária intubação, ficando o paciente apenas com uma máscara de oxigênio.



Anestesia geral


No início da fase de manutenção as drogas usadas na indução, que têm curta duração, começam a perder efeito, fazendo com que o paciente precise de mais anestésicos para continuar o procedimento. Nesta fase, a anestesia pode ser feita com anestésicos por via inalatória ou por via intravenosa. Na maioria dos casos a via inalatória é preferida. Os anestésicos são administrados através do tubo orotraqueal na forma de gás (vapores) junto com o oxigênio, sendo absorvidos pelos alvéolos do pulmão, passando rapidamente para a corrente sanguínea. Alguns exemplos de anestésicos inalatórios são o óxido nitroso e os anestésico halogenados (halotano, sevoflurano e desflurano), drogas administradas continuamente durante todo o procedimento cirúrgico.

A profundidade da anestesia depende da cirurgia. O nível de anestesia para se cortar a pele é diferente do nível para se abordar os intestinos, por exemplo. Conforme o procedimento cirúrgico avança, o anestesista procura deixar o paciente sempre com o mínimo possível de anestésicos. Uma anestesia muito profunda pode provocar hipotensões e desaceleração dos batimentos cardíacos, podendo diminuir demasiadamente a perfusão de sangue para os tecidos corporais.

Quando a cirurgia entra na sua fase final, o anestesista começa a reduzir a administração das drogas, já planejando uma cessação da anestesia junto com o término do procedimento cirúrgico. Se há relaxamento muscular excessivo, drogas que funcionam como antídotos são administradas. Nesta fase de recuperação, novamente analgésicos opioides são administrados para que o paciente não acorde da anestesia com dores no local onde foi cortado.

Conforme os anestésicos inalatórios vão sendo eliminados da circulação sanguínea, o paciente começa a recuperar a consciência, passando a ser capaz de voltar a respirar por conta própria. Quando o paciente já se encontra com total controle dos reflexos das vias respiratórias, o tubo orotraqueal pode ser retirado. Neste momento, apesar do paciente já ter um razoável grau de consciência, ele dificilmente se recordará do que aconteceu nesta fase de recuperação devido aos efeitos amnésicos das drogas.


Riscos da anestesia geral



Existe um mito de que a anestesia geral é um procedimento perigoso. Complicações exclusivas da anestesia geral são raras, principalmente em pacientes saudáveis. Na maioria dos casos, as complicações são derivadas de doenças graves que o paciente já possuía, como doenças cardíacas, renais, hepáticas ou pulmonares em estágio avançado, ou ainda, por complicações da própria cirurgia, como hemorragias ou lesão/falência de órgãos vitais. 

Só como exemplo, um trabalho canadense de 1997, apenas com cirurgias odontológicas com anestesia geral, ou seja, cirurgias de baixo risco realizadas em pacientes saudáveis, detectou uma taxa de mortalidade de apenas 1,4 a cada 1 milhão de procedimentos. Isto prova que a anestesia em si é muito segura.

É importante destacar que muitas cirurgias sob anestesia geral são realizadas em pacientes com doenças graves ou em cirurgias complexas de alto risco. Porém, na imensa maioria dos casos, quando o desfecho é trágico, raramente a culpa é apenas da anestesia geral.

Também há de se destacar que a anestesia geral é um procedimento complexo, devendo ser feita somente por profissionais qualificados e em ambientes com ampla estrutura para tal.

Fatores que aumentam o risco de complicações em anestesia geral

Antes de qualquer cirurgia, um anestesista irá consultá-lo para avaliar o seu risco cirúrgico. Além do reconhecimento prévio de doenças graves que podem complicar o ato cirúrgico, é importante para o anestesista saber algumas informações pessoais do paciente que possam aumentar o risco da anestesia, tais como:

- História prévia de reação anafilática (leia: CHOQUE ANAFILÁTICO | Causas e sintomas).
- Alergias alimentares ou a drogas.
- Uso frequente de bebidas alcoólicas (leia: EFEITOS DO ÁLCOOL E ALCOOLISMO).
- Uso de drogas, principalmente cocaína (leia: COCAÍNA | CRACK | Efeitos e complicações).
- Uso de medicamentos.
- História de tabagismo (leia: MALEFÍCIOS DO CIGARRO).
- Apneia do sono.
- Obesidade (leia: OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA).


Conclusão sobre anestesia geral



A anestesia geral é um procedimento seguro quando realizado por uma equipe capacitada, sendo habitualmente o método anestésico mais indicado para cirurgias de médio/grande porte.





quarta-feira, 13 de agosto de 2014

As cinco substâncias mais venenosas do mundo

Com o anúncio de um novo inquérito sobre o assassinato de Alexander Litvinenko, russo que foi envenenado em 2006 em Londres com polônio, o envenenamento volta aos noticiários.
Na internet, é possível encontrar vários artigos com as listas das substâncias mais venenosas, que muitas vezes são reunidas com base na sua toxicidade aguda, conforme um índice chamado DL50. Entretanto, a toxicidade aguda é apenas um fator que precisa ser considerado e depender exclusivamente da DL50 ou medidas similares é demasiado simplista.

A DL50 (abreviação de dose letal mediana) mede a dose de uma substância necessária para matar metade de uma determinada população, normalmente de camundongos. Normalmente, é medida com a dosagem necessária pela unidade de peso do animal. Esta parece ser uma forma cruel, mas objetiva, de quantificar o quão mortal uma determinada substância é, porém, a toxicidade global é mais complexa do que isso.

Toxicologistas estão cientes das limitações da DL50 e, por razões técnicas, éticas e legais, medir estes valores em animais é cada vez menos comum. Então aqui vai uma lista de substâncias que são mais venenosas do que os seus valores de DL50 podem indicar.

5. Mercúrio


Os efeitos nocivos do mercúrio são, talvez, mais renomadamente exemplificados pelo Chapeleiro Maluco de Lewis Carroll, que era cronicamente exposto ao mercúrio no exercício de sua profissão. Mas a toxicidade do mercúrio é muito mais complicada que isso, dependendo muito do tipo de mercúrio envolvido. Compostos de mercúrio orgânicos e inorgânicos têm efeitos diferentes e, por conseguinte, também são os seus valores de DL50 (que estão tipicamente entre 1mg e 100 mg/kg).

O mercúrio puro é consideravelmente menos tóxico, como ilustrado dramaticamente com o caso de uma assistente de dentista que tentou o suicídio injetando o elemento líquido em suas veias. Dez meses depois, ela estava efetivamente livre de sintomas, apesar de ter mercúrio espalhado pelos seus pulmões.

4. Polônio-210


O radioisótopo usado para matar Alexander Litvinenko é extremamente tóxico mesmo em quantidades inferiores a um bilionésimo de um grama. A DL50 de este composto não é uma propriedade da sua composição química. Enquanto outros metais tóxicos, como o mercúrio e o arsênico, matam através da interação do metal com o corpo, o polônio mata emitindo radiação que destrói biomoléculas sensíveis, tais como DNA, e mata as células. Sua meia-vida – o tempo necessário para desintegrar metade do material ingerido – é de cerca de um mês, levando a uma morte lenta por envenenamento por radiação.

3. Arsênico


O arsênico elementar tem uma DL50 de cerca de 13 mg/kg – ordens de magnitude maior do que algumas das substâncias desta lista. Apesar disso, a Agência de Substâncias Tóxicas e Registro de Doenças lhe confere o topo do ranking em sua lista prioritária de substâncias perigosas.

Isso destaca uma questão fundamental: o quão comum uma substância é e quão alta a probabilidade de você ser exposto a ela. Desconsiderando ex-espiões, suas chances de ser exposto ao polônio ou à toxina botulínica em quantidades letais são desprezíveis. Porém, a exposição crônica a metais tóxicos é um problema real para muitas pessoas ao redor do mundo, e uma simples medida de letalidade aguda como a DL50 simplesmente não pode capturar isso.

2. Toxinas de cobra


A maioria dos venenos de serpentes são uma mistura de muitas proteínas com uma DL50 frequentemente abaixo de 1 mg/kg. Uma complicação importante aqui, no entanto, é a velocidade de atividade. Enquanto alguns venenos de serpentes podem ser altamente potentes, outros, menos potentes, podem matar mais rápido. Esta é uma informação vital. Um veneno potente, mas de ação lenta, pode dar tempo suficiente para que haja uma intervenção médica, enquanto um veneno de ação rápida, mas com uma DL50 menor, poderia matá-lo antes que você possa conseguir ajuda.

1. Toxinas botulínicas


Mesmo que algumas delas sejam utilizadas na indústria de cosméticos (incluindo no botox), a família de neurotoxinas botulínicas inclui as substâncias mais tóxicas conhecidas pelo homem. Os valores de DL50 apurados para estas sete proteínas são cerca de 5 ng/kg (ng significa nanograma, que é um bilionésimo de um grama).
Quantidades não letais injetadas em camundongos podem paralisar o membro afetado durante um mês. A seletividade excelente destas toxinas para certos tipos de células do corpo humano é notável, mas também significa que muitas espécies (incluindo todos os invertebrados) simplesmente não são afetados. [Phys.com]

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Por que esta é a mais terrível epidemia de ebola de todos os tempos

Uma criança de dois anos tem, no dia 2 de dezembro, sintomas de vômito e febre. Em seguida, falece no dia 6. Sua mãe falece poucos dias depois, no dia 11, seguida pela irmã da criança, de três anos, no dia 29. A avó falece em 1° de janeiro. A enfermeira e a parteira que cuidou delas adoecem mais tarde, naquele mesmo mês. A parteira consegue chegar a um hospital em Gueckedougou antes de falecer, mas no processo infecta o parente que a levou até lá.

O doutor que a atendeu e outros pacientes em Gueckedougou sucumbem à doença e são transferidos para outro hospital na cidade de Macenta. Depois dele falecer, seu funeral foi feito na cidade de Kissidougou. No curso desta jornada, antes e depois de falecer, ele deu início a surtos em Macenta e Kissidougou.

Em 10 de março, os centros de saúde pública de Macenta e Gueckedougou alertam o Ministro da Saúde da Guiné sobre a doença fatal, cujos sintomas eram diarreia, vômito e febre. Dois dias mais tarde, o grupo Médicos sem Fronteiras estava no caso. Amostras de sangue foram coletadas e enviadas ao Instituto Pasteur, em Lyon, onde a presença da variante Zaire do vírus do ebola foi descoberta.

Em 23 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um alerta sobre o surto.

Tudo que foi escrito acima parece um roteiro de um filme de terror, mas é a realidade. Isso tudo está acontecendo agora, na África Ocidental. As últimas notícias dão contam que o médico que estava à frente da equipe que enfrentava o surto em Serra Leoa, Dr. Sheik Umar Khan, havia contraído o vírus. Além disso, a doença já matou 206 dos 442 infectados em Serra Leoa, 310 dos 410 casos na Guiné, e 116 dos 196 casos na Libéria. Já é a pior epidemia de ebola registrada.

Mas o que é o ebola?

O ebola é um vírus, o que significa que ele não tem meios próprios de se reproduzir, e sim precisa infectar uma célula para isso. O ebola tem cinco variantes, nenhuma delas agradável. Do menos ao mais letal, são os seguintes tipos:

5. Reston – o único que foi descoberto primeiro fora da África, vitimou macacos de um laboratório em Washington DC (EUA). Mais tarde, descobriu-se que ele se originou nas Filipinas, e ocorre em porcos. Não há registros de que um humano tenha adoecido depois de ter contato com este vírus.

4. Floresta Tai – ataca os chipanzés no parque nacional Tai, onde uma das tribos de chipanzés foi reduzida de 80 a 32 indivíduos. Passa de macaco para macaco, mas um pesquisador foi infectado e se tornou o único caso desta doença em humanos, embora tenha se recuperado.

3. Bundibugyo – surgiu na Uganda em 2007 e até hoje matou 66 pessoas, desde sua descoberta. Sua taxa de mortalidade é de 25%, mas, em um surto recente, de 2012, apresentou 51% de taxa de mortalidade.
Enormes fotos de minúsculas coisas que nos deixam doente

2. Sudão – foi encontrado no Sudão em 1976, mas passou para Uganda também, e tem uma taxa de mortalidade de 53%. O último caso relatado foi em 2011.

1. Zaire – variante mais letal do vírus, sua taxa de mortalidade era de 88% quando foi descoberto em 1976, e é o responsável pelo atual surto de ebola na África Ocidental.

Como o vírus mata?

Ele se aproveita de um mecanismo do nosso sistema imunológico. Normalmente, os capilares sanguíneos são “impermeáveis”, mas quando recebem sinais de infecção, se tornam permeáveis para permitir o tráfego de células do sistema imunológico para o tecido em volta.

O vírus do ebola infecta células do sistema imunológico, obrigando-as a liberar as mensagens químicas que tornam os capilares permeáveis. O vírus então pode escapar do sistema sanguíneo e atacar outras células. Só que os capilares continuam permeáveis, e começam a perder sangue. Onde o sangue se acumula, formam-se coágulos. Onde o sangue deixa de chegar, os tecidos começam a morrer.

O sangue começa a vazar para os intestinos e pulmões, causando diarreia, vômitos e tosse. Em alguns casos, os pacientes sangram até pelos olhos. Este sangue e fluidos estão cheio de vírus, e qualquer pessoa que entre em contato com eles pode ser infectado.

De onde vem este vírus?

Normalmente, os vírus estão adaptados a seus hospedeiros, e não os matam. Não é um bom negócio para o vírus matar seu hospedeiro. Como ele é tão letal a seres humanos quanto a macacos, isto indica que não são estes seus hospedeiros naturais, mas sim um morcego.
Atualmente, acredita-se que morcegos frugívoros sejam os hospedeiros principais do ebola, passando-o a outros animais, como antílopes, veados e porcos-espinho, que por sua vez o passam para os humanos. Ou seja, caso uma pessoa entre em contato com a carcaça de um animal que morreu deste vírus, é infectado.

A infecção de humano para humano ocorre através de fluidos, o que significa que você não vai morrer se tocar em alguém saudável, só em alguém que esteja vomitando sangue, suando sangue, com diarreia de sangue, ou tudo isso junto. A transmissão pode ocorrer também pelas roupas de cama que os doentes tocarem, móveis, utensílios, etc.

O que está sendo feito para conter este surto?

Várias organizações estão mobilizadas para conter este surto, incluindo o Ministério da Saúde da Guiné, os Médicos Sem Fronteiras, a Cruz Vermelha, o Crescente Vermelho (versão muçulmana da Cruz Vermelha) e a OMS. As estratégias de combate se baseiam em:

a) esclarecer as pessoas sobre o ebola, ensinando-as se proteger e a suas famílias;

b) encorajar as pessoas a relatar novos casos; quanto mais cedo o paciente recebe tratamento, melhores suas chances de sobreviver e menos eles espalham o vírus;

c) quarentenas para pacientes infectados e uso de equipamentos de proteção, como luvas e máscaras;

d) o hábito de lavar as mãos; o estabelecimento de laboratórios móveis para identificar rapidamente novos casos, liberando pacientes de outras doenças sem expô-los ao vírus;

e) fornecer tratamento onde for possível, que consiste atualmente em reidratação do paciente;

f) o banimento do consumo de morcegos e de caça;

g) assistência aos enterros, já que o contato com os fluidos corporais passa a doença adiante;

h) banimento de funerais, já que estes eventos proporcionam propagações em massa da doença.

Infelizmente, o último ponto é o que mais tem causado problemas, já que é difícil acabar com velhos costumes, e o banimento de um que é tão caro para as famílias, os funerais dignos, tem causado revolta entre as comunidades.

Por causa disso, até mesmo as equipes médicas têm sido atacadas. Pacientes que estavam em quarentena foram “libertados” por rebeldes, “afinal de contas, tudo não passa de uma conspiração do governo para matar as pessoas”, fazê-las desaparecer e só ressurgirem depois mortas, e serem enterradas sem que seus parentes possam confirmar que elas morreram.

Além disso, entre os que acreditam no ebola, há os que acham que se trata de bruxaria e que os sobreviventes são zumbis, com casos de pacientes sendo rejeitados e expulsos de suas comunidades.

Ainda há os que simplesmente desistem, acham que se trata de uma sentença de morte (em mais de 90% dos casos é), e preferem passar seus últimos momentos com suas famílias – o que não é bom para a família.

Em quê isto me afeta?

Bom, além do aspecto do sofrimento humano, existe a possibilidade de um surto mundial de ebola – uma pandemia. Quanto maior o surto local, maiores as chances de pandemia.

Até agora, não apareceu nenhum caso fora da África e, se acontecer, ele pode ser rapidamente contido, desde que os grupos antivacinação não se tornem também grupos de negadores do ebola. Esperamos que isso nunca aconteça, já que até agora não foi possível ensinar a todo mundo sequer a importância de lavar as mãos.

Além disso, no caso de uma epidemia de ebola, não vão faltar os paranoicos para dizer que se trata de uma trama de [insira qualquer tipo de organização, instituição ou grupo aqui] para dizimar a humanidade, ou do governo [de qualquer lugar] para se livrar de gente incômoda e coisas do tipo.
Pode parecer – e é – besteira, mas as pessoas vão fazer de tudo para evitar que alguém do governo, vestido de jaleco branco e acompanhado do Exército, venha para levá-los a uma quarentena da qual só uma pessoa em 10 retorna e as outras desaparecem sem deixar traço.

Se você quer ajudar de alguma maneira, faça doações para o Médicos Sem Fronteiras, ou para a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho e incentive outros a fazer também. Parte das dificuldades para conter este surto devem-se às condições precárias de infraestrutura, materiais e pessoal.

Fonte: Hypescience.